Trabalho e Formacao

Contratações na rede particular

Correio Braziliense
postado em 10/05/2020 04:20



Esforços dobrados e adaptações para ampliar equipes também ocorrem nas instituições particulares de saúde. A Rede D’Or São Luiz tem 46 unidades espalhadas pelo Brasil e, desde março, contratou mais de 4 mil funcionários. O número é quatro vezes maior do que a média mensal habitual da empresa. De forma direta e indireta, os novos empregados desempenharão funções ligadas às infecções pelo coronavírus. Do total, mais de 1.700 são técnicos de enfermagem e 1.000 são enfermeiros. O diretor executivo da rede nacional de hospitais, Rafael Froes, formado em relações internacionais, contou com empresas parceiras para fazer as contratações da forma mais rápida e segura possível.

“Aumentar o quadro é fundamental para estarmos aptos a atender o fluxo adicional de pacientes com covid-19. A doença avança de forma acelerada, de difícil previsão. Se não nos anteciparmos e fizermos os reforços necessários, haverá um problema de capacidade de atendimento por falta de mão de obra”, pontua. Além do aumento da demanda, há afastamentos de profissionais classificados como grupo de risco. Por isso, as contratações podem continuar sendo feitas por mais tempo. “Ainda não temos segurança para falar que não precisamos mais contratar. Em maio, devemos receber mais pacientes. Então, ainda é cedo para reduzir o ritmo”, afirma.

O processo seletivo da fisioterapeuta Francilayne Lima, 24 anos, para o Hospital São Francisco (HSF), em Ceilândia, começou no ano passado. De acordo com ela, as contratações efetivadas em março foram antecipadas para que a equipe hospitalar estivesse pronta quando os casos aumentassem. “Quando entrei, houve primeiro um período de integração. Foram dois dias em que o RH nos reuniu, e tivemos palestras com um infectologista para explicar essa questão da covid”, conta. Logo no primeiro emprego, a fisioterapeuta encara a pandemia de uma doença altamente transmissível.


Formada pela Universidade de Brasília (UnB), ela dá suporte nas internações e na unidade de terapia intensiva (UTI). Francilayne elogia a forma como o HSF tem organizado a situação e presta suporte aos profissionais, deixando-os mais confortáveis perante os dias difíceis. “No entanto, hospital é uma caixa de surpresas. Por mais que tenha uma boa divisão da equipe, chega um momento em que são muitas pessoas para atender”, relata. Francilayne não nega que o medo é um sentimento presente. “Nós, como profissionais de saúde, sabemos que isso faz parte do ofício”, diz.

“Se não fosse o coronavírus, seria qualquer outra doença. Estamos em risco desde sempre”, expõe. Os desafios são muitos. A doença é nova e os profissionais que estão há mais tempo precisam treinar os recém-chegados. Todo dia significa uma longa luta. Por isso, a fisioterapeuta pede que as pessoas continuem levando o isolamento social a sério até que novos métodos de contenção sejam estabelecidos. “As pessoas não estão presas em casa, estão salvas. É triste e preocupante a falta de empatia da população”, observa.


Mortes no país


O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) divulgou números de infecções e óbitos de enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem no Brasil devido à pandemia:
  • Infectados com coronavírus: 12 mil
  • Mortos por coronavírus: 98
  • Letalidade: 2,5%
Observação:  O Ministério da Saúde não tem números sobre as outras categorias. Foram consultados os conselhos responsáveis por médicos, fisioterapeutas, farmacêuticos e biomédicos, que disseram não ter dados sobre suas respectivas categorias. Os óbitos da enfermagem no Brasil (98) são mais do que o dobro da Itália (35) e da Espanha (4). As informações são da Federazione Nazionale degli Ordini delle Professioni Infermieristiche e do Consejo General de Enfermería, órgãos de atividades equivalentes ao Cofen na Itália e Espanha, respectivamente.



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