O vestibular não é o único foco de vários estudantes do ensino médio. Muitos deles vão atrás de experiências culturais diversificadas atreladas a um diferencial no currículo para o futuro. Foi o caso de Luiza Rosa, 18 anos, que em 2010 morou durante seis meses no Canadá para cursar parte do high school. ;Lá eu fiz o equivalente ao segundo semestre do segundo ano;, conta.
Luiza escolheu a cidade de Ottawa e uma casa de família (conhecida como homestay) com duas ;irmãs; e uma ;mãe; para se hospedar. ;Acredito que ficar na casa de quem vive lá torna a experiência mais interessante, pois eles ajudam tanto com o idioma quanto com a escola ; e ainda fazem vários passeios com você;, recomenda. A decisão de fazer um intercâmbio começou cinco meses antes da viagem. ;Não quis usar agência. Então, fiz contato direto com a escola e tive que agilizar a documentação, comprovar que tinha boas notas na escola daqui e tirar o visto.;
A escolha do país se deu por influência de amigos que já tinham ido e por saber que o lugar é considerado seguro e o custo de vida não é muito alto. Luiza não se arrependeu. ;Nas férias de julho do ano passado voltei pra lá e tenho vontade de ir mais uma vez para fazer uma pós;, comenta a jovem, que agora cursa design de moda na faculdade.
A gerente de intercâmbio em high school da agência CI, Débora Lorenzo, afirma que entre 2011 e 2012 o número de estudantes que fazem esse tipo de intercâmbio cresceu 14% na empresa. Para ela, quanto mais cedo se faz um intercâmbio, maior a facilidade com a língua. Com relação à preferência dos adolescentes, Débora diz que Estados Unidos continua na liderança ; junto com o Canadá, que é uma tendência mais recente. ;Até pouco tempo, o visto para o primeiro país estava mais difícil e isso fez despertar o interesse pelo Canadá, que oferece praticamente as mesmas condições;, explica.
Em segundo lugar, estão Austrália e Nova Zelândia e, em terceiro, a Inglaterra. Os outros destinos são menos procurados. Segundo Débora, os adolescentes não são tão flexíveis culturalmente como os adultos. Há alguns anos, a empresa abriu o intercâmbio em high school para a China e não houve demanda. ;Hoje, o local mais diferenciado que oferecemos é a Holanda.; De qualquer forma, Débora acredita que além de um bom ensino, segurança e conforto, a escolha do país deve respeitar as preferências e a personalidade do intercambista.
Os pré-requisitos para fazer um intercâmbio fora do país variam de acordo com as agências, escolas e países. ;De modo geral, o jovem deve ter entre 14 e 19 anos, um nível intermediário da língua e estar cursando ensino médio com bom histórico e frequência;, afirma a gerente da CI. Um dos primeiros procedimentos deve ser tirar o passaporte, caso o adolescente ainda não tenha; depois, escolher o local e organizar os documentos requeridos, como carta dos pais para a família hospedeira, exames médicos, fotos e visto. É recomendado começar o processo com seis meses de antecedência, mas segundo Débora, com dois meses já é possível se organizar ; porém, sem muita tranquilidade.
Ao voltar para o Brasil, Luiza com aulas particulares correu atrás do que tinha perdido e terminou o terceiro ano. Mesmo tendo que estudar os conteúdos que não teve lá ; já que as grades curriculares são diferentes ; a jovem recomenda. Débora Lorenzo ressalta que muitas escolas brasileiras já estão acostumadas a receber e aceitar o currículo de instituições do exterior, assim como as secretarias de educação de cada cidade, então isso não é motivo para deixar de fazer o intercâmbio. ;Hoje preza-se muito a experiência no exterior, pois na hora de contratar, as empresas veem esses candidatos como mais cultos, críticos e independentes;, esclarece Débora.
Fora do convencional
Para os jovens mais aventureiros, é possível escolher destinos considerados exóticos em agências onde o foco é a interculturalidade. Exemplo disso é a estudante de 16 anos Aléxia Cota Andreazi, que decidiu estudar na República Tcheca este ano. ;É um lugar lindo e acho que vai me acrescentar muito culturalmente, até porque vou voltar com dois novos idiomas;, defende.
Para se preparar e não ter grandes dificuldades quando chegar no país, Aléxia está estudando inglês há dois anos e acaba de iniciar as aulas de tcheco com uma professora nativa ; a viagem está marcada para agosto. A agência escolhida pela estudante é a AFS, organização internacional sem fins lucrativos que busca formar novos líderes.
Lá, o candidato a uma bolsa (parcial ou integral) para high school coloca no cadastro três países onde gostaria de estudar. ;Fiquei feliz de ter conseguido minha primeira opção;, declara Aléxia, que vê na República Tcheca a grande vantagem de estar na Europa e poder conhecer vários países vizinhos.
A estudante sabe que quando voltar terá que compensar os estudos e já planeja fazer cursinho para conseguir entrar em uma universidade brasileira. ;Talvez, se eu ficasse, iria passar no vestibular mais rápido, mas deixaria de viver experiências incríveis que, no futuro, podem inclusive fazer a diferença em uma entrevista de emprego;, avalia.
Foco no aprendizado
Para alguns jovens, apenas fazer o ensino médio em outro país ainda não é suficiente. Guilherme Druck Becker, 16 anos, saiu de Porto Alegre para estudar em uma boarding school, espécie de internato, em Nova York. A decisão foi tomada por ele em conjunto com os pais. ;Se o teu foco são os estudos, aqui é o lugar;, aponta o estudante, que está cursando nos Estados Unidos o equivalente ao segundo ano do ensino médio.
Na Ross School, os alunos e alunas ; de diferentes partes do mundo e culturas diversas ; passam a maior parte do tempo na escola. As refeições (café da manhã, almoço e jantar) estão inclusas e as aulas vão até as 15h. Depois, é o momento para práticas esportivas. ;Eu escolhi o futebol, pois apesar de não jogar muito bem no Brasil, aqui sou um dos melhores;, brinca Guilherme. À noite, os estudantes vão para os dormitórios, que ficam em casas vinculadas à escola, muitas vezes supervisionadas pelos próprios funcionários. Nos fins de semana, a escola ainda organiza viagens e passeios. ;Passamos tanto tempo juntos, que não tem como não fazer amigos.;
Sobre a disciplina, cada escola tem suas regras, como em qualquer intercâmbio. ;Umas são mais rigorosas que outras, como as que fazem a separação por sexo;, explica Donald Occhiuzzo, diretor da agência intermediadora de programas de estudo no exterior Linden Boarding School Tours no Brasil. Donald afirma, no entanto, que mesmo essas escolas, em geral, possuem duas unidades, uma para os meninos e outra para as meninas, mas promovem encontros entre eles nos finais de semana.
Para o diretor da Linden, a rotina pode ser mais pesada, mas as boarding schools trazem muitas vantagens, como a maior independência dos alunos (que ficam muito tempo longe da família) e um ensino considerada de alta qualidade. ;Os jovens que planejam fazer faculdade no exterior têm grandes chances de conseguir uma vaga;, afirma. É o que Guilherme tem em mente. ;Aqui tenho a oportunidade de cursar as melhores universidades norte-americanas;, pontua.
Donald conta que o número de brasileiros interessados nos programas da agência tem aumentado e avalia que estamos começando ; e estendendo ; os estudos fora bem mais cedo. ;Antes, o interesse era maior na pós-graduação internacional. Hoje, muitos vão fazer o ensino médio no exterior e alguns acabam ficando para a faculdade também.;
Serviço
Linden Boarding School Tours
www.lindentoursbrazil.com.br
www.boardingschooltours.com/our-fairs/our-fairs.aspx
(11) 3081-4831 / (11) 99111-9533
CI ; Central de Intercâmbio
www.ci.com.br
(61) 3340-2040
SCLN, 211 ; Bloco B ; Loja 06
AFS ; Intercultural Programs
www.afs.org.br
comite.brasilia@afs.org
(61) 8199-4485
Educação no Canadá
www.educationau-incanada.ca