Trabalho e Formacao

Estratégias específicas para o estudo de línguas

Correio Braziliense
postado em 21/07/2020 15:26
Isabela Villas Boas* 
 
Muitos têm aproveitado este momento de pandemia para darem continuidade aos seus estudos ou engajarem-se em novas atividades de aprendizagem em um ambiente virtual. Com isso, as nossas residências transformaram-se em um lócus de trabalho, estudos, afazeres domésticos e lazer – tudo junto e misturado. Ter sucesso nos estudos nessa situação é um grande desafio, a ser vencido por aqueles que desenvolverem disciplina para os estudos e as estratégias de aprendizagem corretas.
 
Isabela Villas Boas, doutora em educação e gerente Corporativa Acadêmica da Casa Thomas JeffersonNo tocante à disciplina para os estudos, as regras valem para qualquer disciplina. Porém, é um grande erro achar que podemos lançar mão das mesmas estratégias de aprendizagem para estudar história, português ou uma língua estrangeira.
 
Listaremos abaixo algumas estratégias particularmente eficazes para o estudo de uma língua estrangeira em geral.
 
- Quando estudamos um conteúdo, tal como história ou geografia, recomenda-se a leitura rápida da matéria antes da aula. Isso faz com que as explicações do professor se tornem mais palatáveis. Já na aprendizagem de uma língua, isso não é recomendável porque os materiais didáticos contemporâneos e baseados em metodologias ativas levam o aluno por uma trilha de descoberta da língua. Em outras palavras, uma nova unidade não foi feita para ser “estudada” e sim “experimentada; uma atividade leva à outra, que leva à outra e à outra, numa espécie de andaime. Isso não quer dizer que não se recomende o estudo em casa, além da aula. O que recomendamos é que o aluno estude e revise o que já foi aprendido, para que essa aprendizagem se torne mais duradoura. Sabemos hoje, por meio da neurolinguística educacional, que aprender é reforçar as sinapses entre os neurônios. Cada vez que vemos a mesma coisa outra vez, essas conexões se reforçam. Portanto, o estudo individual de uma língua, para quem está fazendo um curso, deve focar em reforçar o que já foi estudado e não prever o que ainda será visto.
 
- Um dos focos do estudo de uma língua é desenvolver a fluência. Podemos ser fluentes na escuta, na fala, na leitura e na escrita, e essa fluência só se desenvolve na prática. Nos tornamos fluentes ao falar por meio da prática oral e, ao escrever, por meio da prática escrita. O mesmo ocorre com as habilidades receptivas – escutar e ler. Existe, porém, uma diferença entre escutar e ler para aprender e escutar a ler para praticar a fluência. No primeiro caso, o texto oral ou escrito precisa estar em um nível um pouco acima daquele do aprendiz no tocante ao vocabulário e às estruturas sintáticas. Já no segundo – para o desenvolvimento da fluência – o estudante precisa dominar pelo menos 95% do vocabulário. O desenvolvimento da fluência, no caso da leitura, se dá prática  de ler cada vez mais rápido. Portanto, o mesmo texto não pode ser usado tanto para aprender quanto para desenvolver a fluência. 
 
- Conforme mencionado acima, os textos usados para aprender – e não para desenvolver a fluência – precisam ter um vocabulário e uma complexidade sintática um pouco acima do nível do aluno. Com isso, é importante que o estudante não entenda e nem queira entender todas as palavras. É essencial, também, que ele consiga discernir quais as palavras fundamentais para a compreensão do texto e focar somente nelas. Uma dica é que o aprendiz selecione de três a cinco palavras para internalizar. Não adianta escolher uma lista extensa de palavras porque é impossível reter todas de uma só vez. Quantidade não é qualidade.
 
- Para a aprendizagem efetiva de vocabulário, é fundamental que se veja novamente a palavra pelo menos dez vezes. Uma boa estratégia, portanto, é ter um caderno de vocabulário. Organize as páginas em ordem alfabética e acrescente as palavras-alvo com as seguintes informações: a definição da palavra, uma frase copiada de algum texto em que a palavra é usada e uma frase original com a palavra. Sempre que possível, leia as palavras no caderno. 
 
Isabela Villas Boas é doutora em educação e gerente Corporativa Acadêmica da Casa Thomas Jefferson. 
 
Essas são algumas dicas de estratégias específicas para o estudo de línguas. O aprendiz que conseguir segui-las otimizará os seus estudos e terá mais sucesso. 

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