Game Over

FINAL FANTASY XIII// Contra o próprio destino

Novo episódio da série diminui autonomia do jogador para contar a trama, que mostra a luta de seis personagens situados num conflito entre entidades divinas

postado em 20/04/2010 09:31
[FOTO2]Não importa o número de fãs ou a qualidade de seus jogos, quando uma série chega ao 13; episódio ainda como principal game de seu gênero, é preciso respeitá-lo. Esse é o caso de Final Fantasy. De salvação de sua criadora à potência do RPG, a franquia pode se dar ao luxo de experimentar. Os últimos jogos até buscaram inovações, mas nenhuma delas é tão radical quanto o que foi feito em Final Fantasy XIII, lançado em março. (1)

O game traz uma história sobre dois mundos: Cocoon ; um país moderno suspenso no céu ; e Pulse ; o selvagem e desconhecido mundo terreno. Cada lado é regido por entidades chamadas fal;Cie que, ao entrarem em conflito, fazem de pessoas normais seus protetores. Eles se tornam l;Cie, e recebem uma missão que não é esclarecida de imediato.

Se eles não fizerem o que é ordenado se tornam monstros, mas podem ter um destino ainda pior se a tarefa for concluída. Os seis personagens, marcados como l;Cie no início da trama, são atormentados pelo fato de precisarem cumprir uma missão que não conhecem, e são caçados pelo Sanctum, o governo autoritário de Cocoon. Os heróis apresentam vários estereótipos reconhecíveis de outros games da série, como a militar durona Lightning, o otimista Snow e a hiperativa Vanille. Apesar disso, o desenvolvimento deles se dá de uma forma bastante natural e agradável.

De todos os games da série, Final Fantasy XIII é o que mais prende o jogador à sua trama, a ponto de tornar a progressão do jogo extremamente linear. Por boa parte do tempo, a parte jogável se restringe a andar apenas por um caminho, interagindo pouco com o cenário, até a próxima batalha ou cena de corte. A única exceção acontece no capítulo 11 (de um total de 13), quando os heróis adentram o mundo de Pulse. No entanto, chegar até lá requer muita paciência: é preciso jogar entre 25 a 30 horas.

Até lá, o jogador sofre com a falta de ritmo e pouca autonomia. A trama se desenrola em sua maior parte por meio de flashbacks e, na maior parte do tempo, a tendência é o jogador ficar perdido em meio a uma repetição irritante de frases e problemas. Na parte da jogabilidade, o desenvolvimento dos personagens também é atrelado à trama. Não é possível escolher os heróis de seu time, não há cidades para visitar, nem pequenas histórias paralelas. O jogo também demora a mostrar conceitos básicos como evolução de personagens, armas e sistema de batalha.

Por boa parte do tempo, o jogador se transforma em um mero espectador, e nas partes em que ele tem o controle da ação, paira a sensação terrível de precisar passar muito tempo para progredir pouco no jogo. Pelo menos a parte visual oferecida ao espectador é espetacular. Final Fantasy XIII honra a tradição de oferecer gráficos estonteantes, principalmente nos cenários e nas sequências em vídeo.

Em meio à linearidade, boas ideias acabam ofuscadas, como o sistema de batalha ágil. O combate recebe várias heranças de Final Fantasy XII, principalmente na parte da inteligência artificial. Em vez de estabelecer cada ação de seus comandados pelo menu, você troca de funções automaticamente durante a luta, e define quem ataca, quem defende, quem usa magias e quem cura os colegas.

[FOTO1]

As mudanças não são agradáveis, mas pelo menos mostram a disposição da Square Enix de inovar sua principal série ; e, por consequência, o gênero de games que lidera. Mas tirar a liberdade do jogador de escolher para onde quer ir, um dos conceitos mais básicos dos RPGs, mostra que o game tomou um caminho pelo qual a série não deve seguir.

1 - O ;último; jogo
Em 1987, a empresa de jogos Squaresoft estava à beira da falência e pediu a Hironobu Sakaguchi que se encarregasse de produzir seu último jogo. Dadas as circunstâncias, ele criou um RPG com o nome Final Fantasy (fantasia final, em inglês). Inesperadamente, o jogo vendeu tantas cópias que conseguiu tirar a fabricante do vermelho, e deu a Sakaguchi liberdade para fazer novos jogos para a série.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação