Ao longo de 2012, os alunos do primeiro ano do ensino médio de um colégio da Asa Sul tiveram uma experiência diferente: os livros tradicionais deram lugar aos eletrônicos, lidos em tablets. Para os professores, a fórmula deu certo e aumentou a concentração em sala de aula. Para os alunos, a novidade significou menos peso na mochila, estudo mais focado e maior interação.
;O livro eletrônico tem a linguagem dessa geração. Você trabalha com vídeos, áudios animações. Incorpora mais elementos ao estudo e tem a vantagem de manter o material didático atualizado;, afirma Josino Nery Neto, professor de português e sócio de uma editora de livros eletrônicos.
A adaptação do conteúdo pedagógico para o dispositivo móvel representou para o colégio um investimento de cerca de R$ 1 milhão e envolveu ao menos 35 professores na criação do material didático digital ; um projeto que levou dois anos para ser concluído. ;É uma experiência única, a primeira em larga escala de livros digitais usados em educação no mundo;, afirma o educador.
Isabela Rangel e Izabella Souza, ambas de 15 anos, puderam ver na prática como é ter aulas com livros digitais. ;Eliminou muito o peso e trouxe muita coisa boa, como vídeos, que melhoram as aulas;, conta Isabela. ;Nosso interesse ficou maior, tivemos muito acesso a coisas que normalmente não teríamos;, completa.
Para a amiga Izabella, o uso do tablet também foi vantajoso. ;Antes tinha muita gente brincando com o celular e agora os meus colegas estão prestando mais atenção. Em física e química, por exemplo, você vê na hora em vídeos as reações, dá para entender melhor;, diz. ;Não acho a leitura no tablet cansativa, já estamos acostumados a ler em computador;, completa.
Em expansão
O mercado de e-books no Brasil ainda é pequeno ; sobretudo no setor educacional. Mas cresce rapidamente. De acordo com uma pesquisa de 2012, publicada pela empresa Simplíssimo, responsável pela produção de livros digitais, por treinamentos e por consultorias nessa área, em seis meses, entre janeiro e agosto de 2012, o catálogo de e-books em português aumentou de 11 mil para 16 mil títulos.
;Acredito que vai ter mais conteúdo didático para tablets no Brasil. Na Califórnia, o governo vai abandonar os livros impressos. Mas ainda é para público selecionado no Brasil, onde há escolas ; e em São Paulo ; sem eletricidade... E também não adianta só colocar o tablet na escola, é preciso preparar o professor;, avalia Eduardo Melo, diretor executivo da empresa Simplíssimo.
Para Melo, entre as vantagens estão a privacidade e a maior facilidade em publicar um livro. ;Posso pegar o meu texto em qualquer lugar e publicá-lo diretamente, não preciso passar por editora. Ponho à venda no blog. O e-book permite que um estudante de 15 anos publique livro;, comenta.
A escritora mineira Paola Carvalho decidiu investir na área. Em fevereiro irá lançar o seu primeiro e-book, que mistura aventuras e conteúdo histórico para público de crianças a partir de 10 anos, do quarto ao nono ano escolar . A ideia é que seja comercializado em livrarias digitais.
;Esse livro é interativo. No final de cada capítulo, você escolhe o próximo. O personagem principal faz as navegações e tem esse desafio. É o leitor quem decide para onde ele vai ; e ele pode ir, por exemplo para a África ou para o Egito;, explica. ;Quero que aguce o interesse dos jovens leitores.;