Trabalho e Formacao

Referência na indústria criativa do DF

O mineiro que cresceu em Brasília ganhou nome no setor cultural da cidade, criando festas, ocupando e dando nova vida a espaços púbicos da capital. O mais novo projeto é na desativada Piscina com Ondas do Parque da Cidade

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 21/07/2019 04:09
O mineiro que cresceu em Brasília ganhou nome no setor cultural da cidade, criando festas, ocupando e dando nova vida a espaços púbicos da capital. O mais novo projeto é na desativada Piscina com Ondas do Parque da Cidade

Servidor público, jornalista, DJ, cenógrafo, figurinista, artista visual, produtor cultural, criador de festas, sócio do MimoBar & Café; Essas são algumas das atividades que preenchem a rotina de Sandro Farias, 44 anos, mais conhecido como Sandro Biondo. Ele é a prova viva de que empreender vai além de abrir uma empresa: para ele, significa muito mais criar e juntar pessoas. E é o que tem feito em seu mais novo projeto: a Ocupação Contém, inaugurada na desativada Piscina com Ondas do Parque da Cidade em 13 de julho e que segue até outubro. O local foi reavivado e transformado numa praça de cultura, arte, gastronomia e convivência, com entrada gratuita. Na estreia, 2.800 pessoas compareceram. Há 70 colaboradores envolvidos na operação. ;Essa piscina estava fechada havia 22 anos, abandonada, mas não esquecida. Vir à piscina já é uma atração;, diz.

O local se tornou fotogênico graças às intervenções de Sandro, como luminárias e tendas feitas à mão, mas, poucos dias antes, o cenário era bem diferente. ;O estado era deplorável. Era foco de dengue;, observa. Esta não é a primeira vez que Sandro produz um evento na região.

Há alguns anos, organizou uma edição da festa Mimosa no Castelinho. ;A administradora do parque me disse: ;ah, mas ele está acabado;. Eu respondi: ;por isso mesmo;. Não me interessa ir para um lugar que já está arrumado, como um shopping;, afirma. ;O que me interessa é ir para o que está abandonado, de modo que meu trabalho seja um divisor de águas para aquele local;, completa. ;Minha vaidade como artista e empreendedor da indústria criativa mora muito nisso, de ir para um lugar inusitado e colocá-lo no foco;, explica.

Criar e atrair público
;Eu digo que sou empreendedor, mas não sou empresário. Não sei lidar com a parte prática dos negócios ; tenho sócios e parceiros para isso. Eu gosto de criar;, afirma. Segundo ele, o segredo para dar certo no ramo envolve curiosidade, entender o que as pessoas desejam e esperam, além de oferecer ao público o que outros não oferecem. A primeira iniciativa empreendedora do mineiro de Belo Horizonte criado em Brasília foi em 2003. ;Eu montei um café/bistrô na 209 Sul, chamado ID Café, que durou seis meses na minha mão. Deu supererrado;, conta.

;O café era um sucesso de público, mas um fracasso de bilheteria porque estava sempre cheio, mas dava prejuízo.; Foi quando Sandro percebeu que não gostava e não levava jeito para lidar com caixa, banco, contador. ;Tenho horror a isso.; A partir desse entendimento, resolveu alugar o espaço. ;Arrendei o café para um casal caloteiro que me deixou um grande rombo.; Os inquilinos devolveram o estabelecimento com contas vencidas. ;Tive de vender meu carro para pagar dívidas e limpar meu nome. Foi um trauma com empreendedorismo.; Sandro entrou com um processo judicial, que demorou 13 anos para acabar, com a vitória dele.

Trajetória

Graduado em jornalismo, Sandro trabalhou em redes de televisão até ir fazer um curso de inglês para comunicação em Vancouver no Canadá. Ao retornar, partiu para assessorias de imprensa. Entre 2007 e 2008, fez dois concursos em que foi aprovado: o da Petrobras e o da Câmara dos Deputados. Foi chamado, primeiro, para a estatal petroleira, em que atuou durante dois anos como gestor de patrocínio cultural de projetos de teatro e dança. ;Fui para o Rio de Janeiro, onde fiz curso de DJ e discotecagem.; A experiência por lá foi um divisor de águas. ;Mudou a minha vida porque descobri que queria trabalhar com arte.; Em 2010, ele foi convocado pela Câmara (hoje, é cenógrafo da TV Câmara) e retornou a Brasília. Na capital federal, começou a tocar em baladas até criar a própria festa.

;A primeira foi a Kinda, de música eletrônica, que tem até hoje. Em 2011, com o pessoal do Suvaco da Asa, criei a Mafuá;, lembra. Em 2012, com um coletivo de artistas, Sandro começou a produzir eventos em espaços públicos de Brasília. Foi assim que ele deu início à Mimosa que, mais para frente, gerou o MimoBar, que é itinerante e funciona em um contêiner. Sandro fez pós-graduação em cenografia e figurino na Escola de Belas Artes em São Paulo e estagiou em duas escolas de samba do Rio de Janeiro: a Unidos da Tijuca e a Portela. Essa experiência o levou a ser convidado para ser jurado no carnaval do Rio de Janeiro em 2016 e 2017.

Saiba mais

Ocupação Contém
Quinta (das 18h às 23h), sexta (das 17h à 1h), sábados e domingos (das 10h à 1h). Entrada franca. Informações: www.facebook.com/Contembsb

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