Trabalho e Formacao

Tendências que devem permanecer

Como será o "novo normal" depois do coronavírus? Essa é uma pergunta que ainda não tem resposta exata, mas especialistas acreditam que a migração para o mundo digital durante o isolamento deixará fortes marcas no período pós-pandemia

Correio Braziliense
postado em 24/05/2020 04:15
Crise acelerou a inteligência tecnológica das pessoas em vários anos

Trabalho remoto, videoconferências, reuniões por aplicativo, aulas on-line... Essas são algumas tendências que vinham ganhando força antes da pandemia do novo coronavírus e se intensificaram com o isolamento social. A rotina de trabalho mudou e, provavelmente, continuará seguindo o mesmo caminho após o fim da quarentena, segundo especialistas. As organizações foram forçadas a migrar para o mundo digital, e muitas se adaptaram bem à tendência.

O Twitter, por exemplo, anunciou home office permanente para todos os funcionários que preferirem o modelo e estiverem em cargos que permitam o trabalho a distância. Nesse contexto, existem pesquisas que tentam entender como deve ser o “novo normal” depois da crise do coronavírus. Levantamento do grupo global de comunicação Dentsu Aegis Network mostra como os chineses estão se adaptando após o fim do isolamento.

De acordo com a pesquisa, aplicativos de comunicação entre equipes, como DingTalk, WeChat Work, Microsoft Teams e
Lark, se tornaram os mais vendidos das lojas de apps chinesas. Até 3 de fevereiro, mais de 10 milhões de empresas estavam usando o DingTalk para o trabalho remoto. “Algumas práticas que a gente adotou nesta situação dificilmente deixarão nossas rotinas. A gente teve aprendizados forçados”, analisa Ana Leão, diretora da Isobar, empresa de marketing da Dentsu Aegis Network.


“Muitas companhias aprenderam que a transformação digital não pode esperar mais. Com transformação digital, a gente não está falando só de mídias sociais e e-commerce, mas de uma verdadeira transformação das organizações para que elas operem dentro da economia digital”, afirmou Ana Leão. De acordo com a diretora, as apresentações e reuniões a distância — por meio de plataformas como Zoom e Skype — e o trabalho remoto — seja em casa, seja em um coworking — devem se intensificar no “novo normal” do Brasil.

Outra tendência, segunda ela, é o ensino a distância. “As empresas ligadas à educação que tiveram de se adaptar ao ensino remoto e investir na capacitação de professores não vão deixar de investir”, explica a diretora, que tem MBA pela University of British Columbia e pela Fundação Dom Cabral. Com mais de 20 anos de carreira em publicidade, Ana esclarece, no entanto, que essas são todas pressuposições e apostas, pois há muitos fatores que afetarão a rotina pós-isolamento.


Tecnologias em alta


Cofundador da aceleradora de startups Cotidiano, André Fróes também acredita que a migração dos profissionais e empresas para o mundo virtual deve permanecer. “Hoje, a gente vê academias fazendo aulas on-line, médicos atendendo remotamente... Vai ser difícil isso acabar no contexto pós-isolamento”, avalia. “Se, antes, eu fazia uma consulta com um médico e tinha o custo do deslocamento e a chatice das filas, agora faço uma consulta remota”, compara.“Quando o isolamento acabar, não tem porque eu não continuar fazendo o atendimento a distância se isso foi percebido como um valor entregue pelo médico”, justifica o engenheiro de redes de comunicação pela Universidade de Brasília (UnB).

Entre as tendências que ganharam força durante o isolamento e devem continuar em alta, segundo a coordenadora dos cursos de data analytics e engenharia de dados do Instituto de Gestão e Tecnologia da Informação (IGTI), Fernanda Farinelli, estão aplicativos para registrar as jornadas de trabalho, adoção de assinatura digital para viabilizar a formalização de instrumentos contratuais, uso de aplicativos ou websites para solicitar serviços e atendimentos via chatbots. “Com o fim da pandemia, é uma tendência que as empresas mantenham esses canais.” Outro exemplo citado pela doutora em ciência da informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) são as sessões remotas dos Poderes Legislativo e Judiciário. “A telemedicina e videochamadas entre profissionais de saúde e pacientes também têm potencial para persistir, mas demandam regulamentações”, acrescenta.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa


"Hoje, a gente vê academias fazendo aulas on-line, médicos atendendo remotamente... Vai ser difícil isso acabar no contexto pós-isolamento”
André Froes, fundador de aceleradora de startups


"Algumas práticas que a gente adotou nesta situação dificilmente vão deixar nossas rotinas. A gente teve aprendizados forçados”
Ana Leão, diretora de empresa de marketing


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