Jornal Correio Braziliense

Mundo

Assessor do governo nega ter havido 300 mil mortes em Darfur

;

Cartum - Um auxiliar do presidente sudanês e ex-ministro das Relações Exteriores criticou, nesta quinta-feira (24/04), um relatório das Nações Unidas que calculou o número de mortos no conflito em Darfur em 300 mil. Para o funcionário, trata-se de informação infundada e com o objetivo de pressionar o governo local. O subsecretário da ONU para Assuntos Humanitários, John Holmes, entregou nesta semana um trabalho sobre Darfur ao Conselho de Segurança. Segundo Holmes, 300 mil pessoas devem ter morrido nos cinco anos de conflito. A estimativa anterior da ONU era de 200 mil mortos. Ele afirmou que o sofrimento na região do oeste do Sudão está piorando, não há perspectiva de um acordo político e a quantidade de comida entregue aos necessitados na área teve de ser reduzida à metade. "Esse é um relatório em que faltou profissionalismo e que não foi baseado em qualquer documentação", disse Mustafa Osman Ismail, assessor do presidente Omar al-Bashir, à agência oficial sudanesa. "Se eles continuarem aumentando esses números, um dia virão com um número (de mortos) maior que a própria população total de Darfur", criticou. O governo do Sudão várias vezes afirmou que o número total de mortos na região é menor que o apontado pela ONU e por outros levantamentos internacionais. "Segundo nossos cálculos, o número de mortos não passa de 10 mil", afirmou Ismail. "O número exagerado divulgado serve a fins políticos." Quando questionado por repórteres, na terça-feira, sobre o número de mortos, Holmes falou que "não é um dado totalmente baseado cientificamente", pois não havia estudos recentes sobre o número de mortos em Darfur. Mas o dado é "uma extrapolação razoável", afirmou. O antecessor de Holmes, Jan Egeland, estimou no mês passado o número de mortos na região sudanesa em 400 mil. O conflito começou em 2003, quando rebeldes étnicos africanos pegaram em armas contra o governo central, dominado pelos árabes. Os insurgentes diziam-se discriminados e negligenciados. Uma missão conjunta da ONU e da União Africana (UA) chegou em janeiro à região, substituindo uma força de 7 mil homens da UA. Porém, ao invés dos 26 mil soldados autorizados, os capacetes azuis enviados foram apenas 9 mil.