Trabalho e Formacao

Revalida emergencial pode estar a caminho

Correio Braziliense
postado em 10/05/2020 04:21
Heloísa Fonseca, graduada em medicina em universidade argentina

Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 1780/2020, em caráter emergencial, para o estabelecimento do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida). O texto, assinado por 17 deputados, prevê que todos os médicos brasileiros formados no exterior possam participar do exame. A prova é essencial para que graduados fora possam trabalhar no combate à pandemia do novo coronavírus no Brasil.

No projeto, deputados argumentam que aplicar o teste neste momento ajudará a incorporar rapidamente médicos que fazem falta no combate à covid-19. Na justificativa, os parlamentares mencionaram a estimativa de “que são 15 mil os médicos brasileiros que têm formação em universidades no exterior, mas não tiveram a oportunidade de convalidar o seu diploma devido à total paralisação do Revalida, que teve sua última edição em 2017 não concluída”. Em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informa que a prova do Revalida ocorrerá neste ano.

O órgão alega estar trabalhando com a formação de banca de especialistas para escolha das questões e a definição do cronograma de aplicação do exame. Formada em medicina pela Universidad Adventista del Plata, na Argentina, Heloísa Fonseca, 30 anos, está desempregada no Brasil. Para ela, o Revalida é a oportunidade que falta para exercer a profissão no próprio país. “Sempre foi meu sonho ser médica no Brasil. Eu não consegui passar (numa faculdade) aqui e também não tinha dinheiro para continuar pagando cursinho ou pagar uma universidade particular. Então, essa prova me dará o que sempre sonhei na vida”, admite. Ela se prepara para o exame desde 2017. Antes de voltar para o Brasil, Heloísa trabalhou durante um ano na Argentina.


“Eu tive o gostinho da prática. Estou estudando este ano. São vários altos e baixos, mas sigo me esforçando”, conta. A reivindicação, agora, é apenas pela chance de fazer o exame. “Nós não estudamos para sermos médicos medíocres. É muito triste quando vemos o nosso próprio país não dar importância para o nosso esforço.” Se conseguir a revalidação, ela não teme trabalhar no combate ao coronavírus. “Sou médica e vou fazer tudo o que eu puder”, garante.

Jodair Francisco de Paula, 50, se formou em enfermagem antes de decidir fazer medicina fora do país. Ele optou por se graduar no exterior, na Universidad de Aquino, na Bolívia. Apesar da formação fora, é no Brasil que Jodair deseja atuar. “Eu sou brasileiro. Fui para fora, estudei e voltei. Agora, nada mais justo do que exercer a profissão aqui”, defende. O médico percebe que vivemos um momento preocupante, em que existe uma necessidade de mais profissionais de saúde para fazer os atendimentos. “É importante estarmos na linha de frente atuando. Nós estudamos para isso, para ajudar as pessoas que necessitam e auxiliar no que é necessário com base no nosso conhecimento”, declara.



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