Correio Braziliense
postado em 19/04/2020 04:10
O empresário Firas Alsabbgh, 36, mora no Brasil há cinco anos. Refugiado da guerra civil que acontece no país dele, veio para cá construir uma nova história. Na Síria, trabalhava em uma loja de tecidos, mas fazia curso para barbeiro. Em São Paulo, primeira cidade em que morou quando fugiu, tentou continuar trabalhando com panos, entretanto, teve dificuldade e resolveu tentar a sorte como barbeiro.“Agora, entendo como funciona o trabalho no Brasil e trouxe minha família para cá. Aprendi a falar algumas palavras para melhorar o atendimento e abri minha barbearia em Águas Claras. Dou graças a Deus por tudo ter dado certo”, relata. Com o isolamento social, as barbearias precisaram fechar. No entanto, deixar o cabelo crescer está longe de ser uma opção para muita gente.
No que depender do dono das três unidades da Barbearia Firas, pelo menos os cortes masculinos estarão a salvo. Ele criou o conceito de “barbearia delivery” e atende na casa do freguês. “Muitos clientes trabalham na área militar, de aviação ou em hospitais. O pessoal não aguenta e nem pode ter cabelo e barba grandes e precisa de ajuda”, afirma. Encontrar os fregueses em casa foi a forma que Firas arrumou para manter em dia o pagamento dos aluguéis das lojas e ter dinheiro para as necessidades pessoais.
O lucro não se compara ao de antes do isolamento, mas o serviço prestado é o que tem garantido a sobrevivência. “Eu vou porque são pessoas que precisam da estética para trabalhar, se sentem confortáveis com meu serviço e eu preciso do dinheiro. Eu os ajudo e eles me ajudam”, justifica. Apesar de conseguir cerca de seis clientes por dia, há muitos gastos com o material de proteção, como máscaras e luvas, e de esterilização do material de trabalho. O preço do corte é R$ 20, mais uma pequena taxa de locomoção.
Firas tem cerca de 14 funcionários, que são uma preocupação neste momento. A maioria deles mora em cidades distantes e não tem condições de se locomover todos os dias para Águas Claras para fazer o delivery. Para ajudá-los a manter alguma renda durante a crise, o barbeiro sempre pergunta ao cliente se eles têm preferência por algum funcionário específico e agenda um horário com ele.
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