Correio Braziliense
postado em 02/08/2020 04:23
Diferenças geracionais estão entre as dificuldades enfrentadas para que negócios mantidos por parentes permaneçam no mercado, segundo Marecelo Arone, sócio da Optime RH e headhunter. “As gerações dos nossos pais e dos nossos avós tinham o dever de assumir a empresa ou o negócio da família”, diz. “Agora, se você disser para um jovem que, daqui a 10 anos, ele estará no comando das empresas, não, necessariamente, ele aceitará isso. Talvez, ele nem queira chegar a trabalhar no grupo da família”, compara.
Para o processo de sucessão ter êxito, o headhunter explica que há passos importantes a serem seguidos pelos donos das empresas. “O primeiro é saber se aquele filho ou aquela filha quer assumir o posto. Depois tem de ter um diagnóstico para entender qual é a habilidade de cada herdeiro”, sugere.
“O terceiro passo seria preparar e capacitar esse profissional. Contanto que a pessoa queira o cargo, é preciso conscientizá-la sobre as habilidades que identificou nela, explicar que assumir a empresa não é como um estágio ou um evento. Aquilo lá, de fato, será um trabalho que ele ou ela vai levar para a vida”, afirma Arone.
Possíveis soluções
Mônica Camargo Tracanella, da Trilogie, explica que o momento de tomar a decisão sobre aposentadoria e sucessão de um presidente numa empresa é complicado. “Sob o ponto de vista do herdeiro, existe o dilema inicial de avaliar se, realmente, quer entrar na linha de sucessão versus sentir-se pressionado a entrar”, comenta. “Do ponto de vista dos fundadores, existe sempre o dilema de acreditar que tem alguém realmente pronto para assumir o seu lugar versus querer, de fato, passar o bastão”, explica.
Além disso, Mônica afirma que toda vez que se passa um legado à frente, há muita expectativa e muita pressão em relação aos descendentes. Para que possam assumir bem a função de sucessores, se essa for a decisão, eles precisam se conhecer bem, saber o que precisam melhorar. O autoconhecimento é fundamental para os descendentes saberem se querem ou não trabalhar na empresa da família ou se seguirão outros caminhos.
“É necessário trabalhar o autoconhecimento como forma de o sucessor conhecer as suas forças e também para estimular a autoconfiança dele”, afirma. As competências socioemocionais, tão em alta no mercado de trabalho, também fazem a diferença e tornam-se cada vez mais importantes nesse tipo de sucessão. “É necessário trabalhar equilíbrio emocional, liderança, empatia, pensamento crítico, criatividade”, sugere Mônica.
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