postado em 21/12/2019 04:07
O setor ainda apresenta uma grande disparidade de gênero e raça entre os profissionais de tecnologia da informação. Dados da Brasscom comparam estatísticas entre 2015 e 2019 e mostram que o cenário pouco mudou. Em 2015, 62% dos profissionais eram brancos ou asiáticos ; desse total, 39% são homens e 23%, mulheres. Hoje, o total de brancos e asiáticos está em 59%. Dessa porcentagem, 37% são homens e 22% são mulheres. Pardos, negros e indígenas representavam 29% em 2015. Neste ano, a média não mudou muito, ficando em 30%. Homens também seguem sendo a maioria nesse grupo.
Um ponto fora da curva é Karina Paula, 23. Ela é negra e se formou na Apple Developer Academy do Ceará, em 2016. A jovem se mudou para São Paulo para trabalhar como mentora em uma das academies, sendo responsável por projetos, aulas e ajuda aos alunos em formação. Karina percebe a diferença entre o perfil dos profissionais à medida que vai conhecendo a realidade de diferentes unidades da Federação.
;Em Fortaleza e Recife, eu percebo que temos mais meninas. Quanto mais a gente desce para o Sul, acho que é natural, vai vendo cada vez menos a presença de pessoas negras e mulheres em lugares mais difíceis de se acessar, principalmente cargos de liderança e em empresas de tecnologia, onde a maioria é formada por homens brancos;, avalia. Além do trabalho na Academy, Karina faz parte de um projeto que visa propor soluções para os campeões da Gulmakai Network, rede de ativistas pela educação, vinculados à organização não governamental Malala Fund. Ela desenvolve aplicativos para melhorar as ferramentas de trabalho, por exemplo, facilitar a comunicação entre ativistas de diversos países e que falam diferentes línguas.
A Gulmakai Network é um exemplo de iniciativa que busca promover a igualdade de gênero, lutando pelo direito à educação de meninas em idade escolar. Karina diz que tem visto ações semelhantes para inserir mais mulheres na área de desenvolvimento de aplicativos e jogos. Ela ainda comenta a importância disso. ;A gente entende que, quanto mais pessoas diversas temos, mais visões de mundo e melhores serão as ideias, os jeitos de resolver os problemas e também mais efetivas as soluções voltadas para esse público;, incentiva.