Thays Martins
postado em 24/02/2019 14:50
Como se tornar relevante na sua carreira
Descubra os atributos e as atitudes essenciais para ser considerado um profissional de destaque na área em que você atua a partir de dicas de especialistas e de lições de vida de funcionários de sucesso
Quem não almeja sair da zona da mediocridade e se tornar uma pessoa reconhecida no mercado de trabalho? Independentemente da área de atuação, colaboradores considerados relevantes costumam ser esforçados, responsáveis, curiosos, proativos, competentes e fãs do que fazem. ;Sempre são avaliados os perfis técnico e comportamental. O primeiro se refere à formação. O segundo é o jeito de ser;, analisa Deise Gomes, especialista em carreiras e gerente executiva da Thomas Case & Associados. As habilidades socioemocionais, cada vez mais valorizadas, são definidas pela personalidade, mas também podem ser adquiridas.
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Essas competências nada mais são do que a forma como as pessoas lidam com as relações sociais e emocionais. ;Nós não sabemos como será o futuro do trabalho. O que se sabe é que os profissionais que terão relevância serão os que desenvolverem as soft skills, que são exclusivas do ser humano;, explica Ilana Berenholc, especialista em presença executiva e liderança e estrategista em personal branding.
;Cada pessoa é responsável pela gestão da própria carreira e da própria marca pessoal. Se você não cuidar disso, ninguém vai fazê-lo por você. Relevância tem a ver com valor;, completa. De acordo com Todd Kashdan, professor de psicologia na Universidade George Mason, várias competências podem fazer alguém se destacar.
;Existem diversas qualidades para ser um profissional de alto calibre. Ser gentil e generoso e possuir uma ética de trabalho forte é essencial, isso inclui ser responsável, confiável e perseverante em tarefas difíceis. O que é frequentemente ignorado é o valor de ser capaz de lidar com ambientes voláteis, incertos, complexos e ambíguos;, destaca.
Para ser destaque
Se você leu as habilidades acima e não se identificou, não entre em pânico! O primeiro passo para melhorar é identificar o que precisa de mudança. Ilana Berenholc alerta que o profissional precisa olhar para si e fazer uma análise mais profunda. ;É necessário fazer uma investigação do seu real valor. Quais são seus pontos fracos e fortes? A partir disso, o próximo passo é buscar se aprimorar;, orienta a especialista em carreiras. Depois disso, é hora de expor seu talento ao mundo.
;Uma boa estratégia é informar suas aptidões nas redes sociais. Faça uma boa biografia no Linkedin, compartilhe e gere conteúdos. Na internet, seja interessado, mas também seja interessante, busque meios de despertar a atenção dos outros para você de um jeito positivo;, comenta.
;É preciso ser coerente em todas as suas ações. Muitas vezes, as pessoas são uma coisa nas redes sociais e, presencialmente, são totalmente diferentes. Isso fere a credibilidade;, diz. O pior erro que impede a pessoa de se tornar um funcionário de destaque é se contentar com o status atual e não buscar aprimoramento.
;O mundo está mudando muito rápido. Então, não adianta olhar para isso agora e só voltar a pensar daqui a 10 anos. É preciso rever suas atitudes e sua imagem de tempos em tempos;, alerta. ;A primeira ação para se destacar e galgar cargos mais altos é se mostrar disponível. As empresas estão tendo que fazer mais com menos. Se você ficar só dentro do seu escopo, não será visto;, ensina Deise Gomes.
Além disso, ela ressalta a necessidade de sempre tentar melhorar. ;Ninguém nasce pronto. É preciso olhar o seu perfil e se desenvolver sempre;, diz. De acordo com Deise, as empresas estão atrás é de trabalhadores criativos. ;São profissionais que precisam estar atentos às novidades do mercado e ao que podem trazer de inovação;, ensina.
Eles chegaram lá
Conheça profissionais considerados de sucesso em suas respectivas áreas de atuação
Trajetória de sucesso
Quando saiu de Fortaleza com destino a Valparaíso (GO), Claudio Roberto Nogueira de Souza Filho, 43 anos, tinha como objetivo investir na carreira profissional. Por isso, resolveu cursar estatística na Universidade de Brasília (UnB). ;Eu gostava de exatas e precisava passar em uma universidade pública porque não teria condições de fazer uma particular;, lembra. Mesmo assim, ele ainda teria de trabalhar para arcar com as próprias despesas. Foi assim, que foi parar no cargo de digitador da Bancorbrás. De lá para cá, são 22 anos de história, em que ele ocupou diversos cargos dentro da empresa, o mais recente deles foi o de diretor geral de negócios e marketing. Para chegar lá, o caminho foi longo e árduo, mas algumas características de Claudio o ajudaram.
;Sempre trabalhei para fazer o melhor e eu me cobrei mais do que era cobrado. Tudo é aprendizado;, afirma. Entre as atitudes que ele cita como responsáveis pelo sucesso estão ser proativo e nunca se acomodar. ;Tive que me adaptar muitas vezes porque recebi muitos desafios. Mas nunca criei expectativas, só me preparei para o que me era demandado;, explica. Até mesmo por isso, com nove anos de empresa, ele resolveu buscar novas oportunidades numa multinacional, onde passou nove meses, até receber uma proposta para retornar à Bancorbrás e ocupar um cargo de gerência. Simpático, ele dá a dica para o sucesso. ;Tem que fazer aquilo que te desafia, te motiva e te deixa à vontade. É preciso manter a qualidade de vida e do relacionamento com os familiares. Sempre respeite o próximo e, se for preciso dar um passo atrás, dê.;
Diante da dor, esperança
Com a tragédia de Brumadinho (MG), um personagem ganhou destaque nos holofotes. O motivo: o profissionalismo diante de uma situação tão delicada. O nome dele é Pedro Aihara. O bombeiro de 26 anos é responsável por fazer a comunicação com a imprensa durante as operações de busca na cidade mineira atingida pela lama. Humilde e simpático, ele atribui os elogios ao bom trabalho da equipe. ;Acho que o que chama a atenção é o esforço dos militares que estão lá. Sempre tento fazer a comunicação desse trabalho da maneira mais respeitosa e solidária possível em relação aos familiares das vítimas;, afirma. Colocar-se no lugar do outro, Pedro afirma, é essencial para se fazer um bom serviço. ;Acho que não estou fazendo nada espetacular, só o meu trabalho da melhor forma possível. É preciso ter uma postura empática e pensar no que eu gostaria de receber se eu estivesse ali como cidadão;, explica.
;Ser bombeiro é uma profissão muito gratificante porque você consegue ter a noção exata da diferença que você faz. Não tem dinheiro que pague isso;, conta ele, que está na profissão desde os 18 anos. Para ser um bom profissional, o graduado em ciências militares com ênfase em gestão e prevenção de catástrofes garante que é imprescindível continuar estudando, por isso está fazendo mestrado em direito e já planeja outro em desastres naturais. Além disso, para Pedro, existem pontos importantes que devem ser desenvolvidos. ;É essencial ter noção da responsabilidade: dependendo de nossas ações, podemos aumentar o sofrimento de alguém. Cumpro com o meu dever. Acho que isso é uma obrigação de todo mundo, principalmente, quando se é servidor público;, diz. ;Para mim, não tem essa de bater ponto às 17h, de não levar serviço para casa. Como tem muita gente que depende da minha atuação, tenho que me esforçar ao máximo, então vou ficar além do meu horário. Fiquei 20 dias diretos em Brumadinho e, se precisasse, ficaria 30. Não tem nada melhor do que a sensação de dever cumprido;, ressalta.
O olhar para o outro
Há 19 anos trabalhando na área de oncologia, a enfermeira Sabrina Capita, 42 anos, relata que os desafios não são poucos. ;Mas eu sou muito boa de relacionamentos e tenho feito um trabalho bacana que os tem deixado bem satisfeitos;, afirma. Há três anos, ela é supervisora da Aliança Instituto de Oncologia e ressalta que o jeito dela a ajudou a trilhar o caminho numa área não tão bem-vista na saúde: os cuidados paliativos para pacientes terminais. ;É preciso respeitar o ser humano. Tem que ter feeling para saber como abordá-lo. Como lidar com um paciente que tem câncer? Tem que ter manejo, empatia, sem mentiras;, afirma.
O começo do trabalho com pacientes terminais foi ainda durante os tempos de faculdade. ;A oncologia me escolheu. Eu trabalhava como técnica em um hospital e eu via o olhar frio do cirurgião falando que com fulano não se tinha mais o que fazer. E eu via a pessoa como ser humano. Então, decidi que queria aquilo. Tentar minimizar o sofrimento do fim da vida. Fazer o que ninguém quer fazer. Não é só mais um, é mais uma história;, lembra a especialista em oncologia pelo Centro Universitário Euroamericano (Unieuro). ;Os casos de sucesso fazem você permanecer. Isso me levanta;, completa. Hoje, além de atender na Aliança Instituto de Oncologia, ela também é enfermeira no Hospital de Base e palestrante. ;Eu me considero de sucesso. Sou muito feliz e faço tudo por amor;, diz.
Cuidado de mãe
A dedicação de Simone Galiza, 44 anos, fez com que ela se destacasse dentro da Geap Saúde. ;Sempre procuro desenvolver minhas atividades com muita dedicação. Ser participativa sempre. Querer que o resultado seja de excelência. A empresa precisa de um profissional que se empenhe;, diz. Simone foi mãe muito jovem e não mediu esforços para ser uma boa profissional. ;Sou um pouco maternal. Quero cuidar de todo mundo;, afirma a assistente administrativa. Para se manter atualizada, para ela é imprescindível continuar estudando; por isso, está cursando uma faculdade de marketing. ;Sonhos são tantos. Você sempre tem que aprender mais;, afirma.
Para consolidar-se na carreira, Simone conta que sempre esteve disposta a enfrentar os desafios e abraçar as oportunidades que aparecerem. ;Sempre trabalhei na área administrativa e financeira. Tive a chance de conhecer muitas pessoas que foram me indicando;, lembra. ;A minha experiência conta muito, isso vai abrindo portas;, completa a paraibana de Uiraúna, que mora em Brasília desde 1985, quando veio acompanhar o marido transferido para a capital. Hoje, ela garante se sentir realizada no trabalho. ;Em tudo que faço, eu primo pela qualidade. Isso desde a época da escola. Sempre coloco todas as minhas energias nas atividades;, afirma.
A sala de aula como refúgio
Há mais de 30 anos lecionando no Colégio Sigma, Eli Guimarães, 55 anos, é destaque entre alunos e professores. Hoje, além das aulas de redação, ele ocupa o cargo de supervisão pedagógica. Nas palavras do companheiro de equipe, o professor Josino Neri, de língua portuguesa, Eli tem como principais características ;o conhecimento profundo sobre o que tem de ministrar, a atualização constante, a capacidade de trabalhar em grupo e, em cargo de gestão, saber ouvir e saber delegar ao outro uma missão compatível com sua competência;.
Eli garante que o destaque foi reconhecimento de uma trajetória em que sempre se empenhou para dar o seu melhor. Afinal, começou na escola quando estava se formando em letras na UnB. ;Eu não tinha claro o que eu queria, mas sabia o que não queria. Entrei no curso e fui ver no que ia dar. O lecionar acabou me pegando;, recorda. Já no Sigma, ele recebeu um convite para assumir as aulas de redação. ;A maioria não quer dar aula de redação por causa do trabalho, é o que mais sofre em termos de levar serviço para casa. Mas se eu não tivesse falado ;eu pego essas aulas;, não estaria aqui;, explica.
Essa disposição para trabalhar e a consciência do que era necessário ser feito são um diferencial. ;Sempre que surgia uma oportunidade, eu abraçava. Por isso, fiz vários cursos: a formação continuada é importante;, percebe. A modéstia é outra característica dele. ;Mas é uma humildade ativa, não de baixar a cabeça, mas no sentido de ver o que tenho a aprender. É importante reconhecer as suas fortalezas e suas fragilidades. Meu objetivo é que o aluno aprenda, então tenho de buscar diferentes técnicas de estudo para que atinja a todos da melhor forma;, conta. ;O trabalho de professor sangra para casa, precisamos nos organizar. Muito raramente eu deixo de atender alguma demanda, mas a minha serenidade ajuda;, garante. Hoje, com quatro turmas de 3; ano, ele se sente realizado. ;Sala de aula é o lugar onde eu me sinto mais confortável;, afirma.
No meio digital
Finalista no Prêmio Digitalks, que reconhece profissionais de destaque no mercado digital, Natalia Tukoff, 39 anos, é gerente-geral de e-commerce no PagSeguro há dois anos. Para se destacar, a graduada em marketing atribui à curiosidade um papel importante. ;Sou curiosa e tenho fascínio pela velocidade de como as coisas se alteram com as novas tecnologias e o mundo digital;, diz. ;Gosto de acompanhar como a ciência e as inovações vão alterando nosso cotidiano, a forma de relacionamento entre as pessoas, o consumo, a absorção de conhecimento, das tarefas mais simples às mais complexas;, explica.
Para além de adorar o próprio campo de atuação, Natalia vê o caráter como algo essencial, que se reflete no trabalho. ;Eu acho que todo profissional que executa com dedicação sua tarefa é relevante. Não importa o cargo, a hierarquia na cadeia. Mais importante do que ser um profissional relevante é ser um ser humano relevante;, decreta. ;É fundamental fazer diferença na vida das pessoas do seu convívio, lutar pelo que acredita, mas não a qualquer custo, até porque, ao longo do tempo, vamos descobrindo que nossas verdades muitas vezes são desmistificadas. E, quanto mais estivermos abertos a ouvir, refletir e aprender, mais valiosa e relevante se torna nossa existência;, diz.
Chef não só na cozinha
Renê Orleans, 40 anos, chef de cozinha do restaurante Beer Club, é categórico em afirmar o porquê de ser considerado um bom profissional: ;Amo o que faço.; Foi por causa dessa paixão que ele resolveu cursar gastronomia. ;Cresci em uma família rígida, de militares, em que homem não podia ir à cozinha, mas sempre fui curioso e descobri meu amor pela gastronomia;, lembra. Natural de Teresina (PI) e morando em Brasília há nove anos, Renê passou por alguns restaurantes até chegar ao emprego atual. ;Passei quase oito meses parado por problemas de saúde. Vim fazer uma entrevista no Beer Club sem pretensão. Competi com muita gente, mas os chefes perceberam o amor que tenho pela cozinha;, conta.
Para ser um bom funcionário, o chef de cozinha garante que sempre está estudando. ;Eu acho que nasci para isso. Não sei como as pessoas veem reencarnação, mas eu acho que eu já fui em outras vidas alguém que viveu nesse mundo da cozinha;, afirma. ;Pretendo encerrar minha caminhada nesta vida na gastronomia. Sempre estou estudando para ser bom no que eu faço. Sem falsa modéstia, a gente sente isso quando tem respostas de dois meios: quem contrata e quem consome. E eu sempre tive uma resposta positiva nos dois;, garante. De acordo com o sócio do Beer Club Eduardo Meira, Renê é exemplar. ;Ele é um funcionário muito equilibrado, tenta ver todos os pontos, sabe se comunicar, assume a liderança na cozinha, é muito bom no que faz. A gente tem muita confiança nele;, conta.
Atributos certeiros
Pesquisa da CareerBuilder, site de emprego dos Estados Unidos, listou 10 características que são levadas em conta por recrutadores na hora de contratar
1. Ética 73%
2. Confiabilidade 73%
3. Atitude positiva 72%
4. Automotivação 66%
5. Orientação para o trabalho em equipe 60%
6. Organização e gerenciamento de prioridades 57%
7. Trabalho sob pressão 57%
8. Comunicação eficaz 56%
9. Flexibilidade e adaptação 51%
10. Confiança na empresa 46%
Manual da relevância
Graduada em publicidade e propaganda pela Universidade de São Paulo (USP), Ilana Berenhol ministra cursos de personal branding com estratégia na gestão da carreira e da imagem profissional para empresas e executivos. Ela lista algumas dicas para quem quer se tornar referência dentro do ambiente de trabalho:
Seja autêntico
Pode soar clichê, mas você somente pode entregar aquilo que realmente é. Sua proposta única de valor está em seu DNA.
Trabalhe a sua reputação e credibilidade
O que as pessoas sabem e pensam sobre você afeta sua influência. Quando um profissional é percebido como sendo alguém com credibilidade e expertise, ele consegue ser mais persuasivo do que alguém que não é visto dessa forma. As pessoas estarão mais abertas a escutar e considerar seu ponto de vista.
Faça seu S.W.O.T pessoal
A sigla SWOT é um acrônimo das palavras, em inglês: strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats (ameaças). Divida uma folha de papel em quatro e escreva nos quadrantes superiores ;Forças e fraquezas; (características internas suas) e nos inferiores, ;Oportunidades e ameaças; (externas a você). Veja de que forma você pode conectar suas forças e oportunidades, usá-las para evitar as ameaças e que áreas pode desenvolver para transformar ou minimizar fraquezas.
Alinhe sua comunicação
Sua comunicação deve estar alinhada com seus objetivos de posicionamento. Isso vale para interações face a face e para sua comunicação nas redes sociais, onde você deve compartilhar e interagir com outros profissionais.
Não deixe que o lado sombra
da sua marca seja um descarrilador da sua carreira
Trabalhe sua inteligência emocional para saber como controlar suas emoções. Conheça seus gatilhos emocionais para poder antecipá-los.
Aproveite a sinergia ntre as marcas
Entenda como sua marca pessoal pode impactar pessoalmente sua marca corporativa e vice-versa.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa