Correio Braziliense
postado em 28/06/2020 04:17
A situação econômica é ainda mais problemática para quem entrou na crise com dívidas antigas. Afinal, o que fazer agora? De acordo com a consultora em finanças pessoas Myrian Lund, essa deve ser a última preocupação no momento. “Primeiro, você tem que pensar nas despesas essenciais: moradia, alimentação, estudo e saúde. Não adianta liquidar todas as dívidas e, no mês seguinte, não ter dinheiro para viver”, afirma.
“Se você não está conseguindo pagar nem suas contas essenciais, como vai pagar prestações do banco? Abra conta em uma instituição financeira onde você não tem pendência nenhuma e faça portabilidade do seu salário para lá enquanto se organiza”, sugere a especialista.
“As pendências que você não pode parar de pagar são as com garantia de algum bem. As outras, com muita paciência e conversando com o banco, você vai conseguir liquidar depois.” Myrian explica que, no caso das pessoas que estão pagando normalmente alguma dívida não consignada, os bancos estão dando até seis meses de dilatação.
Na avaliação do mestre em economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Ricardo Balistiero, é momento de negociar e tentar trocar dívidas caras por dívidas mais baratas, buscando os menores juros possíveis. “Por exemplo, se você tem pendência no cartão de crédito, você pode ir para o cheque especial. Se tem dívida no cheque especial, pode ir para o crédito direto ao consumidor. Se você tem dívida no crédito direto ao consumidor, vai para o crédito consignado.”
Ainda de acordo com o professor e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, é preciso entender a raiz do problema. “Por que você contraiu dívidas? É muito importante olhar para o seu orçamento e analisar se há alguma despesa que seja a grande causadora de deficit e que possa ser cortada”, diz. “Esse é um ponto importante e, talvez, seja o momento ideal para ter esse tipo de reflexão.”
Reflita
Como utilizar o dinheiro do FGTS?
O saque emergencial de até R$ 1.045 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi uma das medidas criadas pelo governo federal para auxiliar os trabalhadores durante a crise. Para aqueles que pretendem retirar o dinheiro, a dica é semelhante à orientação em relação ao auxílio de R$ 600: usar o valor para gastos essenciais.
“Não é prudente sacar esse dinheiro para consumir algo de que você não necessita”, afirma o economista Ricardo Balistiero. “O FGTS é uma reserva para quando (ou se) você perder o emprego e até conseguir outra colocação.” Ele diz que, com a queda da taxa básica de juros (Selic), não é tão vantajoso sacar do Fundo, que passou a render mais do que outras aplicações.
“Sacar o FGTS só para ganhar algum juro com isso no momento em que a taxa Selic está no seu menor patamar histórico (2,25% ao ano) é se arriscar muito. Você, provavelmente, enfrentará alguma aglomeração na agência da Caixa Econômica Federal por causa de alguns trocados em cima de um saque que está próximo a mil reais. Não compensa.”
O criador do canal Dinheiro À Vista e PhD em educação financeira, Reinaldo Domingo, concorda. “Eu acho muito válido você sacar esse dinheiro se houver necessidade. Agora, se você não precisa, é melhor deixar lá guardado, porque está rendendo mais do que a caderneta de poupança.”
Pesquisa
Cinco em cada 10 jovens relatam redução da renda familiar
A Pesquisa “Juventude e a pandemia do coronavírus” mostra o impacto da covid-19 na economia, na educação e na saúde mental das pessoas entre 15 e 29 anos. O estudo teve 33.688 participantes e mostra que cinco em cada 10 jovens brasileiros tiveram redução da renda familiar durante a crise provocada pela covid-19, e quatro em cada 10 relatam perda ou diminuição da renda própria.
Além disso, 60% dos entrevistados tiveram alteração da carga de trabalho desde o início da pandemia (mais ou menos trabalho, parada temporária das atividades ou, ainda, interrupção por demissão). Nesse contexto, 33% dos participantes relatam ter buscado alguma maneira para complementar a renda.
A pesquisa também mostra o impacto da crise na educação: 28% dos que responderam ao questionário pensam em não voltar para a escola quando a pandemia acabar. Entre os que planejam prestar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), 49% pensaram em desistir.
Ainda segundo o levantamento, a crise do coronavírus teve impacto significativo na saúde mental dos jovens: 7 em cada 10 participantes disseram que seu estado emocional piorou por causa da pandemia, enquanto os sentimentos mais marcantes para eles durante o isolamento social são ansiedade, tédio e impaciência.
Promovido pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), em parceria com a rede Em Movimento, a Fundação Roberto Marinho, o Mapa Educação, o Porvir, a Rede Conhecimento Social, a Unesco e a Visão Mundial, o estudo ouviu, entre 15 e 31 de maio, jovens de 15 a 29 anos de todo o Brasil por meio de um questionário disponibilizado pela internet.
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