Correio Braziliense
postado em 26/04/2020 04:13
Pâmela Ghilardi, 28 anos, define-se como mãe solteira do filho, Lucca, 7, mora em Sapiranga (RS) e enfrenta sobrecarga de trabalho. Publicitária na Galerie Comunicação e digital influencer, ela é dona do perfil @fofocademae no Instagram, em que divide com o público a experiência da maternidade. O home office não é novidade para Pâmela, que adota o modelo há três anos e mora sozinha com Lucca desde que ele tinha 1 ano e meio de idade. Mesmo assim, o período atual é atípico e traz tensão.
“Trabalhar em casa com uma criança que não pode ir para escola, sair para a rua, ver o coleguinha, com certeza, é uma das tarefas mais desafiadoras que podem existir”, afirma. “Eu moro em um apartamento pequeno sem sacada, sem pátio. Está difícil”, detalha. “O meu ritmo de trabalho quando estou com ele é completamente diferente. Uma coisa que eu levo 10 minutos para fazer quando estou sozinha, com a presença do meu filho passo a levar 30 minutos, uma hora, às vezes até duas horas…”
Pâmela está em quarentena desde 12 de março. Para ela, a fase inicial foi a mais difícil até agora. “Os primeiros dias foram bem complicados, era muita informação, nós não sabíamos como seria, se eu permaneceria com meu emprego, como ficaria a comida… Foram tempos assustadores”, relata. “Agora, está bem melhor, conseguimos nos adaptar.” Claro, neste período, qualquer complicação de saúde ganha um toque crítico. “O Lucca teve uma alergia nesses últimos dias, tive que levá-lo ao hospital, mas está tudo mais controlado”, conta.
Estratégias de ação
Para trabalhar sem interrupções, Pâmela adotou estratégias. Ela tem acordado mais cedo do que o filho e, durante o dia, faz intervalos. “Eu trabalho em torno de 40 a 50 minutos e paro por 20 minutos para dar atenção a ele”, explica. Por causa das pausas, o expediente, que antes poderia se encerrar às 17h, vai até às 20h ou às 21h. “Na internet, parece que damos conta de tudo, mas as redes sociais não mostram a louça suja na pia”, brinca.
Pâmela supõe que a situação de mulheres casadas pode estar ainda mais difícil. “Eu tenho pena delas”, brinca. “Eu tenho uma pessoa e meia em casa e estou assim, quem tem mais gente… Vai direto pro céu!” As soluções que aplicou na própria rotina com bons resultados Pâmela compartilha com os mais de 40 mil seguidores do Instagram. “O que eu tenho dado de dica é incluir a criança na rotina da casa. Quando vou lavar louça, digo para o Lucca: eu vou lavar e você seca”, exemplifica.
“Quando a máquina para de bater a roupa, peço para ele girar o botão de colocar para secar. Eu o chamo ele para guardar as peças comigo”, expõe. “Estamos tentando nos adaptar a uma rotina que a gente não tinha. É óbvio que tem dias em que tudo dá errado, mas tem dias em que tudo flui superbem”, diz. Mais tempo em casa, pela quarentena, tem seu lado negativo, mas pode ter aspectos positivos, como oportunidades de atividades inusitadas com o filho. “Uma noite dessas, fizemos uma exposição com os desenhos dele, pegamos as pinturas e penduramos na parede”, conta.
Uma mensagem que Pâmela passa para as seguidoras e outras mulheres é no sentido de se livrar de autojulgamentos e da pressão para dar conta de tudo. “Às vezes, a gente acha que é a pior mãe do mundo. Nos sentimos muito culpadas. Todo mundo está dando o seu melhor, e temos que nos livrar dessa culpa”, ensina. Conhecer a realidade de outras mães, inclusive, foi um dos fatores de motivação para Pâmela começar seu Instagram há sete anos. “Eu queria conhecer meninas que estavam na mesma situação que eu, que eram jovens, solteiras, que tinham filho pequeno em casa”, lembra.
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