Trabalho e Formacao

Quer trabalhar no Exército? Confira dicas de professores para concurso

Há 20 chances para graduados em diversas áreas e outras três para padres católicos e pastores evangélicos. Os salários variam entre R$ 7,4 mil e R$ 8,2 mil

Tayanne Silva*
postado em 01/07/2019 14:00
Para quem tem nível superior e deseja ingressar no Exército, o concurso da Escola de Formação Complementar da força (EsFCEx) é uma ótima opção. O edital oferece 23 vagas, sendo 20 chances para o Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar (para graduados em administração, ciências contábeis, comunicação social, direito, informática, magistério em matemática, magistério em português, enfermagem e veterinária) e três para o Curso de Formação de Capelães Militares (padre católico e pastor evangélico, com graduação em teologia ou filosofia). Uma das exigências para concorrer às vagas de oficiais do quadro complementar é ter até 36 anos. Já para os capelães, exige-se idade entre 30 e 40 anos. Os locais de lotação dos aprovados são Salvador (BA) e Rio de janeiro (RJ).
O advogado Leonardo tentará o concurso
O período de curso será de 37 semanas para os dois cargos, com rendimento de R$ 1.044 durante esse período. Após a conclusão, os capelães militares serão nomeados segundos-tenentes, passando a receber salário de R$ 7.490; já os oficiais do Quadro Complementar se tornarão primeiros-tenentes, com vencimentos de R$ 8.245. A seleção é constituída por duas etapas. A primeira é o exame intelectual (EI), de caráter eliminatório e classificatório. São 70 questões, sendo 30 itens de conhecimentos gerais (português, história do Brasil e geografia do Brasil) e 40 de conhecimentos específicos. O responsável pelo concurso é o Instituto de Desenvolvimento Institucional Brasileiro (IDIB). A segunda etapa é composta por fases como verificação documental preliminar, prova de títulos, inspeção de saúde, exame de aptidão física (que inclui flexões, abdominais supra e corrida), avaliação psicológica e comprovação dos requisitos para a matrícula.

Priorize o treino

O exame de aptidão física é a pedra no sapato de muitos inscritos. Candidatos de ambos os sexos terão de correr por 12 minutos, sendo um total de 2 mil metros para mulheres e 2.350 metros para homens. As inscritas terão de fazer 10 flexões, e os inscritos, 16. Já no abdominal supra, são 27 para participantes do sexo feminino e 30 para os do sexo masculino. ;Eu considero a preparação para esse teste tão importante quanto a preparação intelectual. É essencial que o candidato chegue numa condição física adequada;, afirma Antônio Márcio dos Santos Valente, graduado em educação física pela Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx). ;Isso, rotineiramente, não ocorre, pois muitas pessoas negligenciam essa preparação, considerando que terão um tempo hábil para treinar após a aprovação no exame intelectual. É um erro que leva a um acentuado número de desligamentos nos testes físicos;, explica.
[SAIBAMAIS]

Outro erro é não ler o que o edital diz sobre o exame de aptidão física. ;Isso evita que você cometa equívocos básicos que podem levar a uma falha na hora da prova e, por consequência, à eliminação;, comenta o mestre em ciência do exercício e do esporte pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A dica é fazer uma leitura atenta das condições de execução do edital. ;A ideia é possibilitar uma preparação mais específica para cada teste, de acordo com as dificuldades individuais. Quem tem problemas em corrida deve priorizar a corrida, mas sem negligenciar os outros testes;, afirma. Segundo Antônio, não existe uma hierarquia de prioridades. ;É interessante que o candidato preste atenção a diversos aspectos, desde o treinamento inicial, passando pelo tênis de corrida, o tipo de vestimenta que usará para fazer o teste, até a refeição no dia anterior ao exame;, comenta. ;Tudo que não for bem pensado pode prejudicar o rendimento, além de aumentar o nervosismo.;

Humanas

A disciplina história do Brasil é extremamente importante para a aprovação, pois cairá em oito questões. ;O perfil da banca é bastante tradicional. O que significa que cobrará assuntos clássicos da ;história política;, abordando as guerras e as grandes personalidades;, observa Sérgio Henrique, professor do cursinho Estratégia Concursos. ;É um exame extremamente exigente, que vai requerer que o candidato conheça os conteúdos e os conceitos aprofundadamente;, afirma o graduado em história e geografia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

;A avaliação tem um nível razoavelmente alto dos temas cobrados. O que mais tem pesado até hoje é o de período colonial;, analisa. O professor aposta em alguns temas. ;Todas as revoltas que ocorreram durante o período colonial e o da Regência, como a Guerra do Paraguai, devem ser priorizadas;, indica. ;O período imperial pode ser cobrado, principalmente, em dois momentos: o período da Regência de 1831 a 1841, em que ocorreram vários movimentos separatistas no país; e o fim do Império e todos os aspectos ligados à Guerra do Paraguai, abolição da escravidão e a Proclamação da República.;

Geografia é outra disciplina que não deve ser deixada de lado. O professor Júlio Santos, do Gran Cursos Online e do Cursinho Degraus, enfatiza que o concurseiro deve ficar atento à bibliografia do edital. ;Isso para saber o que deve estudar e, assim, trabalhar esses assuntos. Depois da parte teórica, é preciso, em sequência, fazer resolução de exercícios;, observa o graduado em geografia e história pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O exame deve cobrar o processo de formação territorial do Brasil.

É necessário que o candidato compreenda as divisões do país feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1941, 1945, 1968. ;É preciso saber quem é Pedro Pincha, que trabalha com divisão regional geográfica, e Milton Santos, que estuda urbanização;, afirma. ;Não deixe de estudar a demografia brasileira, os conceitos demográficos, a população e entender as teorias populacionais, principalmente a Teoria Neomalthusiana (que estabelece o fortalecimento da população urbana brasileira sobre a população rural).;

Quero passar

Graduado em direito, Leonardo Ferreira, 26 anos, concorrerá ao Quadro Complementar do Exército. ;Ser militar é o meu projeto desde a infância. Eu servi as Forças Armadas quando tinha 18 anos e pensei em seguir carreira;, afirma. Ele se prepara para o concurso há um ano. O morador de Petrópolis (RJ) estuda quase o dia todo para a prova intelectual e o tempinho que sobra é de preparação para o teste físico. ;Tenho uma vida muito ativa desde pequeno. Faço musculação e corro;, relata. ;Tive boa formação na faculdade e estudei para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), então creio que estou bem preparado. Hoje, não tem uma matéria que considero difícil;, observa. Ele quer ser coronel futuramente e está muito confiante.

O que diz o edital

Escola de Formação Complementar de Exército (EsFCEx)
Inscrições: até 2 de agosto no site www.esfcex.eb.mil.br; acesse o edital no link
Vagas: 23, sendo 20 para Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar ; administração (3), ciências contábeis (3), comunicação social (2), direito (3), informática (3), magistério matemática (1) e magistério português (1), enfermagem (2) e veterinária (2) ; e três para o Curso de Formação de Capelães Militares, para padre católico (2) e pastor evangélico (1)
Nível: superior
Taxa de inscrição: R$ 120
Salários: R$ 7.490 (capelães) e R$ 8.245 (oficiais do Quadro Complementar)
Datas: 15 de setembro (prova objetiva), 10 de dezembro (prova de títulos), 13 de dezembro (verificação documental preliminar), 6 de janeiro (inspeção de saúde), 3 de fevereiro e 12 de março (exame de aptidão física), 3 de março (avaliação psicológica) e 16 de abril (comprovação dos requisitos para a matrícula)
Locais: Brasília e 29 cidades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí, Maranhão, Bahia, Acre, Pernambuco, Roraima, Rondônia, Alagoas, Minas Gerais, Sergipe, Paraíba, Ceará, Santa Catarina, Paraná, Mato
Grosso do Sul e Pará

Passe bem / História

Analise o texto abaixo e assinale a alternativa correta sobre as revoltas ocorridas no período Regencial.
;O período Regencial foi um dos mais agitados da história política do país e também um dos mais importantes. Naqueles anos, esteve em jogo a unidade territorial do Brasil, e o centro do debate político foi dominado pelos temas da centralização ou descentralização do poder, do grau de autonomia das províncias e da organização das Forças Armadas.;
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. Fundação para o Desenvolvimento da Educação, 2000. P, 161.

A) As revoltas do período regencial não se enquadram em um modelo único, mas cada uma delas resultou de unidades específicas, provinciais ou locais.
B) Esse contexto foi precisamente marcado por disputas entre os projetos federalistas, todos de viés separatista, e os projetos de reiteração do Estado unitário, os quais objetivaram a centralização das rendas e poder no governo do Império.
C) Houve um importante diálogo entre os projetos políticos separatistas, que objetivavam a separação política de determinadas partes do país e o projeto de um Estado Nacional centralizado na figura do imperador.
D) Esse período é marcado também por uma forte tensão entre os projetos políticos federalistas, que objetivavam maior poder e atribuições aos estados e os projetos de construção do Estado unitário, os quais se esforçavam em garantir maior centralização das rendas e poder político no governo das províncias.
E) O período regencial caracterizou-se por ser um momento pouco conflitivo na história do Brasil, no sentido em que conseguiu, pacificamente, corresponder às demandas de diferentes grupos, fossem federalistas ou conservadores.

Comentário:
O período regencial, compreendido entre a abdicação de D. Pedro I e a maioridade de D. Pedro II, foi marcado por revoltas e disputas em todo o Império, atingindo algumas importantes províncias, de norte a sul da recente nação. Durante o decênio do período Regencial (1831-1840), as revoltas explodiram no país, por diversas causas. Assim, não é possível pensar nessas revoltas de forma homogênea, atribuindo apenas uma única causa, uma mesma motivação, embora, a perda de uma ideia de legitimidade ; existente enquanto D. Pedro I esteve à frente do trono ; possa ser considerada um fator relevante. A desestabilização do Império levou também a disputas entre as elites provinciais.

Questão retirada do concurso para o Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar (CFO/QC) e Curso de Formação de Capelães Militares (CF/CM) do Exército, aplicado em 2018, comentada por Sérgio Henrique

Gabarito: letra A

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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