Correio Braziliense
postado em 12/01/2020 08:20
A realidade do mercado de trabalho obriga pais e filhos a se adaptarem para que a otimização do tempo seja incorporada à rotina da casa. Por causa disso, quem tem bebês e crianças pequenas recorre cada vez mais às creches, mesmo que possa contar com um parente para ajudar na educação e na vigilância. A razão disso é a necessidade de desenvolver a criança, o quanto antes, para que se adapte — intelectual, física e emocionalmente — à vida em sociedade. Mas, nessa nova fase, é preciso preparar os pequenos para não queimar etapas, a fim de evitar traumas e problemas de convivência.
Antes dos seis meses de idade, o indicado é continuar com a mãe ou com outro parente. Segundo a diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ebape), Claudia Costin, é na primeira infância que a criança estabelece vínculos afetivos e cria conexões cerebrais relacionadas às cognições e às emoções.
“Mesmo que a creche seja boa, nunca haverá o número idela de adultos para uma criança muito pequena. É preferível alguém que possa dar atenção, e mimá-la, do que uma creche que ensina novas coisas, mas não tem vínculo afetivo”, explica.
Quando respeitado o período de adaptação — que pode ser cansativo para os pais —, a criança tende a não ter problemas em permanecer na creche ou na escolinha. A servidora pública Cibele da Mata, 36 anos, sabe bem disso. Quando colocou seu primeiro filho na creche, não viu grandes problemas, pois ele teve a chance de conhecer o ambiente antes das aulas. Samuel, 7, entrou com 11 meses na mesma creche que os irmãos Benjamin e Nicole, 2, vão começar a frequentar.
A escolha pela creche que Benjamin e Nicole frequentarão levou em conta quesitos importantes para Cibele, como as facilidades para os pais e o cuidado com a criança.
“Quando fui visitar a escolinha, percebi que eles tratavam as crianças muito bem. Isso para mim fez toda a diferença. Parece bobo, mas as monitoras pareciam galinhas com os pintinhos”, relata Cibele. Outro ponto importante para a servidora foi a possibilidade de monitorar, em tempo real, as instalações da creche, por meio de um aplicativo no celular.
Adaptação
A creche que a estudante de arquitetura e urbanismo Rafaela Navaes, 20, escolheu para a filha Laura, 1, foi indicação de amigos e de parentes. Os preparos para o início da etapa “estão a mil”, segundo A MÃE.
Em relação à adaptação de Laura, Rafaela afirma que será um processo difícil, principalmente no momento de deixar a criança sozinha. “Na ida, pretendo ficar um pouco e ir tentando acalmá-la. Quando ela se distrair, talvez eu precise sair escondida”, afirma.
Para a professora do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento da Universidade de Brasília (UnB), Ângela Branco, sair sem se despedir da criança não é o indicado, porque fere a confiança na relação pai e filho.
“Pode ser doloroso para os dois lados, mas o ideal é sempre dizer para a criança quando está indo e que vai voltar. Sem isso, ela pode se sentir insegura no ambiente novo e sofrer mais no dia seguinte”, alerta a educadora. “A criança pode não entender as palavras, mas sente o que a mãe está sentindo. Se a mãe ou o pai demonstram que não confiam na creche, a criança também não vai confiar.”
Segundo a professora, a dica para a angústia de Rafaela é que, caso sua filha não se adapte bem, deve estar atenta aos sinais. “Uma reclamação não é problema, mas, quando ocorre com frequência, é o momento de observar”, ensina.
Os principais sintomas de problemas de falta de adaptação à creche são os retrocessos no desenvolvimento, como o retorno da criança a hábitos que deixou antes de frequentar o novo local, e mudanças repentinas de humor — quando a criança fica muito tempo triste ou não obedece a ordens simples.
*Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.