Trabalho e Formacao

Paliativos à demissão

Correio Braziliense
postado em 14/06/2020 04:30
 

Atuando como empregada doméstica desde os 14 anos, Angela Souza de Alencar, 30, mora em Ceilândia, cidade que se tornou um epicentro de coronavírus no Distrito Federal. “Está todo mundo com medo, ninguém quer pagar as empregadas para ficarem em casa”, diz. Antes da pandemia, ela tinha dois empregos, um fixo, como doméstica; outro, como funcionária da limpeza em eventos. Acabou sem nenhum. Ela relata que está “empurrando com a barriga” com a renda que está tirando do seguro-desemprego, benefício que vai deixar de receber no próximo mês, quando completam os três meses assistidos por lei.
 
“Não tem o que fazer, não vou correr risco, não tem com o que trabalhar; então, vamos nos virar com o salário do meu marido, que é professor”, explica. Angela precisou trancar o curso de contabilidade que fazia no Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (Uniplan), por não ter mais condições de pagar as mensalidades. Para não entrar na mesma condição de desemprego que Angela, há trabalhadores que agradecem as alternativas das MP 936 e 927. É o caso da pedagoga Késia Cardial, 36, que trabalha numa escola em Samambaia.


 

“Pensei que não fariam nada e que ficaríamos à mercê do empregador. Essa medida provisória cortou o meu salário pela metade, mas acabou ajudando, porque manteve meu emprego; então, eu acho que foi boa”, opina. Ela tinha acabado de voltar de férias quando o isolamento começou e viu forte impacto nas finanças. “O meu salário diminuiu muito, então, estamos nos virando nos 30”, afirma a mãe de uma filha bebê que havia retornado da licença maternidade há pouco tempo. “Meu marido é músico e não está trabalhando. Ele recebeu o auxílio de R$ 600.”

Consultor de vendas externo no ramo de bebidas, Diorge Gomes, 31 anos, teve o contrato suspenso. Para além da diminuição na renda fixa, ele perdeu o volume que ganhava em comissões. “Com isso, a empresa paga 30% do nosso salário e os outros 70%, quem paga é o Estado, mas isso é baseado no salário fixo, a comissão não temos mais e isso provoca uma queda nas finanças”, diz. Diorge acredita que as medidas provisórias foram essenciais para a manutenção dos empregos. “Se não fosse isso, eu acredito que o Brasil teria mais desempregados do que já está tendo”, reflete.

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