Trabalho e Formacao

(Des)vantagens do modelo

Correio Braziliense
postado em 05/07/2020 04:08
Wagner Salles, professor de gestão de recursos humanos

O caráter econômico deve pesar muito para as empresas que decidirem migrar para o teletrabalho, já que, em geral, as despesas com o home office são mais baixas. É o que acredita Wagner Salles, mestre em administração pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor de gestão de RH da Universidade Veiga de Almeida (UVA).

No entanto, ele pondera: “De 2012 a 2018, o percentual de pessoas ocupadas no setor privado que trabalham no domicílio passou de 3,7% para 5,2%, segundo dados do IBGE. É claro que esse percentual aumentou de 2018 para cá, sobretudo durante o isolamento social, mas, ainda assim, não tende a ser um índice tão expressivo, o que significa que, diferentemente do que muitos pensam, essa modalidade não deverá ter adoção em massa”.

Entre as principais vantagens do home office para os colabores estão a maior flexibilidade do horário e o fim do deslocamento até o escritório. Pessoas que, antes, gastavam mais de uma hora no transporte público ou no trânsito, por exemplo, podem utilizar esse tempo para outras atividades. Muitos profissionais relatam, também, que têm conseguido se dedicar mais à família.

O que para alguns é bom, para outros, é uma desvantagem: com a flexibilização do expediente, é comum que os profissionais trabalhem até mais do que no escritório. Se não houver cuidado, a fronteira entre vida profissional e pessoal deixa de existir, como explica o especialista em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) Wagner Salles.

 “Sem a perda de tempo com deslocamento, o trabalhador pode organizar melhor o seu horário entre afazeres pessoais e profissionais, o que, de certa forma, tende a impactar positivamente a produtividade”, pontua. “Uma desvantagem em decorrência disso, no entanto, é a perda de controle sobre o tempo dedicado ao trabalho, que pode se sobrepor à vida social, resultando em sobrecarga e, principalmente, em problemas de saúde”, ressalta.

Vale destacar que, durante a pandemia, a maioria das empresas está vivendo um home office forçado. Elas foram obrigadas a se adaptarem ao modelo, e muitos profissionais não estavam preparados (não tinham, por exemplo, equipamento ou local adequado para trabalhar em casa). É uma situação totalmente diferente da de organizações que já adotavam o trabalho remoto, integral ou parcialmente, antes da crise.


"No home office, o trabalhador pode organizar melhor o seu horário entre afazeres pessoais e profissionais, o que, de certa forma, tende a impactar positivamente a produtividade. Uma desvantagem em decorrência disso, no entanto, é a perda de controle sobre o tempo dedicado ao trabalho”
Wagner Salles, professor de gestão de recursos humanos




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