Trabalho e Formacao

Desligamentos maiores que o normal

 Geralda Godinho dos Santos, secretária-geral do Sindicato dos Empregados no Comércio do Distrito Federal (Sindicom) conta que o número de demissões mais do que triplicou em relação ao mesmo período do ano passado. “Em abril, chegamos a 4 mil demissões. Para este período, em um ano normal, o número é totalmente estranho, é algo que não existia perto do Dia das Mães”, comenta. Em outras épocas, o número mal chegaria a 200. A secretária relata que, no início da pandemia, o sindicato se mobilizou para fazer um acordo de antecipação de férias.

“Achamos que, ao fim de 15, 30 dias, isso seria passado.” Agora, com os números aumentando dia após dia, as angústias se dividem entre renda e saúde. “Conforme os dias avançam e a economia aperta, só vemos demissões. Dias horríveis ainda virão”, teme. A reabertura do comércio também é motivo de preocupação. “Não adianta só abrir se não tiver uma fiscalização intensa da saúde”, opina. Geralda chama a atenção para as condições. “Estamos preocupados com a saúde do trabalhador, sabemos que tem mercados — principalmente na periferia — que não estão seguindo as ordens e distribuindo equipamentos de proteção para os funcionários”, denuncia.

A falta de apetrechos de segurança atinge até trabalhadores da saúde, como denuncia o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), o ginecologista, obstetra e advogado Gutemberg Fialho. A ausência de luvas, avental, capota e protetor facial tanto para profissionais da área quanto para pacientes é motivo de extrema preocupação. “Muitos usuários têm recebido máscaras compradas e fabricadas pelos próprios funcionários”, relata. Além disso, a imprecisão ou falta de testes agrava a fragilidade do quadro. “Os exames são de eficácia baixa, não estão sendo feitos em massa nos profissionais de saúde, você pode ter profissionais que estão contaminados infectando o paciente. É uma situação de completa fragilidade”, alerta.