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Estudo diz que 82% das pesquisas escolares são feitas pelo computador

postado em 13/01/2012 17:00

A internet e os apetrechos eletrônicos já invadiram o cotidiano de crianças e jovens ; e estão ocupando de vez as salas de aula. O jeito de aprender mudou: os estudantes têm acesso ; com um arrastar de dedos na tela ; a um mundo de informações que, às vezes, nem o professor sabe. Há, agora, um compartilhamento de dados, histórias e curiosidades em que o educador precisa apenas orientar. Os pais também devem ficar atentos com o lado bom e ruim do acesso dos filhos ao ilimitado ambiente tecnológico. No início do ano letivo, vale ter o cuidado de estabelecer regras de uso e, ao mesmo tempo, explorar essa ferramenta, que pode, sim, melhorar o desempenho nos estudos.

Uma das evidências disso é que 82% dos estudantes fazem suas pesquisas para a escola por meio da rede. É o que diz um estudo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que mediu o uso das tecnologias nos colégios brasileiros no último ano. Foram avaliadas 650 escolas, das quais 497 públicas e 153 particulares. Nestas últimas, 21% têm computadores na sala de aula ; proporção cinco vezes maior que os 4% do primeiro grupo. Ainda assim, um progresso nas instituições de ensino do governo: 65% dos docentes utilizam tecnologias para ensinar os alunos a usar as máquinas.

Conectados

Laís Campos, 16 anos, cursa o 2; ano do ensino médio em uma escola particular em Sobradinho e acredita que a parceria entre tecnologia e educação ficará cada vez mais forte. Ela tem o próprio notebook, o qual sempre ajuda a acompanhar as aulas conectada. O colégio libera o equipamento contanto que seja para pesquisas e apresentações de trabalhos, pois tem projetor nas salas de aula. ;Em matérias como história, eu gosto de anotar as explicações no meu computador ou passar para o pen drive os dados e slides dos professores para estudar em casa;, comenta. Os professores trabalham com livros didáticos e internet, e costumam levar vídeos, filmes de obras literárias, documentários. Laís gosta e acha importante unir tecnologia a educação pelas informações rápidas e pela facilidade de ter acesso a vastos conteúdos.
Lais Campos, 16 anos, leva o notebook para a escola e acompanha as aulas com pesquisas na internet
O especialista em informática na educação Lúcio Teles acrescenta. ;No passado, era fundamentalmente memorizar e anotar; hoje, vale a maneira como se obtém a informação ou como usar o buscador para encontrar artigos interessantes;, exemplifica. Ele acrescenta que jovens e crianças estão mais autônomos e andam com cérebros portáteis o tempo todo, como os tablets e smartphones, em que consultam datas de aniversários, dados da escola, e interagem. Teles ressalta que as escolas não estão preparadas para receber, de maneira proveitosa, todo o aparato tecnológico. ;A sala de aula é um local aborrecido e chato, não mudou muito a estrutura o local de há 100 anos. Precisamos de atividades lúdicas com gráficos, jogos, mapas divertidos;, diz.

Escolas particulares
; 36% dos docentes utilizam as tecnologias nas aulas expositivas. Em interpretação de texto, a diferença é de 10 pontos percentuais entre escolas privadas e públicas, com 26% e 16% respectivamente.

; 48% dos professores utilizam computador e internet no laboratório de informática, sendo este o local mais frequente para realização das atividades com os alunos para 34% dos educadores.

; 21% das escolas particulares possuem computadores instalados em sala de aula, proporção cinco vezes maior que os 4% das escolas públicas.


;E no off-line

Segundo a pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), as atividades identificadas como mais frequentes nas salas de aula são aquelas em que professores usam menos os recursos tecnológicos. ;A gente percebe que, quanto maior é a frequência da atividade, menor é a utilização do computador e da internet;, questiona Juliano Cappi, pesquisador do CGI. A pesquisa mostra que 55% dos docentes e 51% dos coordenadores pedagógicos das escolas públicas acreditam que o número de equipamentos por aluno limita o uso do computador e da internet na escola. Outra barreira mencionada por 52% deles é a baixa velocidade na conexão.

O aluno Lucas Oliveira, 18 anos, sabe bem dessa realidade. Onde estuda, Centro de Ensino Médio 4 da Ceilândia, não há laboratório de informática e os estudantes não têm contato com tecnologias. Lucas chega ao 3; ano sem acesso ao computador em casa e na escola. Ainda assim, na hora de fazer as pesquisas escolares, ele recorre a uma lan house duas vezes por mês durante uma hora. ;Faço planos de ter um PC, claro, mas ainda não posso;, comenta. ;Com o pouco contato que tenho, uso as redes sociais e faço alguns estudos.;
Lucas Oliveira de Souza, 18 anos, está sem acesso à internet na escola em Ceilândia
O vice-diretor da escola, Washington Carvalho, está há um ano no cargo e diz que a instituição recebeu 35 computadores pelo antigo projeto do governo Pro-info. Além disso, há espaço físico com ar-condicionado e cadeiras prontas para serem usadas, mas as máquinas estão paradas. Lucas nem sequer sabia disso. ;O Ministério da Educação exige nos colégios um monitor nesses laboratórios. Não temos;, explica. Os professores readaptados, que estão afastados por algum motivo, podem voltar a trabalhar e ajudar as escolas nesse aspecto. O Centro de Ensino Médio 04 da Ceilândia, inclusive, tem um deles na biblioteca.

Escolas públicas

; 77% dos professores passam exercícios para prática do conteúdo exposto em sala de aula como atividade de maior frequência. Porém, essa é uma das situações em que eles menos utilizam tecnologias: apenas 21%.

; 65% dos docentes usam novas tecnologias para ensinar os alunos a usar o computador e a internet.

; 86% das escolas têm computadores somente nos laboratórios de informática e não nas salas de aula, o que pode limitar a integração das tecnologias no processo pedagógico.



Ligados no mundo
O Comitê Gestor da Internet no Brasil realizou uma pesquisa com jovens e pais de todo o Brasil e constatou que 70% dos jovens entre 9 e 16 anos têm perfis em redes sociais, 68% usam a internet para navegar em redes sociais e 85% afirmam entrar na web pelo menos uma vez por semana.

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