Holofote

De rodovia a economia, ministro da Infraestrutura escorrega em balanço de obras

Tarcísio Gomes de Freitas mostrou imprecisão nas quatro verificações feitas pelo Holofote a partir de transmissão feita pela TV Brasil

Correio Braziliense
postado em 03/07/2020 16:12
Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da InfraestruturaO ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, divulgou, na quinta-feira (2/7), o balanço de obras públicas do 1º semestre de 2020. Em transmissão de 1h30 pela TV Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tarcísio detalhou a situação de rodovias, portos, escoamento de safra, leilões, editais e investimentos estruturais no período. Confira a checagem do Holofote para algumas das afirmações feitas pelo ministro:


"O Brasil vinha muito bem. Se a gente pegar os números de janeiro, fevereiro, primeira semana de março, tudo apontava para um crescimento bastante substancial da economia neste ano, e fomos atingidos pela pandemia"

CALMA AÍ

Há um exagero na fala do ministro de Infraestrutura. Apesar de ensaiar leves altas no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, no início do ano, balanço do primeiro trimestre de 2020 mostrou que economia brasileira cambaleava antes mesmo da pandemia do novo coronavírus. A constatação é de estudo divulgado em 29 de junho pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getulio Vargas (FGV).

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"O Brasil foi o único país que, na crise, teve superavit em termos de balança comercial, ou seja, nós exportamos muito mais, conseguimos dar vazão a uma safra de 252 milhões de toneladas"

CALMA AÍ 
 
Tarcísio Gomes de Freitas acertou duas afirmações na frase. De fato, o Brasil apresentou superavit de US$ 7,4 bilhões na balança comercial — diferença entre exportações e importações — e produziu a safra de recorde de 252 milhões de toneladas de grãos. 

No entanto, o país não foi o único a apresentar tal resultado na balança comercial durante a crise pandêmica. China Alemanha, apenas para citar dois, também apresentaram resultados positivos entre exportações e importações no período.

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"Em Foz do Iguaçu, a gente tem a obra em andamento da ponte de Foz, da segunda ponte internacional, que é uma ponte que vai se destinar a carga, uma obra muito bacana, que está a pleno vapor"

QUASE LÁ

As obras na segunda ponte de Foz do Iguaçu, no oeste do estado, começaram em 7 de agosto de 2019 e, 10 meses depois, está com 22% dos trabalhos concluídos. De fato, a construção segue em ritmo intenso, mas apenas do lado brasileiro, o que impede o Holofote de usar a etiqueta "Na mosca" neste caso. 

Reportagem da BandNews FM mostra que, "no Paraguai, questões aduaneiras atrasaram as obras, que ainda estão na fase de terraplanagem (sic) e construção do dique de contenção contra eventual cheia".

A estrutura é erguida nas proximidades do Marco das Três Fronteiras, ligando Foz do Iguaçu à cidade paraguaia de Presidente Franco. A Ponte da Integração Brasil-Paraguai terá 760 metros de comprimento e vão-livre de 470 metros, considerado o maior da América Latina.
 
Resposta da assessoria do Ministério da Infraestrutura: 
 
"O Ministério da Infraestrutura garante que o cronograma previsto de entrega está sendo rigorosamente cumprido, independentemente de serviços complementares que serão feitos pelo lado paraguaio."
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"21km de duplicação na BR-381, Minas. Isso é extremamente relevante, porque a 381 é a rodovia que mais mata no Brasil”

PISOU NA BOLA

De fato, a BR-381 é uma das mais perigosas do Brasil. Tanto que, pelo menos desde 2007, a rodovia aparece entre aquelas com mais registros de acidentes e mortes. Mas o ministro errou ao afirmar que a estrada é a que mais mata no país. 

Levantamento mais recente divulgado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que a BR-116 é a rodovia que mais matou no Brasil em 2019, com 670 óbitos. A segunda colocação é da BR-101, com 656 mortes. Segundo o Painel CNT de Acidentes Rodoviários — Principais dados — 2019, a BR-381 aparece em sétimo lugar, com 168 vítimas no ano passado.

Resposta da assessoria do Ministério da Infraestrutura:
 
"Para efeito de comparação, utilizamos os segmentos estaduais de rodovia. A BR-116, assim como a BR-101, são rodovias que cortam o Brasil inteiro de norte a sul, passando por mais de 10 estados. Quando o ministro se refere à BR-381/Minas, este é o trecho estadual de maior incidência de vítimas fatais."

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