Trabalho e Formacao

Gaúcha faz sucesso em restaurante com tempero do Sul no Shopping ID

A Canttina foi aberta há 15 anos e conquista o público com pratos de sabor caseiro. No almoço, o self-service recebe cerca de 1.500 pessoas por semana

Correio Braziliense
postado em 02/02/2020 16:10


A rotina de Dilamar Müller, 61 anos, começa cedo. Conhecida como Dila, ela acorda às 4h45 e sai de casa, na Cidade Ocidental (GO), rumo ao Plano Piloto. Após percorrer 40km, chega ao Shopping ID, às 5h30. É quando ela começa os preparativos para abrir o restaurante A Canttina, que oferece almoço em estilo self-service. À noite, o local funciona à la carte, com opções de pizzas, calzones, caldos e macarrão feito na hora. Dila se divide entre o comando da cozinha e do salão, onde faz questão de conversar com a clientela. Só às 21h, fecha as portas. “Eu digo que moro aqui; eu só durmo em casa”, afirma.

“Eu cozinho, administro o pessoal, atendo o público. Eu sei do que o cliente gosta. Às vezes, já faço um molho ou prato pensando em alguém que frequenta o restaurante”, diz. “Tem cliente que conheci quando era jovem e namorou, noivou, casou, teve filho e continua vindo aqui”, relata. “Eu sou humilde para ouvir o que os frequentadores dizem. Tenho certeza de que faço o meu melhor, mas não sei de tudo”, pondera. Assim, muitas preparações incorporadas ao cardápio do restaurante vieram por sugestão dos consumidores. “Por exemplo, o calzone de maçã, que foi sugestão de uma freguesa”, comenta.
 
Quando está no salão, faz questão de conversar com a clientelaA atenção de Dila ao público chama a atenção. “Eu procuro saber o nome das pessoas, o que gostam. Falando com elas hoje, já vendo o de amanhã”, ensina. A Canttina funciona de segunda a sábado, sendo que o maior movimento é do início da semana até quinta-feira, quando o estabelecimento atende cerca de 300 pessoas por dia durante o almoço. O tempero é caseiro, com as influências da origem de Dila, que é gaúcha de Cruz Alta (RS). “Cresci ajudando minha avó a cozinhar para a família”, conta ela, que mora em Brasília há 30 anos.

A cada dia, o bufê serve algum tipo de massa. A quinta-feira é dia de bacalhoada; na sexta, a estrela é o salmão. “Também saem muito a carne grelhada na hora, seja frango, seja picanha”, diz. “Tudo aqui é feito com muito capricho, amor e produtos de qualidade”, afirma. “Eu não compro tempero de lho industrializado: a gente tritura e prepara aqui. Não compramos extrato de tomate: fazemos o molho aqui com tomate italiano”, exemplifica. O estilo de cozinha é o do Sul do país. “Não uso coentro. Sirvo para quem gosta de colocar direto no prato no bufê”, revela. “Tem gaúcho que chega aqui e fica aliviado porque não tem coentro”, conta.

Empresa familiar

Dila tem 16 funcionários para dar conta do recado. Também recebe ajuda do marido, Rubens Müller, 64, que cuida da administração financeira. O filho, o estudante de economia João Alfredo Müller, 34, é responsável pelo RH, registrando funcionários. Tanto o pai quanto o filho auxiliam nas compras. “É uma empresa familiar”, define Dila. As especialidades dela são a cozinha, o trato com empregados e o atendimento. A história de Dila com esse ramo de empreendimento começou antes mesmo de A Canttina abrir as portas, há 15 anos.

Ao lado do filho, João AlfredoEla começou a trabalhar na área com um sócio na Pizza Mille, quando o Brasília Shopping foi inaugurado, em 1997. Com o parceiro comercial, abriu um café dentro da Rede Globo e A Canttina no Shopping ID. “Como a gente tinha um restaurante com muitos clientes no Brasília, o shopping nos convidou”, relembra. Há cinco anos, a sociedade acabou, e a família de Dila ficou com a unidade do ID. A rotina dela já era corrida antes do término da parceria, pois se revezava entre três unidades. Há cinco anos, passou a priorizar o restaurante e, com isso, pôde tomar a frente da cozinha. Segundo a proprietária, isso foi essencial para a casa melhorar.

“Eu fico na cozinha quase o tempo todo, tenho mais o controle. Até a equipe ficou mais unida.” Talvez pelo velho ditado de que o olho do dono é que engorda o gado. “Ninguém faz que nem o dono. Faço muita coisa e tudo sai mais do meu agrado. Nem adianta eu colocar alguém para fazer nhoque, torta… Quando os funcionários chegam, eu já cozinhei feijão, coloquei o lagarto no fogo”, aponta. A atenção aos detalhes, importante para o sucesso do restaurante, no entanto, traz dificuldade de delegar. “Tem cinco anos que não tiro férias. Não sei se é muito correto, mas aproveito os domingos e algum feriado para descansar”, explica.

Dedicação e amor

Dila cresceu cozinhando com a avó e traz o mesmo estilo para o restauranteO volume de vendas chega a R$ 180 mil por mês. A crise, comemora ela, passou longe do restaurante. “Tudo isso é graças a Deus, primeiro por me dar saúde para trabalhar, segundo por me capacitar… Graças a Deus, a gente foi passando pela crise sem sentir, não ficamos no vermelho e pagamentos nossas contas em dia”, agradece ela, que é evangélica. Faz parte da receita de sucesso ainda a dedicação singular de Dila. “Eu faço o que eu gosto e faço com amor e bem-feito. Não faço nada por fazer”, define. “Sempre ouço meus clientes comentando que eu sirvo uma comida honesta. Eles vão comer um molho pesto e sabem que é um pesto de verdade, não é um faz de conta. Também elogiam a limpeza.”

Saiba mais

A Canttina
Subsolo do Shopping ID. Telefone: 3037-4737

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  • ulher de roupa branca de cozinheira ao lado de homem branco de camiseta
    ulher de roupa branca de cozinheira ao lado de homem branco de camiseta Foto: Nícolas Braga/Esp. CB/D.A Press
  • Alimentos servidos em self-service
    Alimentos servidos em self-service Foto: Arquivo Pessoal

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