Especialistas concordam que o fornecimento de água potável e de saneamento básico ainda é deficiente na maioria dos países latino-americanos. Um dos maiores obstáculos para resolver o problema é a falta de financiamento, tanto público quanto privado. Os governos não têm recursos para atender às demandas, enquanto os empresários, praticamente, não investem se não houver garantia de reembolso. As ;Perspectivas de Financiamento Hídrico nas Américas; foram discutidas durante o 8; Fórum Mundial da Água, em Brasília.
;Para que o meio ambiente receba verba, é necessário que os envolvidos tenham projetos e capacidade de pagamento;, observou a diretora da área de Gestão Pública e Socioambiental e Saneamento do BNDES, Marilene de Oliveira Ramos. ;Os países que têm água e esgoto para 100% da população são, sobretudo, os europeus. Há 10 anos, os consumidores pagavam lá US$ 4 por metro cúbico de água. Hoje, no Brasil, cobram-se R$ 3,20 por metro cúbico. É claro que as empresas daqui não têm dinheiro (para oferecer serviço equivalente);, disse ela.
Em 2017, a instituição financiou R$ 70 bilhões para diversos projetos no Brasil, mas apenas 1% foi para saneamento e recursos hídricos. ;Os dois tópicos são prioridade, mas a falta de aporte dos estados faz com que as empresas não tenham condições de pagar os financiamentos;, completou Marilene.
O presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, informou que a empresa investe em um projeto para captar água em regiões distantes da cidade de São Paulo. O custo é estimado em US$ 1 bilhão, mas no sistema não há data para inauguração. ;São três obras de grande porte. A quantidade de água que temos hoje não será suficiente para suprir o consumo da população daqui a alguns anos. Por isso, paramos até as obras (de limpeza) no Rio Tietê e colocamos o dinheiro nesse projeto;, disse.
O ministro de Água, Saneamento Básico e Meio Ambiente da Bolívia, Carlos Ortuño, também apontou para o cerne do problema. ;Não temos cobertura total dos serviços porque falta dinheiro. Organizar essa estrutura custa muito caro e praticamente não há investimentos;, afirmou. Para Rolando Marín, presidente do Comitê Diretor da Federação Latino-Americana de Organizações Comunitárias para Sistemas de Água e Saneamento, ;os problemas são muitos, mas esbarram em financiamento;.
;Para que o meio ambiente receba verba, é necessário que os envolvidos tenham projetos e capacidade de pagamento;
Marilene de Oliveira Ramos, diretora do BNDES