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Menina roubada na ditadura argentina é identificada

Evelyn teve sua paternidade confirmada após exame de DNA, hoje ela tem 31 anos

postado em 23/04/2008 18:36
BUENOS AIRES - Evelyn, foi roubada ao nascer há 31 anos, durante o cativeiro de sua mãe. A confirmação da verdadeira identidade de Evelyn só veio agora com um teste de DNA. Ela é filha de de Susana Pegoraro, de origem italiana, e Rubén Bauer, neto de alemães, ambos desaparecidos na última ditadura argentina (1976-83). Trata-se de um caso emblemático, porque Evelyn, registrada ilegalmente como filha de Policarpio Vázquez, um suboficial da reserva da marinha, e sua mulher, havia se negado desde 2000 a realizar o teste de DNA, argumentando que não queria depor contra os que acreditava serem seus pais. Em 1999, Policarpio Vázquez havia admitido na Justiça que Evelyn não era sua filha biológica, apesar de tê-la registrado como tal. A menina foi entregue a ele quando trabalhava em 1978 no edifício Libertad (da marinha). Depois de uma série de idas e voltas judiciais, a identificação do DNA foi feita através de uma escova de dentes, roupa íntima e uma pinça de depilar, retirados de sua casa durante uma revista. Com a confirmação da identidade com 99,9% de acerto, Evelyn Vázquez passará a se chamar Evelyn Bauer Pegoraro. A hitória Susana Pegoraro e Rubén Bauer, nascidos na Argentina, eram militantes do grupo guerrilheiro Montoneros (peronismo de esquerda), e foram detidos em junho de 1977 estando desde então desaparecidos. Susana, que acabava de fazer 21 anos, foi capturada junto com o pai e estava grávida de cinco meses. Pelo desaparecimento dos Pegoraro, a Justiça italiana condenou à revelia à prisão perpétua os oficiais argentinos Alfredo Astiz o ;anjo louro da morte; e Jorge ;Tigre; Acosta, entre outros. Segundo depoimento de sobreviventes, Susana Pegoraro foi vista pela última vez no emblemático campo de detenção da Escola de Mecânica da Armada (ESMA), onde funcionou também uma maternidade clandestina. Dezenas de detidas grávidas deram à luz em cativeiro durante a ditadura. A organização humanitária Avós da Praça de Maio estima em 500 os bebês roubados e adotados ilegalmente pelos repressores ou seus cúmplices. Desde sua fundação em 1977, as Avós conseguiram recuperar 88 crianças roubadas.

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