Game Over

ALAN WAKE: Luz e escuridão

Com jeito de seriado de televisão e controles de game de ação, história de terror psicológico coloca um escritor na fronteira entre a ficção e a realidade

postado em 18/05/2010 07:00
Nas lojas esta semana, inclusive no Brasil, Alan Wake pode ser considerado uma nova-velha empreitada da Remedy Entertainment. Anunciado ao público pela primeira vez em 2005, o título passou os últimos cinco anos sofrendo com atrasos ao mesmo tempo que foi alardeado como um dos grandes games do Xbox 360. Pelo menos a espera valeu a pena, pois a produtora finlandesa que criou Max Payne entrega mais um game intrigante.

Com jeito de seriado de televisão e controles de game de ação, história de terror psicológico coloca um escritor na fronteira entre a ficção e a realidadeO personagem homônimo Alan Wake é um famoso autor de livros de terror. Após passar cerca de dois anos sem produzir novas obras por causa de um bloqueio de escritor, Wake e sua esposa Alice resolvem tirar férias na pacata Bright Falls, cidadezinha à beira do Oceano Pacífico no norte dos Estados Unidos. Mas coisas estranhas começam a acontecer assim que o Sol se põe. De súbito, Wake acorda após ter sofrido um acidente de carro. Sua mulher havia desaparecido, e um calendário aponta que ele já havia passado uma semana no local, mesmo sem ter nenhuma memória do que aconteceu durante esse tempo.

Tentando buscar ajuda, ele encontra pelas florestas escuras ao redor da estrada manuscritos relacionados ao que está acontecendo. São de um livro aparentemente assinado pelo próprio Wake, mas ele não se lembra de tê-lo escrito. Entre esses mistérios e a incerteza do que é real ou pesadelo, as sombras tomam conta dos habitantes do local, que se tornam hostis e tentam matar o escritor.

Quando a escuridão se torna uma ameaça, a luz é a principal arma de Wake. Esse conceito também serve para a jogabilidade: Wake sempre anda com uma arma e uma lanterna, pois precisa iluminar os seres possuídos pelas sombras antes de exterminá-los. O game nunca deixa você com muita munição ou baterias para recarregar as lanternas, tentando sempre manter a sensação de perigo.

À medida que o jogo avança, Wake ganha novos meios de atacar as sombras. Sinalizadores de granadas de luz têm efeito duplo, pois iluminam e causam dano ao mesmo tempo. Mas estes recursos são mais escassos ainda e, somados ao fato de que o personagem principal não é atlético nem tem muito folêgo, é preciso ter bastante cuidado na de prosseguir pelos bosques escuros do game.

O cenário soturno criado é um dos pontos altos do game por si só. Em um meio em que ;assustar; geralmente envolve algo com zumbis ou seres bizarros, Alan Wake deixa o sangue e as tripas de lado, e mete medo criando uma tensão constante com barulhos e efeitos de luz e sombra, de modo que apenas encontrar um local iluminado causa uma sensação de alívio.

Episódios
Enquanto a luz indica o caminho correto a seguir, explorar os arredores leva você aos manuscritos das páginas que Wake não consegue lembrar quando escreveu. Também é normal encontrar televisões ou rádios ligadas em programas que fazem analogias interessantes ao que o escritor está passando naquele exato momento. À exceção das cem garrafas de café, os itens são tão interligados à história que vale a pena gastar uns minutos a mais para buscá-los.

O ritmo da história também é diferente. Alan Wake é contado em seis episódios, como se fosse um seriado de televisão. Ao final de cada episódio, uma música acompanha o evento bombástico que deixa você interessado no que vem por aí. No início do capítulo seguinte, o narrador anuncia: ;Anteriormente, em Alan Wake;, e o game passa uma pequena cena com o resumo do que já aconteceu.

É fácil entender de onde surgiu a inspiração: quando o game foi revelado pela Remedy em 2005, durante a feira E3, séries como Lost e 24 horas estavam em alta na televisão norte-americana. O estilo adotado pela Remedy funciona bem para os jogadores mais casuais, pois cada episódio leva pouco mais de uma hora para ser finalizado. O difícil é se segurar para não jogar o próximo capítulo.

Os gráficos são ótimos e o sistema de combate se encaixaria bem em qualquer jogo de ação. A mistura entre videogame e série de televisão dá um toque criativo. Mas o principal motivo para conferir Alan Wake é simples. A trama é muito bem contada, e repleta de mistérios, reviravoltas e grandes personagens. Se você gosta de uma boa história, vença seus medos, supere os sustos e jogue.

Alan Wake
Produção: Microsoft Game Studios
Desenvolvimento: Remedy Entertainment Disponível para Xbox 360
Número de jogadores: 1 (apenas single-player)
Preço: R$ 159

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