postado em 20/04/2008 23:46
O Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE) paraguaio confirmou no final da noite de domingo (20/04) a vitória do ex-bispo católico Fernando Lugo nas eleições presidenciais. De acordo com o vice-presidente do tribunal, Juan Manuel Morales, Lugo obteve 40,83% dos votos, enquanto a candidata do Partido Colorado, Blanca Ovelar, alcançou 30,71% dos votos. O general da reserva Lino Oviedo ficou com 21,98% e o candidato Pedro Fadul conseguiu apenas 2,3% dos votos. Os resultados foram divulgados após 92% dos votos terem sido apurados.
A vitória de Lugo pôs fim a 61 anos de hegemonia do Partido Colorado, do atual presidente Nicanor Duarte. Dentro desse período houve a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). ;Que nunca mais haja política na base do clientelismo, que tanto dano nos faz;, disse Lugo a uma multidão no discurso no QG da campanha.
O presidente eleito entrou para a política em 29 de março de 2006, quando conseguiu reunir 40 mil pessoas, de todas as tendências, para protestar contra o governo de Nicanor Duarte. Ao comemorar o resultado, Lugo, 56 anos, frisou que essas eleições provaram que os pequenos também podem vencer no Paraguai: ;Este 20 de abril marca uma data histórica para nosso país. Há alguns meses ninguém pensava que um grupo de sonhadores políticos poderia se unir e colocar o país em primeiro lugar;.
Esquerda no Mercosul
Com a vitória de Lugo, todos os países do Mercosul passarão a ser governados por presidentes de esquerda: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, além das nações associadas Chile e Bolívia e da Venezuela, atualmente em processo de ingresso como membro pleno.
Lugo é Partidário da Teologia da Libertação, admirador de Leonardo Boff e de Dom Helder Câmara, simpatizante dos governos de Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e de Rafael Correa (Equador).
Durante a campanha, Lugo prometeu que sob seu governo o Paraguai evitará se posicionar em um dos pólos de esquerda regional, e que fará uma reforma agrária respeitando a Constituição.
Itaipu
O presidente eleito do Paraguai anunciou durante a campanha que pretende rever o Tratado de Itaipu. Pelo contrato, Brasil e Paraguai possuem cada um direito à metade da energia gerada pela usina. No entanto, o Paraguai utiliza apenas 5% de sua parte e vende o restante para o Brasil a preços inferiores aos de mercado.
Lugo, no entanto, afirma que o preço precisa ser renegociado para que o Paraguai aumente a sua receita e possa investir os recursos em seu desenvolvimento. Ele acredita que os 300 milhões de dólares pagos pelo Brasil anualmente ao Paraguai são irrisórios e na realidade deveria ser respeitado o preço de mercado, entre 1,5 a 2 bilhões de dólares.