Trabalho e Formacao

Startup do DF cria entrega solidária para quem não pode sair de casa

Durante a pandemia, voluntários fazem compras de supermercado e farmácia para integrantes do grupo de risco do Covid-19 e, assim, ajudam a salvar vidas. Qualquer pessoa pode participar

A pandemia de coronavírus forçou o distanciamento social a fim de prevenir a doença. Especialmente para quem faz par de grupo de risco, como idosos, sair de casa se tornou um risco. Até mesmo atividades cotidianas como fazer compras de supermercado  e farmácia viraram um desafio. Para facilitar a vida das pessoas, a startup brasiliense Oito disponibilizou em sua plataforma o canal Entrega Solidária. Com essa ferramenta, voluntários podem ajudar integrantes do grupo de risco do Covid-19 disponibilizando-se para fazer compras para eles.
 
 
Por meio de um aplicativo, interessados podem solicitar alguém para ir à farmácia ou ao supermercado por eles. O serviço de entrega é completamente gratuito: quem solicita paga apenas pelos produtos requisitados. O contato da pessoa que pede o serviço é feito diretamente com quem está cadastrado na Entrega Solidária. A plataforma apenas oferece o meio, mas não interfere na comunicação entre os envolvidos. Quem solicita o serviço realiza o pagamento do produto diretamente para o entregador, que, na hora da entrega, apresenta a nota fiscal.

Para o pagamento também vale utilizar métodos digitais, como transferências bancárias ou aplicativos, como PicPay. Após a realização do serviço, o solicitante tem a opção de fazer uma avaliação do entregador. “O objetivo da Entrega Solidária é ajudar as pessoas, principalmente as que pertencem a um grupo de risco e que, por precaução, não devem em hipótese alguma sair de casa”, explica Karine Gonzaga, cofundadora da startup Oito. “Assim quem não faz parte do grupo de risco pode ajudar quem faz. É uma maneira de ajudar ao próximo, de olhar mais para o outro”, diz.

Um ato de amor

A professora aposentada Maria das Graças do Nascimento Ferreira, 58 anos, já se beneficiou do serviço. Ela enxerga a iniciativa como um ato de amor ao próximo e uma grande ajuda para quem está mais vulnerável à doença. “Ainda existem pessoas que estão dispostas a ajudar, é um ato de caridade, um trabalho solidário”, elogia. “Essa ferramenta colabora para que a pessoas no grupo de risco não precisem se arriscar saindo de casa, é uma forma de salvar vidas, inclusive”, reflete ela, que sempre evita deixar sua residência, em Planaltina.

“Esse aplicativo é uma forma de nos ajudar e evitar que pessoas mais velhas e com sistema imunológico comprometido sejam contaminadas”, comenta a aposentada. Entre os voluntários que ajudam pessoas como Maria das Graças, está a estudante de enfermagem do Iteb Carmen Silvana Pereira de Santana, 25 anos. Ela descobriu o aplicativo por meio de amigos que utilizam a plataforma. A jovem usa carro para fazer as entregas.

“Estamos vivendo uma situação bastante peculiar e difícil. Eu tenho avós que estão no grupo de risco, não podem sair e, mesmo assim, precisam fazer compras para sobreviver”, diz. “Por presenciar esse outro lado do isolamento social, eu uso a plataforma e me disponibilizo como entregadora. Eu comecei tem uma semana e já realizei algumas entregas”, relata. “É gratificante saber que estou ajudando quem precisa. Até mesmo posso estar salvando uma vida”, afirma a moradora de Sobradinho.

Ficou interessado?

Tanto para se tornar voluntário quanto para ter acesso ao serviço de Entrega Solidária, você pode acessar o site da Oito ou, então, usar o aplicativo da startup, disponível para iOS.

Sobre a startup

A Oito permite que profissionais anunciem suas habilidade e que outras pessoas possam contratá-los. No aplicativo, é possível encontrar serviços de trabalhadores como nutricionistas, psicólogos, designers de interiores, pedreiros, entre tantos outros. No momento, a plataforma conta com mais de 3 mil pessoas cadastradas e funciona em todo o país. “Temos categorias de serviços tradicionais, como pintor, gesseiro, manicure e outros”, informa Karine Gonzaga, cofundadora da Oito.

"E criamos categorias que podemos chamar de mais atuais, como a Ajudinha, que conta com passeadores de cães, vovô e vovó de aluguel, entre outros. É justamente nessa categoria que se encontra a aba da Entrega Solidária”, explica. A ação social conta com 10 entregadores voluntários cadastrados e, até o momento, 25 deliveries foram feitos. Além da Entrega Solidária, a plataforma também oferece outra alternativa de serviço para os usuários, que é a opção Shopper. Diferentemente do primeiro, esse, sim, é pago. Nesse caso, o solicitante negocia com o entregador o preço da entrega e passa a lista de compras por meio do chat da Oito.

O pagamento pode ser feito diretamente pelo shopper, pessoalmente no momento da entrega ou por outras ferramentas digitais. O aplicativo também disponibiliza funções voltadas para o entretenimento dos usuários. Um exemplo é a categoria Esportes de Aluguel, que permite às pessoas que gostam de videogames entrarem em contato com outras para agendarem e jogarem juntas on-line.
 
O que pode ser uma boa alternativa para aqueles que não estão lidando bem com o isolamento social e querem mais chances de socializar, mesmo que a distância. Karine ainda acredita que a plataforma poderá continuar sendo importante, inclusive, após o fim desse período de quarentena. “Com essa crise, muita gente perdeu, e ainda está perdendo, o emprego. Com o nosso aplicativo, essas pessoas podem anunciar seus serviços na Oito de forma gratuita”, comenta a empreendedora.
 
 

*Estagiário sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa
Arquivo pessoal -
Arquivo Pessoal - Karine Gonzaga usando preto e sorrindo para câmera
Oito/Reprodução - Imagem de divulgação, predominantemente roxa com detalhes em branco. Está sendo ilustrado um rapaz entregando um pacote para uma mulher em casa
Oito/Reprodução -