Não é fácil levar o filho no primeiro dia de aula. O período de adaptação do pequeno à vida escolar exige cuidados e é, muitas vezes, mais sofrido para os pais do que para a própria criança. Cada instituição de ensino costuma ter um processo de adaptação. Em algumas, é possível entrar na sala com o pequeno. Em outras, pais e mães aguardam ansiosos do lado de fora. Mas, independentemente da política de cada creche, há algumas atitudes que tornam a adaptação mais tranquila: conhecer bem a instituição, passar segurança para o filho e não prolongar a despedida são algumas das dicas dadas por especialistas.
Para a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), Quézia Bombonatto, o trabalho cuidadoso de selecionar a escola e de conhecer seus funcionários e seu funcionamento é fundamental porque dará tranquilidade aos pais. ;Geralmente, com o primeiro filho os pais ficam muito ansiosos. A primeira questão a ser vista é optar por um lugar com referências, ouvir a opinião de outros pais, visitar a escola, ver como são as instalações, procurar falar com funcionários e educadores;, diz. ;Também é preciso verificar se a há alta rotatividade de professores: isso interfere muito na adaptação porque cria-se um vínculo de afetividade e confiabilidade;, completa.
A doutoranda Catherine Garcez, 32, é mãe do pequeno Felipe, de 2 anos, que teve as primeiras aulinhas no início do ano passado. ;Pesquisei muito antes de matriculá-lo aqui. Visitei várias outras e conheci todas as instalações. Acabei escolhendo essa por causa do processo de adaptação. A gente pode entrar na sala com o nosso filho;, diz. ;Ele só chorou uma vez; hoje em dia, adora, vem para a escola correndo;, conta.
Como agir?
Além de ter confiança na creche escolhida, algumas atitudes no dia a dia podem ajudar no processo. Não prolongar as despedidas e sempre comunicar ao pequeno que a mãe está deixando-o lá, que ele vai brincar, se divertir, mas que ela irá buscá-lo depois, num horário estabelecido, são exemplos dados por Bombonatto para garantir uma ida tranquila às aulas.
Adriana Hofmann, mãe de Artur, 2 anos, toma esse tipo de cuidado e garante que funciona. ;Sempre aviso que vou buscá-lo mais tarde. A adaptação dele foi calma ; no segundo dia já nem entrei mais com ele na sala;, afirma. ;Visitei várias, mas escolhi essa por causa da parte pedagógica, da quantidade de pessoas para cuidar dos alunos ; e a escola também não é grande;, completa.
Além do processo de adaptação, os pais devem ficar atentos aos meses seguintes e acompanhar de perto o dia a dia do filho. Os familiares precisam ver, por exemplo, os sinais que a criança transmite e as possíveis mudanças de comportamento.
;O pequeno pode ficar mais agitado na hora de acordar ou o sono ficar mais comprometido. A alimentação pode mudar ; aquele que comia bem pode não o fazer mais ; e a criança até talvez rejeite ir à creche. A família deve ficar atenta a essas manifestações e perceber que houve mudança de comportamento;, avalia Bombonatto. ;É preciso descobrir se mudou o humor, se está mais agressiva, ou irritada. É uma mensagem que precisa ser decifrada;, completa.
Outro conselho dado pela presidente da ABPp é não fazer da escola um ;depositário de criança;, onde se delega a educação que deve ser dada em casa. Respeitar os horários em que os pais buscam os filhos, sem atrasos, dá segurança à criança. ;Na hora da despedida, é importante também falar da creche de forma positiva e explicar que mais tarde a criança será buscada;, ressalta.