Ana Paula Lisboa
postado em 22/09/2019 15:27
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Um verdadeiro império de utilidades domésticas, artigos em plástico e decoração. Assim é o Shopping da Casa, empresa familiar que conta com quatro unidades, um escritório e um depósito. O negócio começou em 2012 pelas mãos de Ronney Portela, 30 anos, e Thayse Viana Portela, 29, em parceria com os pais deles, Ester Viana, 51, e Helio Portela, 53. ;A nossa perspectiva era, depois de sete anos, ter uns cinco ou oito funcionários. Hoje, temos 90 colaboradores;, comemora Ronney. Atualmente, os irmãos é que estão à frente do negócio, com a ajuda da mãe, que cuida da parte de compras. Ronney se encarrega do departamento comercial e Thayse, do financeiro. Ao longo dos anos, os empreendedores conseguiram amadurecer um modelo de gestão em que cada um tem Empreendedorismo na veiaautonomia para administrar a área pela qual é responsável, contando com a confiança dos outros. Mas nem sempre foi assim. ;Nos primeiros três anos, a gente não sabia trabalhar em família;, pondera Ronney.
;A gente é filho, é irmão, mas também é empresário. E a gente misturava, um passava por cima da ordem do outro;, admite. ;Nós gostamos muito de trabalhar em família. Eu, minha mãe e meu irmão nos entendemos bem porque as funções estão bem definidas agora;, completa Thayse. ;Cada um tem sua função, mas as decisões mais sérias são tomadas em conjunto. Temos um bom diálogo agora.; A desorganização anterior, porém, acabou gerando contratempos. ;Chegamos a ter seis lojas e fechamos duas, em 2016 e em 2017, por falta de planejamento depois de expandir muito rápido;, analisa Ronney. ;Então, depois de avaliar melhor, resolvemos fechar duas lojas menores que não davam tanto resultado para abrir uma maior, em Taguatinga Norte, em 2017, que foi nossa última unidade inaugurada;, resume. O controle de Thayse nas finanças foi crucial para atravessar os períodos de dificuldade. ;O contador avisou que a gente tinha que se organizar para não fechar. Despesa e gasto têm demais, mas eu vou controlando para não ter custo demais num mês só;, explica.
;Às vezes, aperta; às vezes, arrocha com a economia do país. Não é fácil, mas a gente tem crescido a cada ano;, descreve Thayse. Os irmãos preferem não revelar o volume de vendas, mas, em agosto, receberam 21 mil clientes nas lojas. ;E dos mais variados públicos, desde quem ganha um salário mínimo até quem tem muitas posses;, aponta Ronney. Os 90 colaboradores e a cultura da empresa são vistos como o grande trunfo do sucesso por Ronney. ;A nossa logomarca é um coração porque temos uma cultura de amor, e a gente comunica isso para os funcionários. Desde 2014, damos treinamentos mensais para passar nossa cultura e nosso jeito de trabalhar;, observa. ;Nosso diferencial é, em primeiro lugar, o atendimento e, em segundo lugar, os produtos;, diz. ;Nossa primeira meta é o bem-estar do colaborador e, depois, o do cliente. Se o trabalhador está bem, ele vai atender bem;, ensina.
E o atendimento é mais consultivo, dando até opção, ao entrar na loja, de o cliente optar por ser ou não assessorado por vendedor. ;A rotatividade é muito baixa. O pessoal trabalha aqui feliz. Apesar de receberem salário comercial, sem comissão, existe premiação. Quando bate meta, vai todo mundo para o kart ou uma churrascaria;, exemplifica. Thayse cita ainda outros elementos essenciais do êxito do negócio. ;Nós acreditamos que buscar conhecimento, trabalhar duro e a benção de Deus são os segredos do que alcançamos. A gente costuma dizer que Deus é o dono, e nós somos os mordomos do Shopping da Casa;, afirma. A família é evangélica e frequenta a Assembleia de Deus Ideps em Águas Claras. ;Se não fosse por Deus mesmo, não estaríamos onde estamos hoje. Foram muitos percalços, teve loja que pegou fogo;, elenca Thayse. Ela se refere à unidade de Taguatinga Sul que foi toda consumida num incêndio. ;Não deu para aproveitar nada. Acreditamos que foi um curto-circuito;, conta ela.
Avanço constante
Os irmãos Ronney e Thayse foram criados quase como gêmeos. Nasceram no mesmo dia e mês com um ano de diferença, em Codó (MA), e vieram morar em Taguatinga em 1995. Mesmo com a diferença de idade, durante a trajetória escolar, estudaram juntos, na mesma turma, até a 7; série. ;Eu fui adiantada na escola. Então só fomos estudar separados depois;, conta Thayse, que é graduada em direito e pós-graduada em finanças. Ronney cursou administração e se especializou em gestão de negócios. As pós-graduações foram cursadas com vistas a melhorar a gestão do negócio. A busca por melhorias e modernização levou a dupla ao Instagram, onde o Shopping da Casa faz sucesso. ;Recebemos pelo menos 60 mensagens por dia. A maioria de clientes tirando dúvidas sobre produtos;, conta Thayse.
A marca é muito elogiada pelas respostas dadas on-line, muitas vezes personalizadas e em áudio ou vídeo. Hoje, a rede vende mais de 7 mil variedades de produtos. ;O carro-chefe são plásticos para cozinha, como bacia, porta-mantimento.; Em seguida, aparecem decoração, utilidades e brinquedos. O Natal é a melhor época de vendas da rede. Atualmente, com um sistema muito organizado, os empresários fazem as compras para o fim de ano em maio e começam a montar arranjos natalinos em setembro. O próximo passo, esperam os irmãos, é passar a contar, também, com vendas on-line. ;A nossa variedade e o nosso estoque são muito grandes; então, isso dificulta ir para as vendas on-line. Mas estamos trabalhando nesse sentido, pois há demanda;, garante Thayse.
Histórico
O tino comercial foi desenvolvido na família por vários motivos. ;Todo mundo era do comércio. Minha mãe era balconista de farmácia e meu pai era vendedor autônomo de planos de saúde;, conta Ronney. No ensino médio, estudando no Centro de Ensino Médio de Taguatinga Norte (CEMTN), ele participou de um programa da Junior Achievement, ONG internacional, que estimulava o empreendedorismo entre jovens. ;Isso me ajudou demais a desenvolver meu perfil empreendedor. Era uma miniempresa júnior. Vendíamos bombons e tínhamos que calcular custos;, afirma. Mais tarde, ele começou a trabalhar no comércio. ;Depois que entrei na faculdade, ingressei no ramo automobilístico. Entrei como estagiário numa concessionária de veículos, onde fiquei cinco anos e saí como gerente. Eu pensava, até então, que minha vida seria vendendo carro, eu mirava ser diretor nesse ramo;, relata.
Thayse também teve sua cota de experiências empreendedoras. ;Na adolescência, convenci meu pai a me dar R$ 100 para eu comprar capinhas de celular. Com as vendas, eu devolveria os R$ 100 para ele, e o lucro ficaria para mim. Foi meu primeiro dinheirinho;, relembra. A experiência foi tão marcante que, depois de se formar em direito, frustrou expectativas de quem esperava que ela tentaria concursos públicos. ;Eu disse: eu quero ser uma empresária de sucesso.; Apesar disso, Thayse acredita que a formação jurídica foi importante para empreender. Para completar, em 2003, os pais de Ronney e Thayse tiveram uma loja de móveis em Padre Bernardo (GO) e abriram outros duas unidades. ;Só que deu errado. A gente quebrou bonito. Faltou planejamento na expansão. Então, para empreender de novo, não podia dar errado;, diz Ronney. E a família tinha vontade de tentar novamente.
O impulso para abrir o Shopping da Casa veio a partir de Jonival Costa Rodrigues e Rosineide de Sousa Rodrigues, um casal amigo da família. Eles são donos da Variedades Salmo 91, que conta com 11 unidades na capital amazonense. ;Eles têm lojas em Manaus bem grandes no nosso ramo, com mais de 600 funcionários, e sugeriram: por que vocês não abrem uma loja assim em Brasília?;, recorda Ronney. ;Eles nos incentivaram. Por isso, os chamamos de pais do negócio;, descreve. A partir desse estímulo, a família se arriscou para começar algo próprio, em 2012. ;Nessa época, minha mãe estava como dona de casa há 10 anos, fazendo artesanato, e meu pai era vendedor autônomo. A gente vendeu dois carros e pegou dinheiro emprestado com minha sogra e um amigo meu, algo arriscado;, revela. ;Começamos o negócio com R$ 90 mil.; Essa quantia foi usada para comprar mercadorias em São Paulo e alugar uma loja de 100m; em Samambaia.
Para adquirir os produtos, a amizade com esse casal foi fundamental. ;Para equipar uma loja desses, mesmo sendo pequenininha, custaria uns R$ 400 mil. Nossa primeira loja era pequena, pois, como há muita variedade de produtos, 100m; é pouco;, diz Ronney. No entanto, a família começou com menos do que isso. ;Em São Paulo, sem ninguém nos conhecer, só conseguiríamos comprar à vista. E esses amigos de Manaus praticamente avalizaram a gente. Com essa força, conseguimos parcelar as compras, por exemplo, em três vezes;, relata. O medo de dar errado, admitem os irmãos, apareceu, mas eles trabalharam bastante para superar o risco de uma nova falência. ;Depois de um ano, abrimos a segunda loja, em Taguatinga Sul. Depois de mais um ano, abrimos em Riacho Fundo. Em 2015, fechamos em Samambaia Norte e abrimos em Samambaia Sul, que deu muito certo, pois a loja é muito grande, com quase 600m;;, relata Ronney.