Guilherme Goulart
postado em 01/03/2019 15:43
Uma mobilização internacional está em andamento contra a disseminação de fake news nas redes sociais. Depois de obter mais de 750 mil assinaturas em uma petição on-line com alcance mundial, a comunidade Avaaz vai entregá-las na sede no Facebook, na California, nos Estados Unidos. Até as 15h36 desta sexta-feira, a iniciativa havia conseguido 524.706 assinaturas.
A intenção é fazer com que a gigante da tecnologia corrija as notícias falsas publicadas no plataforma. "As fake news estão destruindo a nossa confiança na democracia! Mas há uma solução simples para isso: mostrar correções das fake news perigosas para todo mundo que vê-las", explicam os responsáveis pela Avaaz.
Na campanha brasileira do Avaaz, autointitulada comunidade de mobilização on-line que leva a voz da sociedade civil para os espaços de tomada de decisão em todo o mundo, são mencionadas notícias falsas usadas nas eleições presidenciais de 2018: "Vocês ouviram falar do kit gay? Quase 85% dos eleitores de Bolsonaro acreditaram nessa história absurda! E o boato de que a facada de Bolsonaro foi forjada? Os eleitores de Haddad também caíram nessa".
A própria Avaaz, em parceria com a IDEIA Big Data, identificou a exploração da desinformação nas eleições brasileiras, principalmente pelas redes sociais. O estudo, realizado entre 26 e 29 de outubro de 2018 com 1.491 pessoas, concluiu que 89,77% dos eleitores do presidente da República, Jair Bolsonaro, acreditaram em notícias falsas disseminadas na campanha eleitoral. Os dados estão em reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico.
Os organizadores da petição on-line alertam, ainda, que a iniciativa "não se trata de censura, pois nenhum conteúdo deve ser deletado. Em vez disso, as redes sociais devem garantir que pessoas que tiveram contato com informação falsa sejam providas com todos os fatos para que possam tomar suas decisões bem informadas".
Combate
Em junho de 2018, antes do início da campanha eleitoral brasileira, o Facebook lançou cinco medidas para tentar combater as notícias falsas disseminadas na plataforma. Foram elas: expansão do programa de verificação de fatos para outros países, inclusive o Brasil; ampliação de testes de checagem de fotos e vídeos; lançamento de técnicas de controle; penalização contra páginas e domínios fontes de notícias falsas; e contratação de uma equipe para identificar os efeitos das fake news na rede social. Os detalhes de cada ação podem ser lidos aqui.
A prática, no entanto, mostrou que a rede social foi a mais explorada pela indústria das notícias falsas na corrida eleitoral brasileira. Pesquisa realizada pelo Ibope, entre 18 e 22 de outubro de 2018 com 2 mil internautas das classes A, B, C e D, revelou que "a maior parte das fake news foi lida no Facebook (80%) e no WhatsApp (75%). Há também uma parcela que foi contada pessoalmente (23%) ou vista em outras redes sociais, como Instagram (18%), YouTube (15%) e Twitter (8%). Os dados do levantamento estão aqui.