Correio Braziliense
postado em 26/04/2020 04:13
Psicóloga, atriz e escritora, Cris Linnares, 44 anos, é autora de livros como o best-seller Divas no divã e o recém-lançado Doidas no divã, fruto de nove anos de estudos sobre os fatores que podem aumentam a ansiedade e o estresse entre as mulheres. São eles: o perfeccionismo, a procrastinação e a preocupação. As dicas que reuniu na obra são preciosas para lidar com a sobrecarga durante o isolamento.
Com pós-graduação em terapia cognitiva pela Universidade Harvard, ela repete um mantra: “Nós podemos parar, mas não precisamos pirar”. Para lidar com o perfeccionismo, ela recomenda fazer aquilo que é possível, não o que esperam. Já com relação à preocupação, enfatiza: “Pare com essa ideia de ‘controlar a emoção’, ‘controlar a ansiedade’. Uma das coisas que mais revolucionou minha vida, e eu falo isso como uma mulher que sofreu de depressão e de ansiedade crônica, é parar de querer controlar as emoções”.
Mãe de dois filhos de 14 e 3 anos e com uma enteada de 25 anos, Cris diz que, assim, não é preciso tentar ser otimista ou positiva o tempo todo também. “O cérebro tem em torno de 80 mil pensamentos por dia, e a maioria será daqueles que as pessoas classificam como negativos, mas que eu chamo de protetores”, afirma. “São pensamentos que querem proteger você. Não resista a esses pensamentos, pare de tentar controlar aquilo que não se controla”, aconselha. A procrastinação, diz Cris, pode ser resolvida com uma noção realista do que cerca a rotina e o ambiente que a mulher está inserida.
Durante a depressão pós-parto, Cris emagreceu 30 quilos e se recolheu em uma espécie de autoisolamento. “Eu me coloquei em quarentena, eu isolei meus sonhos, eu me isolei”, lembra. Atualmente residindo em Fargo, cidade na Dakota do Norte, a paulista se mudou para os Estados Unidos em 2005 e lá enfrentou “vários lutos”. Pela perda do pai, pelo abandono da carreira de sucesso no Brasil para viver um grande amor em uma das cidades mais frias da América do Norte, por deixar para trás a cultura de seu país para se adaptar a outra totalmente diferente.
Para reverter a situação, criou o projeto Diva Dance. “Você vai a um terapeuta que pergunta como é a relação com a sua mãe, mas não pergunta o que você comeu no café da manhã, sendo que 90% da serotonina é produzida no intestino”, diz. “Então, eu comecei a pensar que, se eu quisesse me libertar da depressão, precisava cuidar do que eu como, rever as mensagens que recebo. E aí foi quando percebi o poder do corpo e desenvolvi uma dança-terapia chamada Diva Dance”, relata.
Trata-se de uma terapia corporal que utiliza dança latina com técnicas de psicoterapia para aumentar a energia e liberar o potencial da mulher. Em 2011, Cris fundou em Fargo, nos EUA, a ONG Women's Impact para ajudar a empoderar mulheres que sofrem com violência doméstica e ajudá-las a criarem seus próprios negócios. Assim, começou a dar palestras nos Estados Unidos e na Europa. Em 2015, foi eleita pela revista Glamour norte-americana uma das 50 heroínas do ano.
“Faça aquilo que você pode fazer, a expectativa vai ter que mudar agora. As mulheres vão ter que começar a pedir mais, pedir ajuda”, alerta. “Quando trabalhava em casa, depois de nove anos de pesquisas para o meu livro, conclui que o estresse da mulher é 40% maior do que o do homem. Até pela estrutura cerebral, nós sentimos mais, temos uma percepção maior. Então, o bom é o ótimo de agora.”
Meta a colher, sim!
Em 14 de abril, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), sancionou a Lei n° 6.539 que obriga condomínios a denunciar situações de violência doméstica e familiar que ocorram em seu interior. A denúncia aos órgãos de segurança pública deve ser feita pelo síndico ou pela administração em um prazo máximo de 24 horas após a ciência do fato. O descumprimento por parte dos condomínios pode acarretar em multa que varia de R$ 500 a R$ 10 mil, a depender da gravidade do caso.
Leia!
Doidas no divã
Autora: Cris Linnares
Editora: Buzz Editora
232 páginas
R$ 39,90
Alguém já lhe perguntou se você é ou estava doida? Se a resposta foi sim, este livro foi escrito especialmente para você! Até porque, a maioria das mulheres vive apressada, estressada, ansiosa… E se isso é ser “normal”, só podemos chegar à conclusão de que precisamos mesmo ser doidas! As pessoas mais inspiradoras geralmente têm algo em comum: em algum momento foram criticadas ou chamadas de doidas por aqueles que se contentam com o conforto de ter uma vida normal, sem muitos riscos, ousadias e loucuras. O livro lhe encoraja a dar uma de louca para que você possa, se quiser, escrever uma história de vida tão fascinante que todos ao seu redor vão olhar e dizer:
“Essa aí é doida mesmo!”
Aumento da violência doméstica?
O isolamento social pode ser um pesadelo na vida de mulheres que sofrem com a violência doméstica. Os casos de agressões dentro de casa aumentaram 44,9% em São Paulo, é o que mostra relatório divulgado em 20 de abril pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
No Distrito Federal, não houve aumento dos casos de atendimento e acolhimento de mulheres em situação de violência em março, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública. Mas esses dados podem mascarar uma violência não denunciada. Durante a pandemia, as mulheres têm mais dificuldade de sair para fazer a denúncia ou buscar atendimento nos locais de acolhimento psicossocial, portanto, a tendência é que os números não tenham muita alteração.
Pensando nisso, a Secretaria da Mulher e também as delegacias criaram canais de atendimento por telefone, e-mail e registro de Boletins de Ocorrência on-line. As mulheres em situação de vulnerabilidade podem mandar mensagens de WhatsApp pelo número (61) 99415-0635 ou entrar em contato pelo e-mail vocenaoestaso@mulher.df.gov.br.
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