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Sem tropeço e com 6 acertos, general Santos Cruz gabarita verificação

Ex-ministro chefe da Secretaria de Governo mostrou conhecimento histórico, diplomático e de fontes energéticas

Da Equipe Holofote
postado em 02/08/2019 14:30
General Carlos Alberto dos Santos CruzO programa Roda Viva, transmitido em 29 de julho pela TV Cultura, teve como convidado o general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Demitido de forma controversa da chefia da Secretaria de Governo, o militar minimizou o afastamento do cargo, tratando a decisão como natural no Executivo. Durante a entrevista de 1h46, Santos Cruz esquivou-se de comentários sobre o governo de Jair Bolsonaro. Mas falou sobre fontes energéticas e fatos históricos, além de mencionar detalhes de missões comandadas por ele no Haiti e no Congo.

Confira a checagem do Holofote:

"O presidente (Jair Bolsonaro) foi eleito com quase 58 milhões de votos por mérito dele, que tem uma parcela que ele cativou"

NA MOSCA

De fato, o então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), da coligação Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos, foi eleito, em segundo turno, com o apoio de 57.797.847 eleitores, ou seja, 55,13% dos votos válidos.

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"Hoje, mais de 50% da energia da Alemanha está vindo da Rússia"

NA MOSCA

Há vários artigos e reportagens publicados em sites, inclusive oficiais, que atestam a dependência da Europa ao gás e ao petróleo importados da Rússia.

Em relação à Alemanha, citada pelo general Santos Cruz, fontes consultadas pelo Holofote mostram que o uso de energia vinda de território russo pelos alemães varia entre 25% e 80%, a depender do ano, também chegando a 50%.

Por causa dessa dependência, os países europeus têm investido em fontes de energia alternativas e renováveis.

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"Depois da II Guerra Mundial, Brasil foi militar, Estados Unidos foi militar, França foi militar. Charles de Gaulle, Eisenhower... Estou falando do protagonismo. Ficaram em evidência um certo tempo. Aqui também, Eurico Gaspar Dutra foi eleito também"

NA MOSCA

Tomando como ponto de partida a questão do protagonismo mencionado pelo general Santos Cruz, todas as informações citadas por ele estão corretas. Em relação aos Estados Unidos, o general Dwight D. Eisenhower foi eleito o 34; presidente norte-americano, comandando o país de 1953 a 1961. Antes disso, liderou aquele país durante a II Guerra Mundial, a partir de 1942. Mais informações aqui.

No caso da França, o general Charles Andre Marie Joseph de Gaulle, que liderou os franceses na libertação de Paris dos nazistas, formou um governo provisório após a II Guerra Mundial, ocupando o cargo de presidente até 1946. Doze anos depois, em 21 de dezembro de 1958, de Gaulle foi eleito presidente da França, coroando um chefe de Estado militar pelas urnas. Mais detalhes sobre a vida do general podem ser conferidas aqui.

O Brasil também elegeu um presidente militar no pós-guerra e antes do golpe militar, em 1964. Em 1946, o general Eurico Gaspar Dutra assumiu a Presidência da República em janeiro de 1946 depois de vencer as eleições diretas, com 55% dos votos. Conquistou a vitória nas urnas em uma coligação PSD-PTB. Mais informações aqui.

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"Você tem um quadro, talvez, de 1,5 mil diplomatas no Itamaraty"

NA MOSCA

O Departamento de Comunicação Social do Ministério das Relações Exteriores confirmou ao Holofote que o Brasil conta hoje com 1.571 diplomatas.
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"O Congo é uma anomalia geológica. A quantidade de riqueza que tem no Congo é um negócio fabuloso. A primeira bomba atômica, lá de 1945, ela foi feita com urânio da Província de Katanga, no sul do Congo"

NA MOSCA

Existem diversas publicações jornalísticas, em português e inglês, que contam a história de que o urânio usado na fabricação das bombas jogadas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, saíram exatamente da província citada pelo general. Três delas podem ser conferidas nos sites do Uol, do português Diário de Notícias e do The Economist.

Além disso, é famoso o livro Uranium, do escritor e jornalista Tom Zoellner, que mostra a riqueza do Congo no que diz respeito ao material. Também é farta a literatura científica que mostra a riqueza no subsolo do país, que vai de ouro e diamante a depósitos polimetálicos. Só para ficar em um organismo internacional importante, há um estudo do Banco Mundial que fala sobre o assunto. Veja aqui.
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"(No Congo). Tem uma guerra civil interminável, que morreram 5, 6 milhões de pessoas desde 1994, quando teve o Massacre de Ruanda. Mataram 800 mil pessoas em três meses, 100 dias, mais ou menos"

NA MOSCA

O general também acertou os dados do genocídio na República Democrática do Congo. Além de a guerra civil ter resultado na morte de mais de 6 milhões de pessoas, o genocídio de Ruanda registrou 800 mil mortes em 100 dias em 1994.

Checagem de Guilherme Goulart e Leonardo Meireles


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