Trabalho e Formacao

Surfando a onda da busca por comodidade

O brasileiro quer economizar tempo e ganhar conforto. Empreendedores que perceberam e aproveitam essa característica têm conseguido bons resultados, oferecendo serviços práticos e econômicos. Segundo especialistas, é uma tendência que veio para ficar

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 21/07/2019 04:08

O pão fresquinho da padaria, as compras do mês, suas frutas preferidas e até a pasta que esqueceu no trabalho podem chegar às suas mãos sem que você tenha de sair de casa. A economia compartilhada e o mercado de delivery estão cada vez maiores e diversos, trazendo comodidade ao público, como observa o diretor-superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal (Sebrae-DF), Valdir Oliveira.

;Na verdade, esse crescimento vem acontecendo há um tempo. Mas, em 2018, teve a explosão do mercado e a tendência é de um grande aumento;, afirma. Brasília está seguindo o movimento do resto do mundo, com a criação de startups e com a reestruturação de empresas tradicionais para oferecer esse tipo de serviço. ;Nós estamos caminhando para uma economia sem intermediários, aproximando o consumidor do servidor;, reconhece Valdir. E, no mercado de entregas brasiliense, não poderia ser diferente.

Tendência veio para ficar
Jane Moo é mestre em inovação, design e estratégia pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e atua como gestora de projetos na Stylus Brasil, empresa de consultoria focada em tendências e inovação. Ela informa que a internet trouxe uma cultura de reações imediatas para as pessoas e, atualmente, o mercado é impulsionado por isso. ;Hoje em dia, com o imediatismo da comunicação, os consumidores têm urgência em receber o que compram, e as empresas de entrega chegaram para cuidar disso;, afirma.

Jane acredita que o crescimento de startups do ramo é inevitável. ;Ainda vão surgir outras formas de delivery, e isso não vai acabar de uma hora para a outra.; Para Bruno Pinheiro, CEO e fundador da Be Academy ; empresa brasileira de tecnologia educacional focada em negócios digitais ;, os estabelecimentos que já estão no mercado há algum tempo devem inovar e se reinventar para acompanhar o mercado. ;Se pararmos para pensar, as entregas já existiam, mas eram muito caras. Hoje em dia, em vez de contratar uma pessoa, você pode compartilhar um serviço com centenas de usuários;, afirma.
Bruno é formado em publicidade e propaganda pela Universidade Paulista (Unip) e em branding pelas Faculdades Integradas Rio Branco. Segundo ele, descentralizar o poder de grandes grupos e dar aos autônomos é uma inclinação da economia compartilhada e um caminho sem volta. Jane Moo concorda: ;Esse modelo tem uma tendência de acesso, e não de posse;.

Simples, inovador e quentinho

Em três dias da semana, Carolina Batista abre a porta de entrada de casa e depara com uma sacola de pães pendurada na maçaneta. Não, não é obra de magia. É resultado de uma iniciativa de Diogo Lourenço que, aos 33 anos, criou uma startup de entrega de pães em domicílio no Lago Norte, na Asa Norte e no Noroeste. ;Minha esposa gosta bastante de pão e eu comprava todo dia, mesmo na correria, porque fazia muita diferença. Então, percebi que havia uma oportunidade de negócio;, conta o servidor público, que é sócio majoritário da empresa, mas não gerente. Segundo ele, o trabalho de ir à padaria era grande e não havia solução no mercado, então não demorou muito para a ideia surgir.

Com cerca de um ano pensando e se capacitando, Diogo, que é formado em ciência política e cursa direito, deu vida à Pão em Casa. A startup ainda está em período de teste, mas, após dois meses, já conta com quase 100 clientes, três padarias parceiras e quatro colaboradores. Os interessados fazem uma assinatura mensal de acordo com os dias e as unidades de pães que pretendem receber. Diogo, então, busca o alimento nos estabelecimentos e, com a ajuda de três porteiros, distribui para os clientes. Ele calcula que, caso consiga aumentar a clientela, é possível ter lucro de R$ 1 mil mensalmente trabalhando apenas uma hora por dia.

;Qualquer um pode fazer o que eu estou propondo. Já tem demanda e pedidos de franquia em várias regiões de Brasília e até em outros estados. Mas, para isso dar certo, você precisa de parceiros;, percebe Diogo. Segundo ele, o modelo de negócio é colaborativo e um dos objetivos é trazer conforto e economia de tempo para as pessoas. O outro intuito tem relação com os trabalhadores. ;Eu entendi que empreender é gerar renda e emprego, colaborando com o desenvolvimento econômico e social.;

Para a cliente Carolina Batista, 27 anos, o serviço faz muita diferença no dia a dia dela e do marido. ;A minha rotina é muito corrida. Então, às vezes, eu saía do trabalho, ia resolver coisas na rua e esquecia de passar na padaria, mesmo com uma na minha quadra;, relata. Com formação em gestão pública e pós-graduação em relações sociais, Carolina é bolsista do Ministério da Saúde e afirma que a economia não é só de tempo. ;A gente abre a porta, e o pão fresquinho está lá. Entramos, tomamos café da manhã e ainda não precisamos gastar dinheiro com comida na rua;, comemora.
Com pedidos de franquia por vários estados brasileiros, Diogo está planejando escrever um e-book sobre o modelo de negócio da Pão em Casa. O objetivo é vender para interessados em empreender no ramo e ganhar R$ 250 por semana trabalhando apenas uma hora por dia, de segunda a sexta.

Saiba mais
Interessados podem contatar o serviço enviando mensagem para o Instagram @paoemcasabsb ou para o WhatsApp 98193-6090. Também é possível ligar. Saiba mais no site bit.ly/paoemcasa



*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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