postado em 23/04/2008 10:12
CINGAPURA - O mundo corre o risco de acabar com vários antibióticos e remédios se não evitar a rápida extinção de milhares de espécies de animais e plantas, advertem especialistas.
A perda de espécies animais e vegetais alcança níveis alarmantes. O pior é que com elas também desaparecem segredos para a descoberta de novos tratamentos contra dor, infecções e doenças, como o câncer.
"Temos que fazer algo com o que ocorre na biodiversidade", declarou Achim Steiner, diretor executivo do Programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Meio Ambiente (Unep) ao apresentar o livro Em apoio da vida.
Mais de 16 mil espécies estão ameaçadas de extinção, destacou Steiner ao apresentar o livro à margem de uma conferência sobre Negócios para o Meio Ambiente patrocinada pelas Nações Unidas. "A sociedade depende da natureza para o tratamento das enfermidades. Os sistemas de saúde ao longo da história humana se basearam em produtos animais e vegetais usados em tratamentos médicos".
A revolução tecnológica nos séculos XIX e XX tentou encontrar remédios médicos afastados da natureza e baseados sobretudo em componentes químicos. Atualmente, as empresas farmacêuticas levam cada vez mais em conta a natureza em detrimento dos compostos químicos, mas o mundo está perdendo estes componentes, mesmo antes de ter a oportunidade de entender seu funcionamento, segundo Steiner. "Esta é a tragédia de não entender a biodiversidade", ressaltou.
O livro cita, como exemplo, alguns viveiros de rãs descobertos nas florestas da Austrália nos anos 80, atualmente extintos. Os estudos demonstraram que estas rãs tinham substâncias que poderiam ter sido utilizadas para a prevenção e o tratamento de úlceras pépticas, doença que afeta 25 milhões de pessoas apenas nos Estados Unidos.