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Zimbábue fica sem carregamento de armas chinesas

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postado em 24/04/2008 12:59
HARARE - Uma forte pressão internacional obrigou, nesta quinta-feira (24/04), um barco carregado de armas chinesas com destino ao Zimbábue a dar meia-volta, no momento em que um emissário dos Estados Unidos inicia uma viagem regional. "Pelo que sei, a empresa chinesa decidiu trazer de volta o barco", afirmou o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Jiang Yu. Pequim tomou a decisão depois que os Estados Unidos pediram, na terça-feira, a Pequim que ordenasse o retorno da embarcação e desistisse de futuras vendas de armas ao Zimbábue. "Não acreditamos que, dada a presente crise política no Zimbábue, seja o momento de aumentar o número de armas fornecidas a esse país", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Tom Casey. O governo zimbabuano enfrenta fortes pressões internacionais por ainda não ter divulgado os resultados das eleições presidenciais de 29 de março, que teve como um dos candidatos o presidente Robert Mugabe, no poder desde 1980. As eleições legislativas do mesmo dia deram maioria no Parlamento ao partido opositor de Morgan Tsvangirai, o Movimento por uma Mudança Democrática (MDC). Atualmente uma nova recontagem é realizada em 23 das circunscrições eleitorais, o que poderá favorecer o partido de Mugabe, o ZANU-PF, para que retome o controle do Parlamento. O partido de Tsvangirai considera a recontagem uma tentativa de Mugabe, de 84 anos, de roubar sua vitória. O MDC também denunciou o crescente número de ataques contra seus militantes por parte dos membros do ZANU-PF. Uma organização médica zimbabuana afirmou que prestou atendimento a pelo menos 323 pessoas agredidas e torturadas desde as eleições. Em relação ao retorno do barco chinês, até o momento não houve reação do governo do Zimbábue, embora no início da semana Harare tenha ressaltado seu direito soberano a comprar armas de qualquer fonte legítima. O anúncio chinês foi feito pouco antes de uma reunião nesta quinta-feira entre a vice-secretária americana de Estado para Assuntos Africanos, Jendayi Frazer, com autoridades do governo sul-africano para discutir principalmente a crise no Zimbábue, de acordo com a embaixada dos Estados Unidos em Pretória.

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