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Quadrilha que fraudou Exame da Ordem também clonava cartões

Polícia Federal cumpre cinco mandatos de prisão no âmbito da Operação Singular. Detidos são suspeitos de invadir sistema da Fundação Getulio Vargas e alterar notas da prova da Ordem dos Advogados do Brasil

Eduarda Esposito*, Renato Souza
postado em 05/06/2019 06:00
Agentes da PF identificaram grupo especializado em diversos crimes na internet, inclusive a invasão indevida de instituições organizadoras de provasPor meio da deep web, uma camada da internet com acesso restrito a convidados e pessoas com elevado conhecimento de informática, a Polícia Federal identificou integrantes de uma organização criminosa especializada em diversos crimes no ambiente virtual. Entre as fraudes realizadas pelo grupo está a alteração da nota de candidatos no exame nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A investigação identificou dois advogados que ingressaram na profissão após interferência da quadrilha no sistema da Fundação Getulio Vargas, responsável pela aplicação do certame.

A operação Singular, cumpriu cinco mandados de prisão. As investigações ocorrem há dois anos. As diligências continuam para averiguar se ocorreram fraudes em concursos públicos. O delegado da PF Luiz Roberto Ungaretti de Godoy afirma que as atividades criminosas da organização buscavam obter ganhos financeiros por meio de fraudes em diversas frentes de atuação. ;Identificamos que a quadrilha realizava uma série de crimes virtuais, como estelionato, furto, fraudes em concursos e similares, fraudes bancárias e também venda de cartões de crédito clonados. Entre as fraudes havia a invasão indevida de bancos de dados de instituições, como a FGV, que faz o exame da OAB;, disse.

[SAIBAMAIS]Em relação à fraude no exame da OAB, de acordo com as investigações, os chamados crackers (criminosos do meio cibernético) invadiram o sistema da FGV para alterar a nota dos candidatos na prova aplicada na segunda fase. Assim, o nome do candidato era colocado na lista de aprovados. ;Com a colaboração da FGV e da OAB, conseguimos sucesso na identificação dessa empreitada criminosa. Para isso, era necessário que os candidatos fossem aprovados na 1; fase e, assim, era possível fazer a mudança na nota para o valor mínimo de aprovação no exame;, contou o delegado. Os advogados que tiveram os nomes inseridos na lista de aprovados não foram revelados por conta do segredo de Justiça aplicado ao caso.

A Polícia Federal também esclareceu que, até o momento, não há confirmação sobre envolvimento de funcionários da instituição de ensino. O delegado Luiz Roberto revelou que existem indícios de que o esquema atingiu outras instituições. ;Não posso indicar quais são as instituições envolvidas, porque a operação ainda depende de cumprimento de sentença de busca e apreensão, do espelhamento das mídias para poder ter a confirmação de que houve efetivamente fraude em concursos públicos;.

Colaboração


Em nota, a OAB afirmou que foram solicitadas as informações sobre o desfecho da operação, a fim de que medidas no âmbito da instituição sejam adotadas em relação ao caso. ;A OAB solicitou informações da Polícia Federal sobre os autos e resultados da operação que identificou ataque cibernético ao sistema da Fundação Getulio Vargas, empresa contratada para a aplicação do exame de Ordem, e tomará todas as medidas cabíveis. A Ordem vem colaborando com a PF na investigação, desde setembro de 2018, para que houvesse o desfecho exitoso que aconteceu no dia de hoje;, informou a entidade.

A Fundação Getulio Vargas também se manifestou sobre a Operação Singular e disse que está colaborando para a elucidação do caso. ;A apuração, pela Polícia Federal, de tentativa de fraude cibernética em um dos exames da Ordem dos Advogados do Brasil tem sido realizada, desde o início, com ajuda e participação da FGV nas investigações, tudo com o necessário sigilo para se alcançar o êxito da operação executada nesta data, desbaratando quadrilha de hackers que atuava, principalmente, na tentativa de invasão de bancos de dados de instituições financeiras.;

* Estagiário sob supervisão de Rozane Oliveira

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