Trabalho e Formacao

Histórias de recomeços

Conheça profissionais seniores que deram início a uma nova trajetória

postado em 20/10/2019 04:08
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Ascensão após a demissão
Quando estava perto de completar 50 anos, Marylane Lima se viu em uma situação delicada: havia perdido o emprego. Ficou dois anos sem encontrar trabalho, até que uma oportunidade lhe foi dada em uma loja de artigos para o lar, no Jardim Botânico. ;Quando fiquei desempregada, eu senti que a idade incomoda mais as outras pessoas do que a mim mesma. Minha antiga chefe, graças a Deus, ignorou minha idade e me contratou;, relata. ;Eu tomava conta da parte de adornos e de enfeites para casa. Eu era a responsável por todo o piso inferior;, relembra.

Marylane ficou cerca de um ano e meio na loja e, depois, foi trabalhar na empresa Casa de Vidro, onde também não se importaram com a idade dela durante a contratação. Hoje, aos 53 anos, ela é gerente de vendas da loja onde trabalha. ;Sempre tive muita disposição, criatividade e disponibilidade para agir na área do comércio, que eu gosto muito. Eu acho que a idade enriquece o serviço, porque a pessoa leva a bagagem que tem e adapta ao mundo de hoje;, opina. ;É um pouco difícil se recolocar? Às vezes, sim, mas não é impossível. Na minha opinião, quando você consegue ultrapassar essa barreira, desenvolve muito mais do que o jovem, que não tem a responsabilidade e o compromisso que uma pessoa mais velha tem.;
Reconstrução na terceira idade
Em dezembro do ano passado, o jornalista Alexandre Garcia deixou a Rede Globo, emissora de televisão em que trabalhava, após 30 anos de colaboração. Desde então, incorporou o uso das redes sociais à sua atuação profissional. ;Minhas filhas me estimularam a entrar nesse novo mundo. A minha profissão, a comunicação, antes era só informação, porque eu não tinha retorno;, pondera o comentarista de 78 anos. ;Agora, eu dialogo com as pessoas que me acompanham. Antes, eu não sabia o que pensavam aqueles que me veem e ouvem.;

Ele mantém contas no YouTube, no Twitter e no Instagram. Nesse último, direciona as postagens para o lado pessoal, com fotos de almoços e atividades de fins de semana. No YouTube, Garcia entrou em dezembro de 2018 e acumula mais de 38 milhões de visualizações. O jornalista tem 817 mil inscritos e três programas em seu canal: dois diários, em que comenta as principais notícias do dia e mostra os bastidores da gravação de seus comentários para rádios, e um semanal, em que lê, interpreta e analisa o artigo da semana enviado a jornais. No Twitter, tem 1,7 milhão de seguidores.

;Continuo fazendo palestras, falando em quase 320 rádios todos os dias e escrevendo para 27 jornais, como sempre fiz. Agora, tenho também o mundo digital. Estou aprendendo todos os dias;, observa. Para Alexandre Garcia, a relação entre pessoas de diferentes idades é uma complementação benéfica para ambos os lados. ;Os jovens têm a cabeça já preparada para o mundo digital. Nós, de outra geração, ainda somos analógicos. Não é separação por faixa etária. É o contrário. O que funciona é a integração.; Ele destaca algumas dicas para quem quer se reinventar profissionalmente.

;Abra os olhos e os ouvidos para o mundo digital e para os jovens: eles têm muito para ensinar. Cada vez que a gente faz uma atividade nova, é um renascimento e um rejuvenescimento.; Quem tem menos idade, no entanto, não deve ignorar aqueles que atingiram certa faixa etária. ;Tem o outro lado também. Jovens, não desprezem o que os mais velhos podem ensinar. Vocês não são donos do mundo nem são os mais sábios. Vocês podem aprender muito com pessoas de idades diferentes;, completa.
; Workshop

Meeting Inspire, Expire e Não Pire ; Intergerações
O jornalista Alexandre Garcia e as executivas Renata Castro e Denise Garcia ministram workshop sobre como lidar com ansiedade e estresse no mercado de trabalho e acerca do desafio da convivência entre gerações em um contexto digital. O evento ocorrerá em 30 de outubro, no Senac da 903 Sul. O ingresso custa R$ 179, e as inscrições já estão abertas no link: bit.ly/320csEI.

5 questionamentos para refletir
Confira cinco questões que chamam a atenção para atitudes a corrigir e para o que
pode cair numa entrevista de emprego:
1) Ao se preparar para uma entrevista de emprego, você considera importante detalhar vitórias ou conquistas em sua atuação profissional, como, por exemplo, ;no período de X meses aumentei o percentual de vendas em Y%; ou ;treinei mais de X executivos ao longo de Y anos;? Por quê?


2) É natural que uma pessoa desempregada se sinta desanimada ou muito angustiada. Deixar transparecer esse estado de espírito, na sua visão, poderia interferir na sua avaliação? De que forma? Como não transparecer desânimo?

3)Entre as perguntas formuladas pelos entrevistadores, uma que costuma ser feita é: ;Alguma decisão que você tomou já foi questionada pelo seu gestor?;. Ao fazer esse questionamento, é possível que o recrutador queira saber sobre sua capacidade de decisão, persuasão, sua resiliência e como costuma se relacionar com profissionais hierarquicamente superiores. Demonstrar ter facilidade em interagir, aceitar críticas, saber argumentar e se posicionar lhe parece uma boa ideia? Por quê? Quais exemplos poderia dar sobre o assunto?
4)Alguns entrevistadores perguntam qual foi o último (ou atual) salário do candidato. Profissionais especializados em recolocação orientam a conduzir a resposta educadamente, indicando que as posições e empresas são diferentes e que, por isso, não deveriam ser comparadas. Por que você acredita que seguir essa orientação pode ser importante? Quais prejuízos podem advir do fato de você responder com um valor muito diferente daquele praticado pela empresa na qual você está sendo entrevistado?

5) Em qual das descrições a seguir você se encaixa melhor? Como alguém que está pedindo um emprego ou como alguém que está oferecendo toda a sua expertise e experiência para contribuir favoravelmente para o crescimento da empresa? Quais são as principais diferenças entre essas atitudes? Como você pode transmitir uma ou outra atitude?
Leia!
Recolocação profissional ; 100
questões para ajudar
antes, durante e depois da entrevista de emprego
Autora: Andréa Cordoniz
Editora: Matrix
100 cartas
R$ 37
Palavra de especialista
Mais velhos lidam com preconceito
;Quando uma pessoa mais velha está procurando se reinserir no mercado de trabalho, é preciso avaliar qual é o contexto, se é mudança de carreira por causa da aposentadoria, por exemplo, ou se é uma pessoa que depende ainda de algum tipo de labor para conseguir sua renda. São situações bem diferentes. O Distrito Federal é um local atípico nesse cenário em relação aos outros lugares do Brasil porque o grau de formação aqui é muito alto.

Várias pessoas que entram em contato com o Instituto de Educação e Envelhecimento Humano (IEEH) estão entrando no processo de aposentadoria e querem continuar contribuindo profissionalmente, mas são negligenciadas pelo mercado de trabalho, por falta de políticas públicas e de interesse mercadológico. No entanto, existem também pessoas que têm baixa escolaridade.

É uma realidade brasileira. Não existem programas de educação permanente para essas faixas etárias e há preconceito na hora de contratar uma pessoa mais velha. Imagina-se duas possibilidades para uma pessoa com mais de 50 anos que está buscando emprego: ou ela é extremamente qualificada ou ela é tão mal preparada que até hoje não conseguiu trabalho.
Quem está tentando se reinserir no mercado de trabalho deve se manter atualizado e deixar claro quais são os objetivos, os interesses e de qual trajetória vem. A preocupação com as pessoas mais velhas passa por todas as faixas etárias, porque são elas que vão formar os idosos de amanhã.;
Leonardo Pereira, presidente do Instituto de Educação e Envelhecimento Humano (IEEH), doutorando em ciências e
tecnologia em saúde pela Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador de determinantes do envelhecimento humano.
Três perguntas para / Andréa Cordoniz
Psicóloga com mais de 30 anos de experiência nas áreas
organizacional, hospitalar, escolar e clínica. Escritora, palestrante,
instrutora e conteudista de treinamentos comportamentais. Escreveu, entre outros, livro sobre recolocação profissional em forma de cartas
Como ler e usar as cartas de recolocação profissional do seu livro?
Não há ordem nas cartas. São 100 perguntas que podem ser usadas por pessoas que querem se preparar melhor para seleções, mesmo que não leiam todas as perguntas, e também por quem ministra treinamentos. Treinar, discutir e ler as questões em grupo pode ser interessante, porque dicas de várias pessoas enriquecem muito. Todas as perguntas levam a uma resposta dentro da realidade de cada um. Não tem fórmulas prontas, frases feitas ou clichês. Com perguntas, não há indução, mas chama-se a atenção, com liberdade, para perguntas que podem ser feitas e a atitudes que podem ser tomadas que não são tão legais.

Durante uma entrevista de emprego, se pedirem para você citar um erro cometido no
trabalho, qual o melhor jeito de responder?
São as típicas perguntas que o fazem ser quem você é. Se a pessoa se coloca como perfeita durante uma entrevista, vai levantar dúvidas dos entrevistadores. Normalmente, quando o contratante faz uma pergunta, ele não está interessado na resposta em si, mas quer saber mais: se o entrevistado teve iniciativa na situação descrita e se tem a capacidade de reconhecer erros. É interessante comentar como o equívoco foi resolvido ou como resolveria hoje depois de outras experiências adquiridas, claro que sendo verdadeiro, sem inventar nem acrescentar nada, porque é possível perceber quando isso é feito.

O que deve ser considerado antes, durante e depois de
uma entrevista de emprego?
Antes, é preciso procurar conhecer bem a empresa, ver como ela está colocada no mercado, até, se possível, saber a maneira como os funcionários se vestem. Durante a entrevista, deve-se procurar saber quais serão as possíveis perguntas para não ser pego de surpresa, e pensar em atitudes básicas, como apertos de mão, por exemplo. E depois, é buscar acompanhar os resultados. É bacana enviar um e-mail, ou mandar uma mensagem por onde o convite para a entrevista foi feito, agradecendo a recepção e a oportunidade, de forma elegante, e perguntando sobre os próximos passos. É legal também a pessoa perguntar, no fim da entrevista, sobre quando o retorno vai ser dado.

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