Ana Carolina Fonseca - Enviada especial
postado em 07/06/2019 16:19
Com apoio do Google.org, braço filantrópico da gigante de tecnologia, o Instituto Palavra Aberta lançou o EducaMídia ; Programa de Educação Midiática, na quinta-feira (6/6). A iniciativa fornece suporte e ferramentas para preparar crianças e adolescentes para atuar no ambiente digital, consumindo informação na internet de modo seguro e responsável.
Patricia Blanco, presidente executiva da Palavra Aberta, o projeto nasceu, há alguns anos, da necessidade de dar uma resposta ao ambiente de desinformação fomentado pela internet, focando em crianças e jovens, que representam boa parte dos consumidores e produtores de conteúdo digital. O objetivo dos materiais oferecidos pelo EducaMidia, segundo Patrícia, é formar um "cidadão completo, capaz de exercer perfeitamente a liberdade de expressão".
Para atingir essa meta, o EducaMídia se baseia em três pilares: ler, escrever e participar. O primeiro fundamento foca na leitura crítica, identificação de gêneros textuais e verificação de fontes ; algo essencial quando se trata de verificar notícias falsas. Desenvolver a habilidade de escrita visa a produção de conteúdo midiático de forma ética, responsável e com consciência. Por fim, o programa, além de reconhecer e interpretar informações, exige dos jovens a participação cívica ativa.
Logo no lançamento, o EducaMídia disponibiliza o currículo com objetivos de aprendizagem (dividido em espaços para alunos e professores) e os primeiros materiais pedagógicos: guias, cards, oficina e o curso de formação a distância (EAD) em educação midiática dentro da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) dos ensinos fundamental e médio. Todos os recursos são gratuitos. O curso, aliás, foi inaugurado há 40 dias e, de acordo com Patricia Blanco, conta com 3 mil professores inscritos. Até o fim do ano, o programa dará início a uma série de eventos em todo o Brasil, voltados para a capacitação de educadores.
O projeto receberá, ao longo dos próximos dois anos, um investimento de R$ 4 milhões do Google.org. De acordo com Kent Walker, vice-presidente sênior de Assuntos Globais do Google, o dinheiro será aplicado na criação de um currículo de alfabetização midiática, o treinamento de milhares de professores e, até o fim do período, na educação de 175 mil estudantes brasileiros. Segundo Walker, 91% dos professores brasileiros não têm recursos para ensinar as crianças a usarem a internet de modos notáveis.
"A capacidade de abertura da internet trouxe benefícios para todos, mas, infelizmente, algumas pessoas se aproveitam disso para enganar os outros", afirmou Kent. "Não há uma ;bala de prata; para, magicamente, apagar o conteúdo enganoso", lamentou, elogiando, em seguida, a variedade de grupos e parcerias existentes para interpretar as informações que circulam on-line.
Fake news em pauta
Na mesma tarde, durante o dia de anúncios e lançamentos do evento Google for Brasil, o coordenador do Google News Lab, Marco Túlio Pires, também comentou o problema das notícias falsas na web. O jornalista lembrou que o fenômeno de desinformação e conteúdo fraudulento não é novo: ;Existe desde que a internet é internet;, argumentou, explicando que o problema migra de plataforma para plataforma, assim como os usuários ; das correntes de e-mail até as redes sociais privadas.
Pires acredita que é corresponsabilidade do Google, por ser um dos maiores distribuidores de conteúdo, estimular e criar espaços saudáveis para a informação de qualidade. Como exemplo, citou o apoio ao Projeto Comprova, uma iniciativa colaborativa entre 24 redações de jornal e agências para verificar informações falsas em 2018. A empresa de tecnologia foi a ponte com o First Draft, organização internacional que guiou parte do trabalho, além de fornecer apoio tecnológico e financeiro.
Neste ano, o Projeto Comprova volta em segunda edição, que será liderada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Uma nova face da iniciativa em 2019 será voltada para o desenvolvimento de projetos de jornalismo nas periferias. Marco Túlio Pires destacou que o caminho para combater a fake news está justamente no caráter colaborativo dos esforços. ;Limpar esse chorume que fica trafegando na internet é dever de todo mundo;, salientou.
*A repórter viajou a convite do Google.