Correio Braziliense
postado em 26/07/2020 04:15
Já pensou ser desafiado e receber orientações para criar uma empresa inovadora ainda estando na escola? É assim que funciona o Startup in School (SiS), programa de iniciação em empreendedorismo tecnológico estudantil, promovido pela consultoria de inovação social com foco em educação Ideias de Futuro, em parceria com o Google. A edição de 2019 começou de modo presencial com uma competição imersiva, e os seis projetos selecionados passaram por quatro meses de aceleração a distância este ano.
Durante este período, tiveram mentoria e apoio para profissionalizar os negócios, deixando a versão beta pronta para o mercado. O encerramento ocorreu recentemente num demoday, quando os estudantes apresentaram as startups a uma banca de especialistas e receberam feedback. Pela primeira vez, esse evento ocorreu de modo remoto por causa da pandemia. Entre os projetos participantes, um é do Distrito Federal, idealizado por alunos do Instituto Federal de Brasília (IFB).
Nesta edição, os estudantes tiveram de trabalhar em seus projetos em meio à crise sanitária, isoladas em casa. “Como muitas outras pessoas passaram a utilizar o meio on-line, conseguimos marcar mais mentorias com especialistas de fora. Teve esse efeito positivo”, conta Jaciara Cruz, CEO e fundadora da Ideias de Futuro. O programa já era adaptado ao formato remoto, pois a mentoria sempre foi a distância, de modo a atender a estudantes de todo o Brasil. Com a crise sanitária e muitos alunos sem aula, os integrantes puderam dedicar-se mais a fundo às empresas.
“As trocas entre eles eram incríveis. Além das mentorias semanais com cada projeto, tínhamos uma mensal com integrantes de todas as startups. Eles comentam o projeto um do outro, trocam ideias. É uma experiência cultural bem rica, com vários sotaques e origens diferentes”, descreve Jaciara. “O Startup in School tinha tanto as edições locais presenciais, exclusivas para escolas públicas, quanto a edição nacional a distância. Com a pandemia, nosso grande desafio, agora, é construir edições on-line locais”, afirma ela, que mora no Vale do Silício, nos Estados Unidos.
“Isso nos ajuda a estar sempre na vanguarda de metodologias de inovação como um todo, trazendo técnicas de desenvolvimento de projetos no ambiente escolar”, observa. O Google é o grande financiador e patrocinador do programa e disponibiliza vários de seus funcionários para serem mentores dos grupos de estudantes durante a aceleração. Além de estimular a criação de empresas, o SiS deixa como grande legado a formação de competências nos jovens.
O perfil dos alunos inscritos é bem variado, e Jaciara relata que vários se aproximam da iniciativa por curiosidade e, depois, acabam percebendo que aquilo pode ser para eles. “Tinha uma aluna que contou que, depois que começou a participar do projeto, parou de ser mandada para a diretoria da escola. Ela achou no programa um espaço para desenvolver seus interesses”, relata Jaciara, rindo. “Encontrar essa espaço ajuda a preparar cidadãos mais voltados para os desafios da vida e do trabalho.”
Ideias surpreendentes
Rafaela Nicolazzi, analista de Relações Governamentais e Políticas Públicas do Google Brasil, explica que “é parte da missão do Google contribuir para o fortalecimento do ecossistema digital de inovação e de empreendedorismo no Brasil”, por isso, fez tanto sentido para a gigante da tecnologia apoiar o Startup in School. Ela integrou a banca de especialistas do último demoday do programa.
“Devido às circunstâncias atuais, esta foi a primeira edição do programa 100% on-line. Vimos mães, pais e famílias juntos se aventurando em temas como modelos de negócios e fundamentos de programação”, conta. “Entender um pouco sobre os perfis de comunidades diversas, por meio de projetos desenvolvidos por jovens de diferentes localidades brasileiras, tem sido uma experiência enriquecedora e inspiradora!”, relata.
Thiago Yamabuchi trabalha promovendo a cultura da inovação na Embraer há cinco anos. Antes disso, teve três startups. Acostumado a participar de demodays de aceleradoras e de escolas, acredita muito no poder da educação empreendedora. Ele integrou a banca de especialistas responsável por dar feedback para as startups da última edição do SiS.
“O nível dos projetos me surpreendeu bastante e as soluções me surpreenderam de verdade, pois havia até soluções de hardware. Os meninos foram preparados para fazer o pitch”, elogia. Para além da importância de criar as startups em si, Thiago vê em aprender a errar como um dos principais benefícios do programa.
“Geralmente, as startups falham umas três ou quatro vezes antes de darem certo. O importante é ter esse espírito empreendedor de testar”, diz. “A gente precisa muito dessa aptidão para testar, arriscar, não só para empreender, mas dentro das empresas, também.” Thiago explica que, na Embraer, as pessoas acreditam muito no potencial das startups para ajudar o contexto local e trazer soluções realmente úteis para as pessoas.
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