Trabalho e Formacao

Adaptação remota

Correio Braziliense
postado em 12/07/2020 04:19


O home office é uma tendência natural do pós-pandemia, mas ele precisará vir acrescido da flexibilidade que a crise sanitária impede. Cris Kerr, CEO da CKZ Diversidade, vê como necessário que os colaboradores possam escolher trabalhar em casa ou no escritório, em vez de ter o formato retomo como única opção, como anunciaram recentemente grandes marcas como Facebook e Twitter. Ela explica que isso é importante, pois “seres humanos são naturalmente sociais e emocionais”.

Há muito do que se implementou na crise que pode e deve ser melhor utilizado. Pesquisa da startup Pulse concluiu que 78% dos brasileiros se sentem mais produtivos trabalhando remotamente. Outro estudo, do Capterra, software da consultoria Gartner, detectou que, para 70% dos gerentes, as empresas poderiam funcionar em seu pleno potencial com uma equipe totalmente remota.

Para muitas pessoas e organizações, esta foi a primeira experiência com teletrabalho e, por isso mesmo, o modelo trouxe mais desafios do que se tivesse sido um passo planejado. Mesmo assim, há bons resultados a se considerar e que podem ser pesados ao pensar no futuro dos trabalhadores e das empresas. Gerente da plataforma Workana no Brasil, Daniel Schwebel, explica que o que estamos vivendo neste período não são as condições do tradicional home office.

“Estamos em isolamento forçado, somos obrigados a trabalhar 100% dentro de casa, sem a opção de escolher entre ir para o escritório ou ficar em casa”, diz. Mesmo para quem já estava acostumado ao modelo, a pandemia traz desafios únicos. “Eu trabalho em home office há oito anos. Para mim, sempre foi muito gostoso trabalhar remotamente porque eu sabia que minha esposa estava trabalhando e minha filha estava na escola. Isso era o home office”, diferencia.

Com a crise sanitária, o teletrabalho integrou-se ainda mais à cultura corporativa da Workana, plataforma fundada em 2012 para conectar profissionais freelancers da América Latina. Com sede em Buenos Aires, na Argentina, e escritórios em São Paulo e Kuala Lumpur, na Malásia, a empresa tem uma base com mais de 3 milhões de trabalhadores cadastrados.

Mais de 30 mil projetos são publicados todos os meses na plataforma, desenvolvida para consolidar e disseminar o formato remoto e freelancer, à medida que as barreiras convencionais de relações de trabalho se transformam a cada dia com os avanços da tecnologia. Mesmo que o teletrabalho de agora não necessariamente seja o ideal, gerando resistência e aversão por parte de alguns, é importante considerar que as dificuldades não vêm, necessariamente, do formato remoto, mas, sim, do que a pandemia forçou.

Os que souberem olhar para isso estrategicamente poderão aproveitar a experiência abrupta atual para planejar bem o futuro. Pós-graduado em gestão de negócios e valorização de empresas, Daniel Schwebel afirma ser muito provável que mais firmas adotem o trabalho remoto no cenário pós-pandemia. O modelo será muito mais naturalizado.


Ganhos do home office

“A maioria das pessoas em home office forçado, mesmo as que nunca tiveram essa experiência, está conseguindo ser mais produtivas, e há estudos mostrando isso”, aponta. Será mais enraizado compreender que trabalhar de casa não equivale a trabalhar menos, pelo contrário! Firmas poderão optar por migrar para o modelo pensando em eficiência, tanto de tempo e de trabalho, quanto financeira.

“Tem um ganho também de custo, pensando no transporte que é pago ao funcionário, do gasto que se tem ao manter um escritório com mesas, telefonia, iluminação e pessoal da limpeza, por exemplo”, elenca Daniel. Ele acredita que as empresas devem sair fortalecidas desta crise no que diz respeito às relações de trabalho e vê no home office uma ferramenta de retenção de talentos.

“Estudo da consultoria Meta Quadrix mostrava que, antes da pandemia, a rotatividade de empregados nas empresas que ofereciam trabalho remoto era de 20%, quase metade do índice das que não ofereciam”, diz. Assim, a falta de presença física não enfraquece a relação com a firma, pelo contrário. “As pessoas acabam tendo uma sensação de ter um vínculo mais forte com a empresa”, analisa.





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