Trabalho e Formacao

Dona da Bolos da vovó investe em inovação

Ela é fã de inovação e aposta em novidades e melhorias constantes para fazer o negócio avançar

Ana Paula Lisboa
postado em 18/02/2019 14:00
Quando você pensa numa loja de bolos, quais são as primeiras palavras que passam pela sua cabeça? Seria improvável que inovação estivesse entre elas. Apesar de não ser um palpite óbvio, é esse conceito que rege o funcionamento e a expansão da empresa Bolos da Vovó, que surgiu em Brasília em 2010 e, hoje, além da sede, na 310 Sul, conta com oito franquias espalhadas por Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Graduada em economia e em direito, Marisperc Sousa Lima, 56 anos, é a mente por trás desse império de bolos caseiros. O nome, ela explica, é de origem hebraica e significa esperança. Talvez por esperar realmente que tudo desse certo é que ela persistiu inovando e batalhando pelo negócio, mesmo quando outras pessoas desacreditam do projeto.
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;Sem luta, você não verá seu sonho realizado;, defende. ;Foi bastante difícil no início, pois é bem diferente fazer aquele bolo gostoso na sua casa e conseguir reproduzir isso em larga escala. Num primeiro momento, se você não tiver persistência, você desiste;, alerta. ;São muitos erros até chegar à perfeição. Teve gente que falava que eu não ia dar conta. Mas sou guerreira, vou atrás até conseguir. Essas mesmas pessoas, hoje, me elogiam pelo fato de eu não ter me deixado abater;, comemora. Uma das partes preferidas do trabalho é receber a clientela. ;Um dos objetivos era criar um ambiente de aconchego, em que as pessoas viessem e se sentissem na casa da vovó mesmo;, explica.


Aperfeiçoamento


Para além da hospitalidade, é possível perceber os efeitos da inovação na empresa desde os sabores de bolo (hoje, há mais de 70, e o número cresce constantemente), passando pela gestão (premiando funcionários que dão ideias, por exemplo), chegando até o formato da loja (que, de um simples balcão, tornou-se um café). O gosto por novidades fez com que Maris sempre estivesse aberta a sugestões e pedidos do público. ;Às vezes, a pessoa traz um ingrediente que quer no bolo, ou até a receita;, esclarece. Essa disposição fez com que vários sabores entrassem no cardápio. O pudim de pão, que está no menu da loja, surgiu assim. ;Um médico trouxe o modo de preparo da mãe dele, que havia falecido. E ele não achava quem fizesse igual. Eu fui fazendo até chegar ao ponto certo;, lembra.
Várias pessoas segurando bolos atrás de um balcão

Isso também propiciou que a loja se tornasse inclusiva, pois é possível encomendar bolos para restrições alimentares, como sem leite, sem açúcar, vegano etc. ;A gente atende a necessidade do cliente.; Essa abertura também se estende aos funcionários. ;A gente dá bônus para quem inova, traz ideia ou cria algum produto.; Se Maris já gostava de trazer novidades ao negócio, esse traço só se fortaleceu quando recebeu uma consultoria do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) na área por meio do programa Agentes Locais de Inovação (ALI), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). ;A agente que atendeu nossa loja foi a Alessandra Farias, que continua conosco, como consultora, mesmo após o fim do ALI. Então, passamos a nos mover ao redor de inovação o tempo todo;, conta.
Ela é fã de inovação e aposta em novidades e melhorias constantes para fazer o negócio avançar

Com ajustes e melhorias constantes, Maris recebeu diversos prêmios, inclusive o MPE Brasil e o Mulher de Negócios, do Sebrae. Para março, a empreendedora já têm novos planos, de passar a oferecer saladas, grelhados, sanduíche cubano e bolo de queijo japonês no cardápio da loja, no projeto Ama Café. Todas as revoluções chegam também às franquias, que são formatadas e supervisionadas de modo competente. Maris visita cada uma duas vezes por semestre (uma com agendamento, outra de surpresa) e ; o mais interessante ; envia clientes ocultos. ;São pessoas contratadas para ir à loja, comer e, depois, me passar um relatório completo de como estava a unidade;, explica. Com essa tática, ela consegue garantir a qualidade mesmo a distância. Atualmente, cada loja produz pelo menos 150 bolos por dia. Na 310 Sul, são cerca de 250 diariamente, gerando um faturamento bruto entre R$ 70 mil e R$ 80 mil por mês. Depois do investimento inicial (de cerca de R$ 120 mil, para ter tudo pronto para começar), cada franqueado paga uma taxa mensal de R$ 1.000 para uso da marca Bolos da Vovó.


O início


A oitava de 11 irmãos, Maris cresceu numa casa onde a cozinha era movimentada. ;Meu pai era da área política, chegou a ser prefeito da cidade. Minha mãe era do lar e fazia bolos, pastéis, doces, pudim e todos os filhos ajudavam e aprendiam com ela;, lembra. ;Meus pais também tinham um perfil muito empreendedor. Até o nascimento do terceiro filho, viviam num barco vendendo mercadorias no Rio Balsas, no Maranhão. Depois disso, venderam de tudo o que você pensar.; Maris se mudou para a capital federal em 1978 a fim de estudar. ;Na minha cidade, Araguaína, que antes era Goiás e hoje é Tocantins, não tinha todas as séries. Então, vim para Brasília morar na casa de uma tia;, conta. Durante o ensino médio, fez estágio no Ministério dos Transportes.
Ela é fã de inovação e aposta em novidades e melhorias constantes para fazer o negócio avançar

Aos 18 anos, passou num concurso público como auxiliar administrativa, para atuar num órgão federal extinto, na época responsável por certames públicos. Maris começou a faculdade de economia em Brasília, mas terminou em Goiânia, cidade onde se casou, teve os dois filhos e estudou direito. Ela se tornou assessora jurídica na Procuradoria-geral da República (PGR), cargo público pelo qual atuou em Recife e em Brasília, e nem imaginava algum dia trabalhar com culinária. ;Apesar de eu ter ajudado minha mãe quando criança e ter feito vários cursos de cozinha quando eu me casei, nunca gostei de cozinhar;, diz. No entanto, parece que o histórico familiar falou mais alto. ;Os meus pais se conheceram numa banca de bolos;, conta.

Quando os dois filhos de Maris, Anderson Aldemir de Sousa Lima Sá, 34 anos, e Liliane de Sousa Lima Sá, 33, demonstraram o interesse de abrir um negócio com ela, na virada entre 2009 e 2010, acabaram retomando a tradição de bolos da mãe de Maris, hoje com 86 anos. ;Ela é a vovó do Bolos da Vovó e tem 25 netos e 12 bisnetos;, diz a empreendedora, que também já é vovó. Apesar de a cozinha não ser a área preferida de Maris, ela apostou na ideia da empresa, pois sabia da qualidade das receitas da família. ;Notamos que, no comércio, em geral, tinha muita torta confeitada, mas não tinha bolinho caseiro, aquele simples, que remete a vovó e às lembranças da infância;, comenta. ;Acreditamos tanto que começamos logo com duas lojas: uma na 415 Sul e uma no Sudoeste, depois de um ano de planejamento;, relata.
Ela é fã de inovação e aposta em novidades e melhorias constantes para fazer o negócio avançar

Cada filho tocava uma unidade, enquanto Maris era responsável por criar as receitas, treinar as pessoas e cuidar da produção. ;Na procuradoria, eu trabalhava seis horas por dia. No resto do tempo, eu me dedicava à empresa;, afirma. Essa rotina durou até 2015, quando ela se aposentou da PGR. Um pouco antes disso, a filha de Maris foi viver na Austrália. ;Foi quando ficou difícil manter a loja do Sudoeste. Nessa época, estávamos com três unidades: essa, a da 415 Sul e uma na 311 Sul. Quando abriu um ponto bem bacana na 310 Sul, que me permitiria transformar o local em um café, resolver unificar nesse lugar;, explica. ;Eu preferia ter qualidade a quantidade;, completa. Afinal, Maris já tem muita responsabilidade dando suporte e monitorando as franquias.



Saiba mais
Sede: 310 Sul
Franquias no DF: Águas Claras (Av. Castanheiras, Quadra 101, Lote 350, Edifico Laguna Mall, Loja 17) e Gama (Quadra 25, Loja 3, Setor Oeste)

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