Eduarda Esposito*
postado em 02/06/2019 14:05
O setor é visto como um dos mais promissores do mercado e emprega não só desenvolvedores, cientistas e engenheiros da computação, mas também músicos, roteiristas, ilustradores, designers, dubladores, tradutores;Também há muitas oportunidades de negócios, e o DF tem se tornado polo de empresas do ramo.
Quando você pensa no mercado de jogos digitais, que tipo de profissionais vêm à sua mente? Cientistas da computação, desenvolvedores e especialistas em tecnologia da informação são só uma parte dos diferentes perfis que compõem o setor, que tem espaço também para ilustradores, designers, músicos, dubladores, tradutores, roteiristas, administradores, gestores de projetos, auxiliares de produção e vários outros tipos de trabalhadores. É o que destaca Jane Blandina da Costa, analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). ;Para construir um jogo, é preciso de profissionais de diferentes áreas. Muitas das equipes, inclusive, atuam a distância, com trabalhadores atuando por projetos, sendo que um profissional pode estar alocado para mais de um projeto em diferentes cidades do Brasil e do mundo;, explica.
;Já existem, no país, algumas faculdades que estão inserindo cursos de desenvolvimento de games.; Para os fissurados em games que planejam fazer disso uma carreira, a boa notícia é que as perspectivas têm sido bastante positivas para a área, que conta com cada vez mais reconhecimento por parte do mercado financeiro e do governo.
Igor Brandão, gestor da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), observa que o setor tem registrado expansão nas exportações. ;A gente teve um aumento de US$ 3 milhões no volume de exportação só no ano passado. Esperamos fechar este ano com o setor tendo lucro em torno de US$ 28 milhões;, afirma. São números expressivos, segundo ele, porque o mercado é novo em exportação, começou apenas em 2013 de forma mais consistente.
Polos de destaque
A Abragames (Associação Brasileira das Empresas Desenvolvedoras de Jogos Digitais), a Apex e o antigo Ministério da Cultura promoveram, no ano passado, o segundo censo para identificar a realidade do setor de jogos no Brasil. Sandro Manfrine, presidente da Abragames, comemora os resultados. ;No primeiro, foram 133 empresas respondentes. No segundo, feito ano passado, foram 276, mais que o dobro;, informa. Um achado importante da pesquisa são os polos nacionais com destaque. ;Brasília, Recife e Porto Alegre têm uma cena fortíssima de games desde a década passada, desenvolvendo para consoles;, cita.
;Algo positivo é que a indústria não está concentrada no eixo Sul-Rio de Janeiro-São Paulo, que é o que ocorre na maior parte do mercado de produção visual;, destaca. Luiz Eduardo Rezende, diretor de Empreendedorismo Cultural da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania (antigo Ministério da Cultura), também ficou positivamente surpreso com essa descoberta. ;Na região Centro-Oeste, houve crescimento de 173% na formalização de empresas voltadas para a área de games. O Norte também tem se destacado nesse ramo, com o maior crescimento, chegando a 350% na evolução de formalização;, cita.
Visibilidade lá fora
Em todo o mundo, as empresas de desenvolvimento de jogos costumam formatar seus produtos para que possam ser aproveitados em outros países. Assim, é comum que games brasileiros sejam feitos em inglês, para facilitar o consumo externo. ;Temos acesso ao público mundial mais fácilmente. Com esse acesso facilitado, não faz sentido criar um título apenas para o Brasil. É natural que o faturamento dos jogos brasileiros não venha do nosso país: ele vem de fora;, explica Sandro. No entanto, ele acredita que o mercado interno poderia valorizar mais os produtos nacionais.
;Os brasileiros precisam dar cada vez mais atenção aos produtos nacionais. Tem o que melhorar e acredito que é um processo, porque visibilidade é uma condição fundamental para vendas;, afirma. Apesar de o governo e empresas estarem começando a investir mais nas produtoras de jogos nacionais, Sandro defende que esse foco seja ainda maior. ;A indústria criativa é um dos melhores investimentos que o país pode ter. Não há robotização, é criativa e mais fácil que a produção de cinema. Vejo isso como de importância para o país como um todo. Se o Brasil fomentar esse tipo de indústria, ele só ganhará mais para a frente;, argumenta.
Luiz Eduardo Rezende, diretor de Empreendedorismo Cultural da Secretaria Especial da Cultura, concorda. E ele observa como a área de jogos ganhou importância para o setor público. ;O entendimento é de que o poder público não precisa atrapalhar, mas, sim, possibilitar o desenvolvimento desse mercado e fomentar parte do trabalho;, afirma. ;A gente entende a economia criativa, incluindo o mercado de jogos, como um vetor excelente de desenvolvimento, por usar matéria-prima infinita: a criatividade;, diz.
Apoio para exportar
A Apex promove produtos e serviços brasileiros no exterior e atrai investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. Foi em 2014 que a agência percebeu a força que esse mercado estava adquirindo no país. ; Criamos uma parceria com a Abragames (Associação Brasileira das Empresas Desenvolvedoras de Jogos Digitais) para apoiar as empresas do ramo;, conta.
;De lá pra cá, saímos de um projeto na casa de 33 beneficiados para 130 empresas em quase cinco anos de projeto funcionando;, aponta. A Apex, em parceria com a Abragames e o antigo Ministério da Cultura, promoveram a segunda versão do censo que tem objetivo de mapear o setor em solo nacional. ;O objetivo é entender dinâmica, perfil do jogo, mercados atingidos, mão de obra, demandas, o que precisa ser preenchido por essas agências que estão desenvolvidas no mercado;, explica. O projeto de exportação da Abragames, o Brasil Games, é promovido em parceria com a Apex.
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Para aderir ao projeto conjunto da Apex e da Abragames, entre em contato elo e-mail apex@apexbrasil.com.br ou pelo telefone (61) 2027-0202.
Ponto fora da curva
A Behold Studios surgiu em 2009. O fundador, Saulo Camarotti, 32 anos, tinha feito uma pesquisa para desenvolver jogos quando ainda estava na graduação em ciência da computação da Universidade de Brasília (UnB). ;A Behold nasceu quando eu me formei, mas a ideia veio antes;, explica. Antes mesmo de se oficializar, em 2008, a firma ganhou dois prêmios: na Campus Party, em São Paulo, na área de jogos indie, e na SBGames no Rio de Janeiro. O primeiro passo para empreender foi comprar um computador novo, foi o investimento inicial. O que deu gás para o projeto se solidificar foi o fato de ter vencido edital da incubadora do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT/UnB) por dois anos, de 2009 a 2011. Desde então a desenvolvedora de jogos só cresceu. Em 10 anos de história, foram desenvolvidos 17 jogos, sendo dois deles os carro-chefes da empresa: Knights of pen and paper, de 2013, que conta com mais de 3 milhões de jogadores pelo mundo e Croma Squad, de 2015, que recebeu apoio do Kickstarter, plataforma que coleta fundos para projetos independentes. Em Knights of pen and paper, o jogador deve controlar os membros do grupo, os jogadores e o mestre do jogo para uma determinada campanha. Pode também definir suas funções, estatísticas, itens e missões para mover a sessão. O jogo está disponível para compra nos sistemas de celular IOS e Android e nas lojas on-line para computador e consoles na Steam, Gog Store, Humble Bundle e Microsoft Store, Nintendo e Playstatiom.
Além do sucesso dos jogos, o negócio acumula 60 prêmios nacionais e internacionais. Resultados bastante impactantes para um time de apenas 10 funcionários. No entanto, a Behold não representa o que acontece com boa parte das empresas do ramo no Brasil. ;Somos um ponto fora da curva, muitas precisam fazer outra atividade além de criar jogos para sobreviver;, percebe Saulo. O primeiro jogo ficou pronto em 2012 e, em 2013, a equipe conseguiu gerar renda suficiente para manter a empresa. Atualmente, a desenvolvedora consegue se sustentar integralmente com games, mas a firma também tem outros recursos para capitalizar dinheiro, como o espaço Indie Warehouse. Os planos de expansão não são para o espaço físico ou para o tamanho da equipe. ;Queremos crescer com parceiros, empresas que possam nos ajudar a divulgar os jogos na Ásia, Europa e outros lugares;, afirma Saulo. Os games já são pensados para o mercado externo.
;Fazemos jogos de âmbito mundial, porque a receita nacional não é suficiente. Por exemplo, o jogo que lançamos há duas semanas, Out of Space, tem versão para 12 línguas;, conta. Isso porque, de acordo com Saulo, os brasileiros ainda estão acostumados com conteúdos de fora. ;O público nacional ainda compra majoritariamente jogos de grandes empresas internacionais, considerados blockbusters;, enfatiza. A desenvolvedora também organiza um Game Jam (GJ), evento no qual cerca de 100 pessoas se reúnem, se dividem em grupos e têm 48 horas para produzir um jogo do zero. Já foram organizados cerca de 15 competições do tipo pela empresa. Os vencedores ganham prêmios variados. ;Alguns tiveram jogos lançados gratuitamente pela gente e outros se empolgaram e abriram as próprias empresas para melhorarem os jogos que começaram aqui;, conta.
Saiba mais
Para entrar em contato ou saber um pouco mais da Behold, acesse:
OUT OF SPACE
Jogo de cooperação multiplayer de estratégia sobre viver numa nave com os seus colegas de quarto. O jogador precisará gerar recursos, cuidar de uma infestação alienígena, atualizar seus aparelhos e construir sua própria casa espacial sustentável. O produto está disponível para compra na Steam para ser jogado no computador.
Coworking especializado
A sede da Behold Studios é um galpão no Lago Norte. O espaço não abriga apenas essa empresa: o local foi aproveitado para que servisse também como coworking. Assim, diversos empreendimentos menores, a maior parte na área de games, funcionam ali. Trabalhadores autônomos também usam o espaço, pagando pelo tempo de utilização.
"Como qualquer outro negócio, é preciso conhecer bem o setor e saber em qual público você focará. Pode ser bom fazer cursos de gestão e finanças" Jane Blandina da Costa, analista do Sebrae Nacional
Palavra de especialista
Potencial empreendedor
Há cada vez mais gente empreendendo com games em Brasília e no Brasil. ;É a área que mais cresce no Brasil e no mundo. Com a era digital e a internet das coisas, o setor de games se torna promissor não só no entretenimento, mas na educação e nas corporações, como estratégia de engajamento de marca, de produtos e de serviços;, aponta Jane Blandina da Costa, especialista em administração e gestão da qualidade pelo Centro Universitário Internacional de Curitiba. ;Ou seja, há diversos nichos que se pode explorar. O mercado de games movimenta mais de US$ 3,9 bilhões só na América Latina por ano, e o Brasil foi em 2014 o quinto maior mercado consumidor no mundo de acordo com Newzoo, empresa de consultoria e pesquisa especializada em games;, afirma.
Luiggi Reffatti, sócio da empresa desenvolvedora de games Fira Soft, criada em 2011, percebeu uma grande mudança no setor com relação à valorização de profissionais e empresas do ramo. ;Havia e ainda há muito preconceito. Muitas vezes, não somos levados a sério pela população e pelos jogadores. Até pouco tempo atrás, nem o governo brasileiro tinha confiança na gente;, recorda. ;Mas isso mudou quando perceberam que nós podemos gerar lucros;, explica. ;O faturamento que os jogos brasileiros tiveram nos últimos quatro anos é surreal. Isso chamou a atenção do Estado e das grandes empresas que começam a nos ver com outros olhos;, comenta.
;Hoje até a esfera pública procura usar jogos em seus planos de marketing de projetos, já que é um atrativo para o público jovem;, enfatiza. ;Essas iniciativas estão ajudando a fomentar a indústria como um todo que, hoje, é responsável relevante pelo faturamento do país;, completa. Apesar dos bons ventos, Jane alerta que empreender requer cuidados. ;Como qualquer outro negócio, é preciso conhecer bem o setor e saber em qual público você focará. Pode ser bom fazer cursos de gestão e finanças;, diz.
;Ser um empreendedor requer muita disciplina. Com o mercado de jogos, não é diferente. Muitos empreendedores desse setor iniciam seus projetos por paixão e investem em capacitação e campeonatos nacionais e internacionais;, aponta. ;Um fator negativo é a carga tributária do ramo, que inibe muito o crescimento. Assim, perdemos muitos profissionais para o mercado externo;, acrescenta. Jane deixa uma dica para quem abriu empresa. ;Para os que já estão empreendendo com jogos digitais, o conselho é procurar programas de incubação e aceleração a fim de receberem orientações adequadas e auxílio na captação de investimentos;, explica.
Da amizade para os negócios
;Éramos um grupo de amigos que se conheceu na UnB e jogava pela internet. Conversávamos muito sobre o que nós mudaríamos em determinado jogo para deixá-lo melhor em nosso ponto de vista. Daí surgiu a chance do negócio;, conta Gabriel Andrade, 24, aluno de administração da UnB, curso que só começou para gerir melhor a empresa. Junto a ele na fundação da desenvolvedora estavam Isaac Lopes, 24, Lucas Caldeira, 24, Vitor Bichara, 24 e Thiago Gulmine, 24. Na época da fundação, todos cursavam Ciências da Computação na UnB, e tinham 20 anos. A hora de tentar colocar a ideia em prática chegou em 2014, quando os amigos participaram de uma Game Jam voltada para o console Game Boy. O evento durou 10 dias e era on-line, promovido por uma plataforma democrática, onde os jogos eram disponibilizados gratuitamente.
Dos mais de 800 inscritos que se dividiram em times, o time de amigos criou um jogo que ficou entre os 100 melhores. Essa foi a base para que os amigos se juntassem para abrir a empresa Mad Pixel, que está atualmente incubada no CDT/UnB desde fevereiro deste ano e pretendem ficar ainda por mais três anos. Em novembro de 2014, os jovens participaram de outra competição para desenvolvimento de games. Dessa vez, foi um evento presencial, com duração de 36 horas. ;Essa era mais difícil, então, eu disse: vamos estudar, focar, analisar e aprender como se faz um jogo direito;, afirma Gabriel.
;Era um pesadelo em que a tela escurecia enquanto o tempo passava, deixando a visão ruim para o jogador. O objetivo era achar baterias para melhorar a visibilidade e chegar até o chefão;, descreve. O grupo ganhou a seletiva e recebeu prêmio em dinheiro de R$ 3 mil, além da chance de entrar em contato com empresas do ramo. ;Foi do Game Jam que a Mad Pixel nasceu;, afirma Gabriel. A empresa se especializou em jogos sob demanda, educacionais e autorais. A Mad Pixel esteve envolvida em 45 projetos, tanto autorais quando de clientes. Trabalham tanto com clientes brasileiros quanto estrangeiros, como a Samsung, no estado da Bahia em um projeto conjunto com a Sara e Sua Turma.
Para ajudar jovens como eles no passado (cheios de ideia, só precisando de um empurrãozinho para pôr em prática), os donos promovem uma Game Jam própria. ;A Mad Jam é mais focada em informação. Enquanto nas outras, os organizadores deixam os participantes se virarem e só os veem de novo no fim do evento, aqui agimos como monitores, ajudamos o pessoal;, conta Lucas Caldeira, 24, formado em ciências da computação. A primeira GJ da empresa foi em 2018 e contou com 37 participantes. A segunda ocorrerá este ano no segundo semestre sem uma data definida.
Saiba mais
Para entrar em contato ou saber um pouco mais da Mad Pixel, acesse: www.madpixel.com.br.
Trajetória reconhecida
Em 2010, quatro amigos cursaram uma disciplina sobre empreendedorismo na UnB e resolveram abrir uma empresa especializada em jogos para celular. Atualmente apenas um sócio-fundador permanece na empresa, Herman Ferreira Militão de Asevedo, 28, formado em ciências da computação pela UnB. No ano seguinte, o projeto se tornava realidade e recebeu o nome de Fira Soft. ;Naquela época, estava tendo o boom da indústria dos smartphones;, lembra Luiggi Reffatti, 30, um dos membros fundadores da empresa. Apesar de o cenário ser promissor, os desafios eram muitos. ;Não foi fácil desenvolver um jogo e vender. Falta de dinheiro e ter que investir do próprio bolso, pouco conhecimento sobre o mercado e como fazer uma plataforma lucrativa. Até mesmo no começo, em que nossa sala de trabalho tinha como teto uma lona e, num dia chuvoso, ela desabou em cima de um funcionário e de sua estação de trabalho;, diz Luiggi. Mesmo com a demanda de games para telefones móbiles sendo alta, clientes de outros ramos começaram a procurar os desenvolvedores.
Então, o objetivo da firma, que ficou incubada no CDT/UnB entre 2011 e 2014, mudou, focando jogos sob demanda, para clientes dos setores público e privado. Segundo Luiggi, o tempo de incubação na Universidade de Brasília foi essencial para a sobrevivência do negócio. ;Contar com uma sala grande e internet de qualidade corroborou para que a Fira durasse o tempo que durou, já que a gente arcava com todos os custos do nosso bolso;, observa. ;Até hoje, fizemos mais de 50 jogos. Muitos não podemos divulgar, já que apenas criamos: o cliente é quem detém o domínio;, conta. Algumas das marcas que encomendaram jogos da Fira Soft são Banco do Brasil, Brasil Kirin e Mauricio de Souza. O trabalho bem-feito foi reconhecido por meio de premiações.
Entre elas estão: melhor jogo na SBGames de 2017 na categoria Serious Game; prêmio de participação na Brasil Game Show de 2014; e 1; lugar na E-Games de 2011, na categoria desenvolvedora de jogos digitais. Os sócios também foram finalistas do Brazil;s Independent Games Festival (BIG), na categoria educacional, em 2018 com o jogo Rango Cards. ;Trata-se de um game desenvolvido em parceria com a Carolina Chagas: é o projeto de doutorado em nutrição na UnB, utilizando o guia alimentar para incentivar uma dieta saudável em forma de jogo.; ;O jogo foi testado com 141 alunos do 1; ano do ensino médio de escolas particulares do DF, e todos entenderam como a alimentação funciona e aprenderam que se deve comer com moderação;, afirma Luiggi. O Rango Cards está disponível gratuitamente nas plataformas IOS e Android.
O ano passado foi muito importante para o crescimento da empresa, por ter sido selecionada por um edital da Ancine (Agência Nacional do Cinema) na área de jogos. ;Conseguimos participar da categoria principal e fomos um dos dois projetos que receberam R$ 1 milhão para desenvolver o produto que inscrevemos;, comemora Luiggi. A empresa se inscreveu no edital com um projeto antigo: o Kriophobia. ;Era um jogo pensado para ser simples, até porque, quando pensamos nele, em 2013, a tecnologia não era tão avançada. Era um projeto que desenvolvíamos no intervalo de tempo que sobrava;, revela. ;Porém quanto mais mexíamos, mais percebíamos que poderíamos melhorar, então tomamos a decisão de tentar a seleção e trabalhar de vez no jogo;, explica Luiggi. A desenvolvedora tem o período de um ano e meio para terminar o produto com o dinheiro recebido da Ancine.
Atualmente, esse é o foco principal da Fira Soft, que entregou, em 2018, todos os outros projetos de clientes para poder se concentrar na proposta premiada pelo edital. ;Não significa que a gente não desenvolva jogos sob demanda. Mas hoje, nossa prioridade é o Kriophobia;, afirma. ;Estamos tentando firmar uma parceria com uma empresa desenvolvedora de software focada em teste de jogos. Queremos ver se o nosso jogo de terror causará as sensações devidas nos momentos que queremos. Poucos jogos no mundo utilizam essa tecnologia;, explica. ;Será algo que nos permitirá verificar os batimentos cardíacos, as expressões faciais e o fluxo sanguíneo do jogador durante o teste.;
Saiba mais
Para entrar em contato ou saber um pouco mais da Fira Soft, acesse: www.firasoft.com.br
Terror na tela
Será um jogo de survival horror brasileiro. O cenário é uma ilha isolada na Sibéria, na Rússia. Ana, a personagem principal, deverá enfrentar perigos, como o frio extremo e criaturas sobrenaturais, para sobreviver. Kriophobia será exclusivo da Sony, uma das maiores empresas no ramo de jogos no mundo, e poderá ser jogado no PlayStation 4 e no computador.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa