Trabalho e Formacao

Para reitor da escola de negócios de Duke, brasileiro tem perfil de líder

William Boulding valoriza a criatividade e a paixão dos profissionais tupiniquins. Por isso, está interessado em levar alunos daqui para estudar na instituição que representa

Samara Schwingel*
postado em 07/05/2019 14:00
William Boulding, reitor da Fuqua School of Business, escola de negócios da Universidade Duke, veio ao Brasil este mês a trabalho. É a terceira vez que ele desembarca em terras tupiniquins com o objetivo de divulgar a instituição que representa e atrair estudantes brasileiros. Isso porque ele acredita que o nosso país tem jovens que podem se tornar grandes líderes globais. Formado em economia pela Swarthmore College e PhD em ciências gerenciais e economia aplicada pela Wharton School da Universidade da Pensilvânia, Boulding acredita que os brasileiros têm um perfil desejado de liderança, pois têm capacidade de pensar em soluções rápidas e criativas para problemas. O norte-americano alcançou o cargo máximo na Fuqua School of Business há oito anos. Antes disso, foi vice-reitor, reitor associado sênior, reitor associado de MBA, coordenador do corpo docente de marketing, codiretor do Teradata Center for Customer Relationship Management e diretor acadêmico do programa de marketing. Ele publicou pesquisas em revista de marketing, administração e saúde. Durante estadia no Brasil, falou com exclusividade ao Correio. Confira:
O reitor William BouldingQual tipo de liderança é mais eficiente no mercado de trabalho?
Gosto de pensar que é algo diferente do que vimos no passado. Um líder não é mais a pessoa mais importante e inteligente que apenas manda nos outros, um tipo de ditador. Um bom gestor precisa ser capaz de trazer o melhor dos outros para si e agregar valor a eles. Um chefe ideal passa conhecimento e adquire conhecimento com os outros. Há três pontos importantes em um bom coordenador. Primeiro, é necessário, sim, ser esperto e ter um alto QI a fim de ser capaz de lidar com problemas, ou seja, ter capacidades cognitivas para encontrar soluções inteligentes. Segundo, é preciso ter inteligência emocional a fim de entender aqueles que trabalham com você. Com essa habilidade, a equipe pode se dedicar 100% ao trabalho. É importante ter uma combinação das duas inteligências, emocional e intelectual. Liderança é servir aos outros. O sucesso de um chefe depende do sucesso dos trabalhadores. Um time eficaz funciona quando todos são ouvidos e se sentem parte da equipe. Bons líderes entendem que podem aprender com os colegas. Além disso, eles nunca estão acomodados, sempre buscam aprender mais.
Quais são as maiores dificuldades em educar outros para liderarem?
Um grande desafio é lidar com a idade dos estudantes. É mais fácil ensinar os mais novos. Pessoas de 25 a 30 anos têm uma tendência a serem arrogantes, o que torna mais difícil passar conhecimentos a elas. Indivíduos que têm habilidades emocionais e intelectuais são mais predispostos a aprender e, consequentemente, serão melhores gestores.

Como os jovens podem se preparar para serem líderes eficientes?
É preciso ter prática e não ter medo de errar. Geralmente, as pessoas acreditam que um grande chefe não falha nunca, porém essa não é a realidade. O importante é a forma como o chefe encara e reage aos problemas. É necessário também prestar atenção aos próprios valores pessoais. Ou seja, agir de acordo com o próprio discurso. Em um ambiente corporativo, os indivíduos estão em constante observação, tanto subordinados quanto os que estão nos mais altos níveis hierárquicos. Se alguém demonstrar desvios de personalidade ou de discurso, perde credibilidade.
Câmpus da Universidade Duke, nos Estados UnidosNa sua opinião, brasileiros têm perfil para liderar negócios?
Sim! Vocês utilizam duas expressões que eu particularmente gosto bastante: ;Sou brasileiro e não desisto nunca; e ;gambiarra;. Eu não as vejo de forma negativa, pelo contrário. São formas de expressar criatividade e é bom reconhecer isso. Nem sempre temos aquilo que precisamos para solucionar uma questão e acredito que brasileiros têm facilidade para dar um jeito de resolver problemas. Além disso, eu vejo uma paixão em tudo que vocês fazem. É um dos motivos de eu gostar de vir ao Brasil. Quero recrutar estudantes brasileiros para a Duke a fim de trocarem conhecimento com os estudantes de lá e ensiná-los a ter essa criatividade.

Quais habilidades você busca em um aluno?
Nós procuramos uma combinação de competências. É necessário que o estudante seja bem-sucedido nas atividades acadêmicas; tenha inteligência emocional e, talvez, a mais importante de todas, tenha decência. Ou seja, realmente querer o melhor para os outros e encontrar maneiras de apoiar os outros e torná-los bem-sucedidos.

Brasileiros podem tentar entrar na Duke? Como é o processo?
Definitivamente! Um bom ponto de partida é visitar nosso site (www.duke.edu), onde descrevemos nossos programas. As informações podem ajudar os futuros alunos a identificar qual área é a mais adequada aos seus interesses e necessidades. Em seguida, o candidato pode iniciar uma inscrição on-line ou entrar em contato com nossa equipe de admissões para obter mais informações. O processo de admissão exige a realização de um exame ; o GRE ou o GMAT, além do certificado de proficiência em inglês. Envolve também escrever ensaios sobre tópicos que identificamos que se conectam com nossos valores. Uma de nossas perguntas mais populares é escrever ;25 coisas aleatórias; sobre você ; o que pode ser um exercício muito divertido e reflexivo. Também temos um processo de entrevista, que pode ser presencialmente nos Estados Unidos, ou por vídeo.

Saiba mais

A Fuqua School of Business é a escola de negócios da Universidade Duke, localizada em Durham, na Carolina do Norte. Atualmente, é a 10; melhor escola de negócios dos Estados Unidos segundo a US News e a World Report. A Fuqua matricula mais de 1.500 alunos por ano em sete programas de pós-graduação: contabilidade, economia, gestão e organização, marketing, finanças, gerenciamento de operação e estratégia. A universidade se tornou mais conhecida no Brasil após a Copa do Mundo de 2014, pois foi na instituição que o médico e pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis, referência na área de neurociência, desenvolveu o chamado ;exoesqueleto;, equipamento que possibilitou a um jovem paraplégico dar o chute inicial do campeonato.

Entenda!

Ambos são provas de admissão exigidas pela maior parte das escolas de negócios nos EUA e na Europa. O GMAT é interativo e avalia a inteligência mental e a habilidade de tomar decisões sob pressão, durante três horas e 30 minutos. O GRE dura quatro horas e foca capacidade de leitura, resolução de problemas (por meio de conceitos de aritmética, álgebra, geometria e análise de dados) e produção de texto (por meio de duas redações). As inscriçãos custam US$ 250 e devem ser feitas por meio dos sites www.mba.com/exams/gmat e www.ets.org/gre

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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