postado em 11/08/2019 04:08
A professora de jovens e adultos Luana Gonsalves, do Centro de Ensino Especial (CEE) 1 de Ceilândia, recebeu troféu ouro no 1; Prêmio Sebrae de Educação Empreendedora no DF. A taça de prata ficou com Marcus Martins, do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 1 de Planaltina. Os dois foram premiados na categoria ensino fundamental na etapa estadual da seleção, que ocorreu em 8 de junho, em Brasília. Ao todo, foram 91 premiados de todas as unidades da Federação. Depois disso, foram escolhidos 59 na fase regional, sendo 23 do Nordeste, 10 do Norte, 10 do Sul, oito do Sudeste e oito do Centro-Oeste. A cerimônia de premiação nacional será em 8 de outubro, no evento ConheCER, em Florianópolis (SC).
Aos 40 anos, Luana ficou em primeiro lugar em toda a região Centro-Oeste, segue na disputa e viajará para participar da solenidade com todos os custos cobertos pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). A professora foi reconhecida pela oficina Recursos interativos na inclusão e o aluno agente, criada por ela em fevereiro de 2018. Nas sessões, ela ensina conceitos básicos de português e matemática a jovens e adultos por meio da criação de jogos. A iniciativa do Sebrae é dividida nas etapas estadual, regional e nacional e reconhece a ação de educadores que estimulam e difundem a educação com atividades de empreendedorismo em escolas públicas e particulares. As melhores ideias foram premiadas com troféus ouro e prata, nas categorias ensino fundamental, ensino médio, ensino profissional e ensino superior.
Confira
A lista com todos os finalistas pode ser vista no site do prêmio educacaoempreendedora.sebrae.com.br
Oficina de construção de jogos
Luana Gonsalves foi à cerimônia de premiação local acompanhada dos alunos que participam da oficina dela, da diretora do CEE 1 de Ceilândia, Ana Maria Rabelo, e do professor Cláudio Augusto Vieira, pedagogo que a auxilia nas atividades. Participam dos encontros os estudantes da EJA Josafar Gomes, Gilson Fernando, Jansey Aguiar, Ana Cláudia Sales, Denisvan Matias, Rosânea Mendes, Guaraci Oliveira, Ivanilce Martins, Willer Gontijo, Patrícia Ferreira e Danilo de Oliveira. Com idades entre 27 e 45 anos, todos eles têm algum tipo de deficiência. Nas sessões, constroem jogos pedagógicos que trabalham, entre outras habilidades, combinação de letras e formação de sílabas, associação de imagens e palavras, misturas de cores e operações matemáticas.
Luana, que é professora há 22 anos, conta que a ideia surgiu a partir do desejo de usar recursos recreativos no ensino e aprendizagem. ;Sempre trabalhei com atividades lúdicas e exercícios práticos para desenvolver o currículo funcional. Antes de lidar com alunos especiais, eu trabalhava com estudantes com TGD (Transtorno Global do Desenvolvimento);, diz a educadora, que leciona no CEE 1 há cinco anos. ;Dois alunos que hoje são da oficina começaram a frequentar as aulas em que fazíamos camisas e tênis para ensiná-los a abotoar os botões e amarrar o cadarço. Percebi que eles davam conta de fazer tudo;, elogia a professora. ;Pensei, então, em usar materiais concretos para ensiná-los a ler, escrever e contar. Minha diretora, Ana Maria, apoiou a ideia desde o início e me disse para escrever um projeto. Foi o que fiz;, descreve a educadora.
Os encontros são diários no período vespertino. Os alunos participam de todo o processo, desde a concepção das ideias dos jogos até a construção dos itens. Eles coletam, lavam, separam, recortam, lixam, colam, testam e aprendem. A divisão de tarefas também é dirigida pelos próprios estudantes. O revezamento é feito de modo que todos participem de todas as fases. Desde o início da oficina, os alunos construíram 76 modelos de jogos. O professor Cláudio, 51, leciona há 25 anos, dois deles no CEE 1. Ele destaca a importância das outras atividades desenvolvidas na escola. ;Além do tempo que passam aqui, eles participam, por 50 minutos, todos os dias, de outras oficinas. Tem teatro, tem a horta, tem confecção de tapetes. Eles não ficam na mesmice;, explica.
;Na horta, eles fazem compostagem com os restos de comida que vêm nas embalagens;, continua o educador. Ele montou um cronograma de visitas nas outras escolas do DF. Toda quarta-feira, o grupo se desloca para o colégio da vez e monta um estande. Às vezes, surgem parceiros que providenciam o transporte, como a empresa de turismo Pollo, por intermédio do deputado distrital Reginaldo Sardinha (Avante). ;Mas não é sempre porque o processo é muito burocrático. Quando não conseguimos, vamos no meu carro mesmo. Faço mais de uma viagem;, esclarece a professora Luana. ;A gente vai às escolas e mostra como os jogos são feitos, desde o início, para os outros professores e estudantes;, informa Rosânea. ;O apoio e a abertura que o CEE 1 nos dá, de sair e expor nossos jogos, são muito importantes, porque nos deixam mais à vontade para mostrar nosso trabalho;, comemora a aluna.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa