Trabalho e Formacao

Escritora promove lives educativas e legendadas para surdos oralizados

Em transmissões ao vivo, Lak Lobato, autora do blg 'Desculpe, não ouvi', entrevista diversos especialistas sobre temas importantes para a minoria

Correio Braziliense
postado em 18/06/2020 13:30
Em tempos de pandemia, a informação é uma das maiores aliadas da sociedade. No entanto, diversas minorias são esquecidas nesse processo tão importante. Em nome da causa pelos surdos oralizados, a escritora Lak Lobato, 43 anos, começou a promover lives educativas e legendadas direcionadas especialmente ao grupo. As transmissões são feitas quase diariamente em página do Facebook

Lak Lobato, autora do blog Autora do blog “Desculpe, não ouvi", Lak convida especialistas para debater tratamentos da surdez, implante coclear e informações gerais sobre os impactos da pandemia a esses recursos. Com legendas simultâneas, a escritora conversa com médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos, músicos, palhaços, professores de mindfulness, mães, pais e usuários de tecnologias auditivas.
 
“Falam sobre tudo que tem a ver com surdez, audição, escuta e compartilhar informações”, afirma a escritora, formada em Comunicação Social Universidade Anhembi Morumbi.

A ideia veio após o lançamento de dois livros no início do ano, Escute como um surdo e Lalá é assim: diferente, igual a mim, que tiveram a divulgação presencial impedida pela pandemia.  Lak Lobato pretendia viajar por todo Brasil para divulgar as obras, em eventos e fazendo leituras em escolas. As lives vieram como uma oportunidade para não parar o trabalho, além de ser uma nova forma de apresentar conteúdo do blog que já tem 11 anos.

Repercussão


Lak Lobato em liveSegundo a escritora, as lives têm gerado grande engajamento com público e feedbacks positivos, além de diversas sugestões para próximos convidados e temas. “É uma forma das pessoas terem contato com profissionais que normalmente não são tão acessíveis, que elas geralmente veriam no máximo num evento ou numa consulta”, observa.

“Tem gente que diz que nem imagina como iria aguentar o isolamento sem essa programação”, comenta Lak.

Durante as transmissões, os telespectadores podem fazer perguntas e tirar dúvidas com os entrevistados. Em seguida, o vídeo da live é postado no Youtube para quem perdeu ou quiser assistir novamente.


De hobby à profissão


Aos nove anos de idade, Lak acordou sem audição. O diagnóstico apontou a surdez como consequência de uma meningite ou caxumba. Na época, a maioria das atividades disponíveis para crianças envolviam sons, como televisão, rádio, conversar ao telefone e até mesmo brincar com outras crianças. Dessa forma, a menina ganhou um novo hobby que a levaria a sua atual carreira: a leitura.

“Ler me fez começar a gostar de escrever, ter facilidade com isso. Quando fui fazer faculdade, eu escolhi comunicação justamente por causa disso, eu queria ir para uma área que eu pudesse escrever”, relembra.

Após 22 anos sem escutar os mais singelos sons do dia a dia, a escritora voltou a ouvir com implante coclear. Mesmo assim, segue dedicando à carreira a causa.

O início do blog


Se consolidar no mercado de trabalho foi um grande desafio. Devido ao preconceito, Lak Lobato conta que sentiu sua carreia estagnada. “Cheguei a trabalhar numa empresa para não fazer nada, além de matar o tempo e receber meu salário”, conta.

Com a experiência frustrada de trabalhar sem conseguir produzir de verdade, Lak começou a investir seu talento em um blog. Na página, que completa 11 anos, a comunicadora passou a escrever sobre a realidade dos surdos oralizados, que usam tecnologias para ouvir. 

“Foi ali que encontrei o propósito profissional que eu estava buscando, porque meu trabalho impactava a vida de outras pessoas”, afirma a escritora.

Lak Lobato encontrou uma nova forma de falar com o público durante a pandemiaO conteúdo do blog aborda um público além das Libras. “Quando se fala de surdez, automaticamente se pensa em Libras. Só que a surdez é plural, existe diversas causas, graus e formas de lidar. Eu já sabia falar quando perdi a audição, era boa de leitura labial e Libras não foi necessária na minha comunicação. Cresci achando que era só comigo, mas aí descobri um monte de gente que vivia igual e pensava o mesmo”, explica.


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  •  Mulher branca em transmissão on-line
    Mulher branca em transmissão on-line Foto: Reprodução
  • Mulher branca tirando livro de estante
    Mulher branca tirando livro de estante Foto: Divulgação

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