Trabalho e Formacao

Um juiz empossado aos 26

Correio Braziliense
postado em 31/05/2020 04:10


“Eu sempre tive vontade de transformar a realidade social. E eu via o juiz como sendo alguém que podia fazer isso”, conta Fabrício Castagna Lunardi, 37 anos. Em 2009, quando tinha 26, o sonho tornou-se realidade — ele passou no concurso para juiz de direito da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Lunardi cursou direito na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Quando se formou, por ter sido o melhor da turma em notas, ganhou bolsa para fazer cursinho no antigo Instituto de Ensino Luiz Flávio Gomes (IELF), hoje chamado LFG.

Fez o preparatório durante um ano e passou em vários concursos — foi aprovado na seleção para os cargos de defensor público (RS), procurador do estado do Rio Grande do Sul, advogado da União, procurador federal, procurador da Fazenda Nacional, promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná (em primeiro lugar) e juiz de direito Substituto do TJDFT. Desses, tomou posse como defensor público do Rio Grande do Sul e advogado da União, aos 23 anos, e como juiz, aos 26.

O doutor em direito pela Universidade de Brasília (UnB) também foi professor de direito processual civil e de direito constitucional da UFSM no período de 2006 a 2007. Atualmente, é pesquisador, palestrante, escritor e coordenador de diversos projetos de pesquisa na área de gestão e inovação no Poder Judiciário. Ao todo, escreveu 16 livros, sendo os mais recentes: O STF na política e a política no STF, Curso de direito processual civil (Saraiva, 2019), Curso de sentença cível (Juspodivm, 2019) e Curso de sentença penal (Juspodivm, 2020) — os dois últimos, escritos em coautoria.

É, também, coordenador-geral da Escola de Formação Judiciária do TJDFT. Ano passado, a vara onde é titular (Tribunal do Júri de Samambaia) ficou em primeiro lugar no ranking nacional de melhor desempenho entre Tribunais do Júri do país. O segredo para a trajetória de sucesso, de acordo com Lunardi, reúne foco, dedicação e persistência. Ele conta que sempre foi estudioso. Na época da escola, tirava boas notas e gostava tanto das disciplinas de exatas quanto das de humanas.

“Para você ter uma ideia, eu estava na dúvida entre engenharia civil e direito. Eu ia muito bem nas matérias de exatas e gostava muito de redação”, relembra. “Acabou que eu optei pelo direito, porque queria transformar a sociedade e fazer justiça”, afirma. O conselho do juiz para quem quer seguir carreira na área é estudar muito, ter objetivos claros e motivação. “Também é muito importante ter fé, porque você acaba passando por diversas intercorrências na sua vida. E sempre percorrer seu objetivo. Acho que isso é fundamental.”
 
Vida pessoal, profissional e acadêmica

Durante o período de isolamento social, Fabrício divide a rotina em três esferas: pessoal, profissional e acadêmica. O juiz está ajudando os filhos com as atividades escolares a distância. “Antes, a gente os deixava na escola, que se encarregava de desenvolver as competências das crianças”, relembra. “Durante a pandemia, em razão do isolamento social, parte disso é delegado aos pais.”

Do ponto de vista profissional, o doutor em direito pela UnB conta que o Poder Judiciário está empenhado em desenvolver novos fluxos processuais e formas de trabalhar em meio à pandemia, a exemplo das sessões de julgamento remotas. “Há uma corrida no Judiciário pelo uso de novas tecnologias para trazer mais agilidade aos processos, aumentando também a qualidade deles e reduzindo as atividades presenciais”, diz. Além disso, o especialista em direito civil pela UFSM tem se dedicado a escrever artigos sobre sua tese de doutorado.


O “novo normal” para Fabrício Castagna Lunardi
“A gente vai ter um novo mundo depois da pandemia. As mudanças que foram implementadas nesse período vieram para ficar. Teremos muito mais compras pela internet, menos deslocamento das pessoas, mais home office... Haverá uma corrida cada vez maior pela automação e pelo uso de tecnologias para a comunicação. A gente observa que várias palestras e aulas que eram obrigatoriamente presenciais também passaram a ser ministradas pelo ambiente virtual por sistemas de videoconferência. u acho que o mundo nunca mais vai voltar a ser como era antes. A crise provocada pela pandemia e pelo isolamento social vai gerar uma nova forma de nos relacionarmos, que será muito mais digital do que antes.”
 
 

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