Trabalho e Formacao

Quer entrar no Exército?

Há 20 chances para graduados em diversas áreas e outras três para padres católicos e pastores evangélicos. Os salários variam de R$ 7,4 mil a R$ 8,2 mil

postado em 30/06/2019 04:23
O advogado Leonardo tentará o concurso

Para quem tem nível superior e deseja ingressar no Exército, o concurso da Escola de Formação Complementar da força (EsFCEx) é uma ótima opção. O edital oferece 23 vagas, sendo 20 chances para o Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar (para graduados em administração, ciências contábeis, comunicação social, direito, informática, magistério em matemática, magistério em português, enfermagem e veterinária) e três para o Curso de Formação de Capelães Militares (padre católico e pastor evangélico, com graduação em teologia ou filosofia). Uma das exigências para concorrer às vagas de oficiais do quadro complementar é ter até 36 anos. Já para os capelães, exige-se idade entre 30 e 40 anos. Os locais de lotação dos aprovados são Salvador (BA) e Rio de janeiro (RJ).

O período de curso será de 37 semanas para os dois cargos, com rendimento de R$ 1.044 durante esse período. Após a conclusão, os capelães militares serão nomeados segundos-tenentes, passando a receber salário de R$ 7.490; já os oficiais do Quadro Complementar se tornarão primeiros-tenentes, com vencimentos de R$ 8.245. A seleção é constituída por duas etapas. A primeira é o exame intelectual (EI), de caráter eliminatório e classificatório. São 70 questões, sendo 30 itens de conhecimentos gerais (português, história do Brasil e geografia do Brasil) e 40 de conhecimentos específicos. O responsável pelo concurso é o Instituto de Desenvolvimento Institucional Brasileiro (IDIB). A segunda etapa é composta por fases como verificação documental preliminar, prova de títulos, inspeção de saúde, exame de aptidão física (que inclui flexões, abdominais supra e corrida), avaliação psicológica e comprovação dos requisitos para a matrícula.

Priorize o treino
O exame de aptidão física é a pedra no sapato de muitos inscritos. Candidatos de ambos os sexos terão de correr por 12 minutos, sendo um total de 2 mil metros para mulheres e 2.350 metros para homens. As inscritas terão de fazer 10 flexões, e os inscritos, 16. Já no abdominal supra, são 27 para participantes do sexo feminino e 30 para os do sexo masculino. ;Eu considero a preparação para esse teste tão importante quanto a preparação intelectual. É essencial que o candidato chegue numa condição física adequada;, afirma Antônio Márcio dos Santos Valente, graduado em educação física pela Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx). ;Isso, rotineiramente, não ocorre, pois muitas pessoas negligenciam essa preparação, considerando que terão um tempo hábil para treinar após a aprovação no exame intelectual. É um erro que leva a um acentuado número de desligamentos nos testes físicos;, explica.

Outro erro é não ler o que o edital diz sobre o exame de aptidão física. ;Isso evita que você cometa equívocos básicos que podem levar a uma falha na hora da prova e, por consequência, à eliminação;, comenta o mestre em ciência do exercício e do esporte pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A dica é fazer uma leitura atenta das condições de execução do edital. ;A ideia é possibilitar uma preparação mais específica para cada teste, de acordo com as dificuldades individuais. Quem tem problemas em corrida deve priorizar a corrida, mas sem negligenciar os outros testes;, afirma. Segundo Antônio, não existe uma hierarquia de prioridades. ;É interessante que o candidato preste atenção a diversos aspectos, desde o treinamento inicial, passando pelo tênis de corrida, o tipo de vestimenta que usará para fazer o teste, até a refeição no dia anterior ao exame;, comenta. ;Tudo que não for bem pensado pode prejudicar o rendimento, além de aumentar o nervosismo.;

Humanas

A disciplina história do Brasil é extremamente importante para a aprovação, pois cairá em oito questões. ;O perfil da banca é bastante tradicional. O que significa que cobrará assuntos clássicos da ;história política;, abordando as guerras e as grandes personalidades;, observa Sérgio Henrique, professor do cursinho Estratégia Concursos. ;É um exame extremamente exigente, que vai requerer que o candidato conheça os conteúdos e os conceitos aprofundadamente;, afirma o graduado em história e geografia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

;A avaliação tem um nível razoavelmente alto dos temas cobrados. O que mais tem pesado até hoje é o de período colonial;, analisa. O professor aposta em alguns temas. ;Todas as revoltas que ocorreram durante o período colonial e o da Regência, como a Guerra do Paraguai, devem ser priorizadas;, indica. ;O período imperial pode ser cobrado, principalmente, em dois momentos: o período da Regência de 1831 a 1841, em que ocorreram vários movimentos separatistas no país; e o fim do Império e todos os aspectos ligados à Guerra do Paraguai, abolição da escravidão e a Proclamação da República.;

Geografia é outra disciplina que não deve ser deixada de lado. O professor Júlio Santos, do Gran Cursos Online e do Cursinho Degraus, enfatiza que o concurseiro deve ficar atento à bibliografia do edital. ;Isso para saber o que deve estudar e, assim, trabalhar esses assuntos. Depois da parte teórica, é preciso, em sequência, fazer resolução de exercícios;, observa o graduado em geografia e história pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O exame deve cobrar o processo de formação territorial do Brasil.

É necessário que o candidato compreenda as divisões do país feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1941, 1945, 1968. ;É preciso saber quem é Pedro Pincha, que trabalha com divisão regional geográfica, e Milton Santos, que estuda urbanização;, afirma. ;Não deixe de estudar a demografia brasileira, os conceitos demográficos, a população e entender as teorias populacionais, principalmente a Teoria Neomalthusiana (que estabelece o fortalecimento da população urbana brasileira sobre a população rural).;

Quero passar
Graduado em direito, Leonardo Ferreira, 26 anos, concorrerá ao Quadro Complementar do Exército. ;Ser militar é o meu projeto desde a infância. Eu servi as Forças Armadas quando tinha 18 anos e pensei em seguir carreira;, afirma. Ele se prepara para o concurso há um ano. O morador de Petrópolis (RJ) estuda quase o dia todo para a prova intelectual e o tempinho que sobra é de preparação para o teste físico. ;Tenho uma vida muito ativa desde pequeno. Faço musculação e corro;, relata. ;Tive boa formação na faculdade e estudei para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), então creio que estou bem preparado. Hoje, não tem uma matéria que considero difícil;, observa. Ele quer ser coronel futuramente e está muito confiante.

O que diz o edital

Escola de Formação Complementar de Exército (EsFCEx)
Inscrições: até 2 de agosto no site www.esfcex.eb.mil.br; acesse o edital no link bit.ly/exercitobrasil
Vagas: 23, sendo 20 para Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar ; administração (3), ciências contábeis (3), comunicação social (2), direito (3), informática (3), magistério matemática (1) e magistério português (1), enfermagem (2) e veterinária (2) ; e três para o Curso de Formação de Capelães Militares, para padre católico (2) e pastor evangélico (1)
Nível: superior
Taxa de inscrição: R$ 120
Salários: R$ 7.490 (capelães) e R$ 8.245 (oficiais do Quadro Complementar)
Datas: 15 de setembro (prova objetiva), 10 de dezembro (prova de títulos), 13 de dezembro (verificação documental preliminar), 6 de janeiro (inspeção de saúde), 3 de fevereiro e 12 de março (exame de aptidão física), 3 de março (avaliação psicológica) e 16 de abril (comprovação dos requisitos para a matrícula)
Locais: Brasília e 29 cidades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí, Maranhão, Bahia, Acre, Pernambuco, Roraima, Rondônia, Alagoas, Minas Gerais, Sergipe, Paraíba, Ceará, Santa Catarina, Paraná, Mato
Grosso do Sul e Pará

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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