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Escolas do DF adotam os tablets em sala de aula e professores aprovam

postado em 13/01/2012 17:00

;É a mesma mudança brusca que a internet causou ; nova forma de fazer leitura de conteúdo que não tem volta. Não é modismo, nem coisa que vai desaparecer. O tablet, com a lousa digital, é um marco referencial do cotidiano da sala de aula;, sentencia Sérgio Ferreira do Amaral, coordenador do laboratório de inovação tecnológica aplicada na educação da Universidade de Campinas (Unicamp). Para o professor, o computador portátil em formato de prancheta e com tela sensível ao toque representou, em 2012, a ruptura com o desktop, até então visto como sinônimo de tecnologia.

Brasília, ao lado de São Paulo e Rio de Janeiro, despontou como uma das primeiras cidades brasileiras a pôr a ferramenta no ambiente escolar. Aqui, cada instituição adotou um modelo: uma foi radical, com uso obrigatório para todas as disciplinas de um segmento; outras, mais cautelosas, com restrição das atividades a uma única turma ou a uma matéria. Mesmo com as diferenças no método, elas tiveram dois resultados em comum: a satisfação dos professores e a meta de ampliar o uso em 2013.

Exemplos
Um colégio particular na Asa Sul incluiu o aparelho na lista de materiais obrigatórios do 1; ano. De acordo com o projeto, considerado pioneiro no país, todo o material didático foi preparado pelos professores, em parceria com uma editora, e colocado no tablet. Mesmo tendo que adquirir o aparelho eletrônico, o coordenador de redação, Eli Guimarães, argumenta que os preços dos e-books são competitivos com os dos livros impressos novos, que chegam a R$ 1,5 mil. Isso porque o conteúdo digital foi vendido pelo valor de R$ 1.111,70 (preço que não inclui a disciplina de inglês, que o aluno opta por fazer ou não na escola).
O professor de física Robert Cunha e as alunas Fernanda Queiroz, 17 anos, Fernanda Sindoval, 16, e Katherine Viana, 18, usam o tablet no laboratório de física
Os e-books ficam com o comprador, que pode atualizá-los por 25% do valor original ; e aquele irmão mais novo poderá aproveitar o conteúdo, pagando 75% menos. Agora, em 2013, é a vez de incluir o 2; ano no projeto. Para Guimarães, o motivo foi a boa aceitação dos estudantes e a melhora no rendimento das aulas. ;Como eles utilizavam o aparelho para o lazer, foi apenas a incorporação de uma prática. Houve pouca dificuldade no manuseio para estudo. O interesse em procurar, pesquisar e ler o material foi maior que no livro impresso;, aponta.

O sucesso aparece em números: a quantidade de alunos que fez as tarefas de casa foi maior, menos pais foram chamados devido a três ou mais notas dos filhos abaixo da média e a prática cotidiana de exercícios aumentou.

O único questionamento dos adolescentes foi em relação à grifagem do texto. Como muitos gostavam de sublinhar as informações mais importantes, os educadores descobriram um aplicativo em que é possível destacar os trechos, o SketchBook expert. Além disso, foi incentivado o desenvolvimento de novas abordagens metodológicas, como resumos, mapas, esquemas e quadros.

Em algumas disciplinas, as peculiaridades do conteúdo digital, como hipertextos, imagens e leitura mais objetiva, fizeram toda a diferença. ;Em música, o professor conseguiu trazer vários sons, como piano e harpa. Em artes e história, foi vantajoso pelo componente imagético, até porque alguns referentes culturais, como Grécia e África, não têm muitas imagens. E português, porque envolve literatura, então trouxemos vídeos, depoimentos de poetas;.

Tecnologia à prova

Em uma instituição particular de Taguatinga, o ano passado marcou a primeira etapa do projeto de implementação dos tablets, com os alunos do 3; ano do ensino médio, na disciplina de física. Os que tinham algum aparelho móvel compraram os capítulos do livro digital, produzido também pelos professores, e os utilizaram bastante no primeiro bimestre. Nos três outros bimestres, foi mais em parceria com o livro impresso. Quem não quis comprar parte do e-book, recebeu a apostila equivalente.

Paralelamente a essa experimentação, os docentes preparavam o conteúdo para as outras disciplinas. ;Pretendemos fazer os testes em 2013, com o 3; e 1; ano, e, em 2014, implantar de forma geral. Haverá uma pesquisa de satisfação com pais, estudantes e professores. É preciso preparar a comunidade e ver se a ferramenta realmente traz um diferencial para a aprendizagem;, explica Robert Cunha, coordenador de física.

O professor é um grande entusiasta da iniciativa e já está convencido de que o recurso é uma nova forma de aprender. ;Produzimos uns vídeos no laboratório e, se o aluno vê esse vídeo antes de vir pra aula, ele já vem com outro olhar, treinado sobre o que é relevante observar. Ele ainda assiste quantas vezes quiser em casa, na hora de estudar.;

A estudante Fernanda Queiroz, 17 anos, aprovou os novos recursos interativos: ;Com as animações, você entende melhor. O professor fazia uns desenhos 3D no quadro, mas só no e-book ele é realmente 3D. Tem muita coisa que não dá para compreender na lousa;. As colegas Fernanda Sandoval, 16 anos, e Katherine Viana, 18 anos, concordam que as disciplinas que exigem muita abstração, como geometria, química e matemática, ficaram mais práticas.

Em outra escola na Asa Sul, a diretora educacional Andrea Studart Corrêa Galvão prefere não responsabilizar as diferenças no desempenho ao uso do tablet, que foi fornecido pela escola a uma única turma do 1; ano para realização de algumas tarefas. Com a intenção de ampliar para 1; e 2; ano, o foco agora será outro: trabalhar com a formação dos professores. ;O equipamento não substitui o livro didático, ele apenas permite a interatividade. Percebemos que o aluno não é mais um receptor passivo e o professor é um mediador da informação. Seu papel, em sala, é transformar informação em conhecimento;, destaca Andrea.

Nesse contexto de adaptações, o especialista em tecnologias na educação Sérgio Amaral concorda que preparar os professores e desenvolver um conteúdo exclusivo é essencial. Apesar de o tablet ter recebido tanto destaque no último ano, o defensor das Tecnologias da Informação e Comunicação (Tics) reforça que esse é apenas um dos equipamentos móveis que podem conquistar as salas de aula ; afinal, já existem modelos de celulares que exercem funções semelhantes. Para ele, o futuro das escolas, baseado em inovação tecnológica, está bem mais próximo do que as pessoas imaginam.

Legislação polêmica
; Um projeto de lei e uma lei tratam do uso de tablets em sala de aula. O primeiro, PL 4.025/2012, proíbe a exigência de substituição dos livros didáticos por tablets nas instituições de ensino fundamental, médio e superior. A exceção é para os casos em que a escola oferece o aparelho sem ônus. Já a Lei n; 12.507, de outubro de 2011, prevê que os gadgets fabricados no Brasil sejam incluídos na Lei do Bem, lançada em 2005 para reduzir os impostos e baratear os computadores.

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