Correio Braziliense
postado em 16/02/2020 04:08
Alessandra Mendes, 44, foi para a Inglaterra estudar inglês em 2004, mesmo ano em que começou a trabalhar como pet sitter no país e está lá até hoje. Cuidando de animais, ela e a esposa, Chamois, ganham aproximadamente 8 mil libras mensais, que equivalem a mais de R$ 45 mil. Pagando as despesas, por exemplo, licenças, gasolina e outros, sobram mais ou menos R$ 28 mil (5 mil libras).
“Não me imagino em outra profissão. Nosso escritório é o parque, acho um privilégio. Vivemos muito bem”, conta. “É um serviço bem exclusivo. Hospedamos no máximo 20 cachorrinhos, então é algo bem pessoal e próximo”, explica Alessandra. Elas oferecem três serviços: hospedagem, quando os animais dormem na casa; day care, cuidado durante o dia; e passeio de geralmente uma hora. Elas moram em uma casa de 100m².
A brasileira afirma que, embora 20 animais pareçam muito, a residência não fica uma bagunça, pois todos são educados. “A gente sempre faz teste com o cachorro. Se ele não demonstrar estar bem no ambiente, não aceitamos.” O day care custa R$ 184,58; o passeio de uma hora, R$ 96,55; e a hospedagem, R$ 212,97. Os valores foram convertidos para real. Apesar de parecer caro no contexto brasileiro, Alessandra explica que, para a Inglaterra, o preço é abaixo da média. “Tem gente que cobra 50 libras (R$ 283,97) por meio dia de cuidado”, compara.
“Como nossa casa é pequena e já trabalhamos há muito tempo com isso (20 anos, aproximadamente), ficamos constrangidas de aumentar o preço.” As dificuldades da profissão começam com as despesas para tornar o negócio lícito. Na Inglaterra, apenas para receber os animais em casa, é necessária uma licença anual que custa R$ 3.975,52, convertendo para real. A permissão para passear nos parques com os animais vale R$ 340,76, valor também convertido.
Além disso, Alessandra explica que, enquanto passeia com os pets, alguém sempre pede para tirar foto ou sugere que ela faça alguma coisa, como soltar os animais. “Isso é muito chato. Cada um tem um modo de trabalhar”, desabafa. Outra dificuldade é lidar com o movimento do verão europeu. “O parque fica cheio de piqueniques e temos que redobrar a atenção com os cachorros.”
Bico virou casamento
Com o lucro, além de se sustentarem, Alessandra e Chamois viajam aproximadamente três vezes por ano. Em 2020, vieram ao Brasil e planejam visitar Bulgária, França e Irlanda. Elas têm três cachorros: o mestiço de chihuahua com yorkshire Gizmo, 9 anos; a yorkshire Bella, 11; e a mestiça de chihuahua com affenpinscher Tabitha, 6. Alessandra se formou em publicidade e propaganda pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub), mas nunca trabalhou na área por falta de oportunidade. Foi então que decidiu ir para Londres por um ano.
Planejava, no máximo, adiar a estadia por 12 meses. “A Inglaterra era uma opção mais fácil que os Estados Unidos por causa do visto. Minha amiga, que já tinha estudado lá, superrecomendou”, lembra. Ela chegou ao país em março de 2004 e, no mesmo mês, conseguiu emprego: uma colega de classe contou que havia visto um panfleto de uma britânica em busca de cuidadora de animal, e ela não hesitou. Ligou para a empregadora e marcou um encontro no parque. Foi contratada.
Quem anunciou a vaga de emprego foi Chamois, que se tornaria companheira dela. A britânica trabalhava com animais havia quatro anos e precisava de ajuda por causa da alta demanda. Após seis meses trabalhando juntas, começaram um relacionamento. “Juntas, desenvolvemos ainda mais o negócio e hoje estamos muito bem”, conta Alessandra. Elas recebem clientes por propaganda boca a boca e indicação de veterinários parceiros. Não anunciam o negócio em nenhum local, nem na internet.
Além do casal, há mais uma funcionária. Alessandra explica que o negócio é relativamente pequeno por decisão dela e da esposa. “Não quisemos aumentar porque envolveria alugar uma sala maior em outro lugar, seriam mais despesas e não conseguiríamos dar atenção especial aos animais”, argumenta. Hoje, elas têm uma lista de cachorros fixos. São 10 para day care e seis para passeio todos os dias, além dos pets que surgem devido a viagem ou imprevisto dos donos.
"Não me imagino em outra profissão. Nosso escritório é o parque, acho um privilégio. Vivemos muito bem. É um serviço bem exclusivo. Hospedamos no máximo 20 cachorrinhos, então é algo bem pessoal e próximo”
Alessandra Mendes, publicitária e pet sitter
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.